Aquisição maior propriedade privada vedada de Portugal faz parte da nova estratégia de investimentos de Ricardo Machado.
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Herdades em Portugal
Herdade do Vale Feitoso, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco. wikimedia_commons

Herdade do Vale Feitoso, que pertencia ao universo do Grupo Espírito Santo (GES) e foi vendida no ano passado à sociedade espanhola Vestein Spain por 20,7 milhões de euros - depois de várias ofertas chumbadas pelo Ministério Público - acaba de voltar a mudar de mãos. O novo dono da maior propriedade privada vedada de Portugal é agora o empresário português Ricardo Machado, que terá pago cerca de 25 milhões de euros, pela herdade localizada no concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco.

No total são 7.300 hectares e, destes, 1.200 estão reservados a caça turística. É considerada uma das maiores propriedades privadas na Península Ibérica e foi o local onde a família Salgado realizou festas e grandes caçadas no período reservado à designada caça grossa, que envolve veados, gamos e javalis.

Foi em 2004 que a família Salgado comprou este ativo, através de uma sociedade inserida no universo GES - a Companhia Agrícola de Penha Garcia. Com o colapso do GES, o Novo Banco hipotecou a herdade e, em 2017, a sociedade que a detinha foi declarada insolvente.

Entre 2018 e 2021, a massa insolvente promoveu vários leilões para vender a herdade mesmo por valores em baixa – cerca de 36,4 milhões num primeiro momento. Este valor foi baixando de ano para ano, de leilão para leilão, até ter sido comprada pela Vestein Spain, sociedade da gestora espanhola de investimentos imobiliário Tenigla.

Até então, este património estava quase ao abandono, sendo apenas gerido por alguns funcionários que faziam a manutenção do espaço.

Transformar Vale Feitoso numa herdade autossustentável

O novo proprietário, Ricardo Machado, assegura que vai "manter todo o plano de investimento de 50 milhões de euros" que o grupo espanhol tinha anunciado para o Vale Feitoso. Citado pelo Negócios, compromete-se a torná-la "numa herdade autossustentável, o que envolve a conjugação de apostas na exploração florestal e pecuária, no turismo e caça".

O desenvolvimento da produção animal e a produção de produtos biológicos faziam parte da estratégia dos anteriores proprietários, tal como contava no início deste ano o então administrador, Ricardo Estrela, ao Dinheiro Vivo.

O desenvolvimento do negócio contemplava também a área do turismo. O objetivo passava por adaptar algum património edificado para alojamento turístico, sendo que a propriedade, além do núcleo de edifícios - num dos quais estava a administração -, existem cerca de 600 outros edifícios espalhados pelos montes que pertenciam aos antigos rendeiros.

"São edificados em bom estado de conservação e que, com o desenvolvimento do projeto, vamos recuperar", dizia Ricardo Estrela, defendendo que o Vale Feitoso iria trazer mais-valias para a região.

Redirecionar o investimento de África para Portugal e comprar mais propriedades

Esta aquisição faz parte da nova estratégia de investimentos do empresário português, que se notabilizou em projetos empresariais em vários países africanos. Revelando que pretende apostar "na aquisição de mais propriedades florestais" no nosso país, Machado disse ainda ao jornal que o seu objetivo é "dar sequência a um plano de reorientação da exposição geográfica da sua carteira de investimentos, reduzindo presença no continente africano e aumentando a aposta na Europa e, em particular, em Portugal".

No contexto desta estratégia de reorientação territorial, o empreendedor concretiza que alienou:

  • participações no banco multilateral Afreximbank
  • participações no banco comercial do Gana
  • ativos imobiliários, alguns ligados ao retalho neste mesmo país africano.
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