A crise energética está instalada na Europa. Com a guerra da Ucrânia, foram várias as sanções económicas impostas contra a Rússia e uma delas prende-se com a redução das relações comerciais ao nível energético. Mas um possível corte total da torneira do gás russo está a preocupar os Estados-membros da União Europeia (UE) mais dependentes. E para prevenir um choque energético no espaço europeu, a Comissão Europeia quer que os 27 reduzam em 15% os consumos de gás natural. Portugal não concorda com a medida e a vizinha Espanha também não.
A discussão está instalada de norte a sul da Europa. Com os vários países europeus expostos aos cortes de abastecimento de gás russo – como a Alemanha, Polónia, Letónia, Finlândia- , a Comissão Europeia propõe avançar com um mecanismo de solidariedade. Mas do que se trata esta proposta? Entre 1 de agosto e até 31 de março de 2023, os Estados-membros deverão reduzir em 15% os seus consumos de gás natural (face à média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), escreve o Público. E a ideia passa por aumentar o nível de armazenamento europeu e a criar poupança de segurança para situações de emergência.
"É importante que contribuam para a poupança, para o armazenamento e que estejam prontos para partilhar gás com os vizinhos, caso seja necessário", disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
Portugal já reagiu à proposta da Comissão Europeia e disse não. O secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, “não aceita” a proposta e assume que esta está “completamente desadequada para países que não estão interligados”, como é o caso de Portugal, cita o mesmo jornal. Ao não beneficiar de tais interligações, Portugal teve sempre de comprar o gás mais caro, lembra.
De notar que, devido à seca, Portugal “aumentou brutalmente” o consumo de gás, recorda Galamba. Em concreto, nos primeiros cinco meses de 2022, o consumo de gás no país luso aumentou cerca de 67% face a 2021. E é usado para a produção de eletricidade e para a indústria. Esta redução significaria para Portugal que as empresas teriam de cortar a produção ou então o país poria em causa o abastecimento elétrico.
No lado de Espanha, a ministra da Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera, recusa "assumir um sacrifício". "Ao contrário de outros países, nós, espanhóis, não vivemos acima das nossas possibilidades do ponto de vista energético", referiu citada pelo Expresso.
O tema vai continuar a dominar a semana e volta à mesa das discussões na próxima terça-feira, dia 26 de julho, dia em que vai decorrer o conselho extraordinário de energia, no qual se previa que seria dada a primeira luz verde à proposta da Comissão Europeia sobre o corte de 15% de gás nos 27 Estados-membros.
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