
Resiliência tem sido palavra de ordem no mercado imobiliário em Portugal, nomeadamente no que diz respeito ao volume de investimento no setor comercial. Os dados relativos ao primeiro trimestre não são, no entanto, animadores: foram investidos “apenas” 230 milhões de euros entre janeiro e março, menos 39% que no período homólogo, segundo a CBRE.
De acordo com a consultora, que diz ter participado em operações que representaram mais de 80% do volume total de investimento, a quebra acontece porque há “uma maior precaução por parte do mercado, dado o atual contexto de inflação, subida de taxas de juro e instabilidade económica e geopolítica”.
“Verifica-se uma atitude mais cautelosa por parte dos investidores que esperam uma estabilização e até possível ajuste dos preços. Ainda assim, o primeiro trimestre de 2023 ficou apenas a 14% do volume de investimento do período homólogo de 2019, o que demonstra que o imobiliário comercial em Portugal continua a ser um mercado muito atrativo para investidores nacionais e internacionais”, adianta a CBRE em comunicado.
Os segmentos mais atrativos foram:
- Retalho, com 67% do investimento (153 milhões de euros);
- Escritórios, com 16% do investimento (38 milhões de euros);
- Logística, com 14% do investimento (33 milhões de euros);
- Healthcare, com 3% do investimento (6 milhões de euros).
Investidores estrangeiros lideram
Por regiões, mais de metade das transações (cerca de 56%) foram realizadas na zona de Lisboa. De referir, ainda, que 83% da origem do investimento em imobiliário comercial foi estrangeiro, com especial destaque para os EUA.
"É notório que em alguns casos existe um desfasamento entre a expetativa do vendedor e os preços que os compradores estão dispostos a pagar"
Nuno Nunes, Head of Capital Markets da CBRE Portugal
Citado na nota, Nuno Nunes, Head of Capital Markets da CBRE Portugal, adianta que “o mercado imobiliário português tem fundamentos que permanecem fortes e que fazem com que” o país continue a ter capacidade para “continuar a atrair investimento estrangeiro”.
“Na generalidade, os setores mostram-se dinâmicos e em concreto na logística sabemos que existe uma procura latente por produto, apenas bloqueada pela falta de stock. O setor hoteleiro também está a beneficiar de uma dinâmica ocupacional muito forte que está a motivar muitos investidores a avançarem com operações de aquisição. Continuamos a sentir um interesse sólido nas operações que temos em curso. No entanto, é notório que em alguns casos existe um desfasamento entre a expetativa do vendedor e os preços que os compradores estão dispostos a pagar. Embora exista alguma incerteza, mantemo-nos otimistas e acreditamos que este ajuste aconteça com naturalidade e que se continuem a fazer transações interessantes para ambas as partes”, acrescenta.
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