
A construção tem vindo a ser colocada à prova nos últimos anos. A falta de mão de obra é um problema estrutural no setor, fazendo subir custos e atrasar projetos. E como se não bastasse, os preços dos materiais e das matérias-primas começaram a subir, bem como os problemas no abastecimento na cadeia logística, durante a pandemia e aceleraram desde que eclodiu a guerra da Ucrânia. Depois de demonstrar forte resiliência, os resultados deste panorama para o setor não são agora tão animadores: de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta terça-feira, dia 13 de setembro de 2022, o número de edifícios licenciados diminuiu 7,9% no segundo trimestre do ano face ao mesmo período de 2021. E o número de edifícios concluídos recuou 4,9% entre esses dois momentos.
Contas feitas, entre abril e junho de 2022, a área total licenciada em Portugal diminuiu 5,4% em termos homólogos. E a área total construída caiu 10,9% face a igual período de 2021, aponta o instituto.
Obras licenciadas em Portugal: qual a evolução?
Entre abril e junho de 2022, foram licenciados 6,2 mil edifícios em Portugal, menos 7,9% face ao segundo trimestre de 2021. Já em comparação com os primeiros três meses do ano, foram licenciados mais 1,6% de obras. E comparando com o período pré-pandemia, “este valor representa um acréscimo de 2,9% face aos edifícios licenciados no segundo trimestre de 2019”, destaca o gabinete de estatística português no boletim divulgado esta terça-feira.
Olhando para as regiões do país, salta à vista que na sua maioria foram observadas variações homólogas negativas no número total de edifícios licenciados, destacando-se a Região Autónoma dos Açores com -18,2%. Só a Região Autónoma da Madeira e o Alentejo apresentaram variações positivas no número de obras licenciadas, de +39,8% e +4,8%, respetivamente.
E para que finalidades foram licenciados os edifícios no segundo trimestre de 2022? Segundo o INE, assim que dividem as obras licenciadas:
- Construções novas (75,5%): nesta fatia, 80,7% das obras tiveram como finalidade a habitação familiar;
- Reabilitação: corresponde 18,8% das obras licenciadas;
- Demolição: foram licenciados 354 edifícios para demolição correspondendo a 5,7% do total de edifícios licenciados.
“A região Norte continua a destacar-se com o maior contributo em todos os indicadores, sendo responsável por 38,6% dos edifícios licenciados, 37,2% dos edifícios licenciados para reabilitação e 46,1% dos fogos licenciados em construções novas para habitação familiar”, destaca o INE
Quanto às construções de casas novas para habitação familiar, foram licenciados 7,7 mil fogos, o que representa uma subida de 0,9% face ao segundo trimestre de 2021 e de 10,1% face aos primeiros três meses de 2022. “Em comparação com o segundo trimestre de 2019, os fogos em construções novas aumentaram 26,2%”, explica o instituto. A nível regional, foi o Algarve, a Região Autónoma da Madeira e o Norte que registaram as variações homólogas positivas mais elevadas (+38,9%, +34,1% e +18,2%, pela mesma ordem). Já as quedas “mais significativas” ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa (-34,4%) e na Região Autónoma dos Açores (-27,4%).

Obras concluídas caíram quase 5%
De abril a junho, estima-se que tenham sido concluídos 3,6 mil edifícios em Portugal (construções novas, ampliações, alterações e reconstruções), menos 4,9% do que no mesmo período de 2021 e menos 0,5% face ao primeiro trimestre de 2022. Por outro lado, representa um acréscimo de 7,0% em relação às obras concluídas no segundo trimestre de 2019, antes da pandemia.
A Área Metropolitana de Lisboa foi a “única região” a registar crescimento no número de edifícios concluídos face ao segundo trimestre de 2021 (+1,8%). Em todas as restantes regiões observaram-se decréscimos, sendo “mais significativos” no Algarve (-17,3%), na Região Autónoma dos Açores (-15,7%) e na Região Autónoma da Madeira (-13,3%).
“Na sua maior parte, os edifícios concluídos corresponderam a construções novas (82,5%), das quais 77,4% tiveram como destino a habitação familiar”, refere o INE.
No que diz respeito a construções novas para habitação familiar, foram concluídas 4,8 mil obras entre abril e junho deste ano, que corresponde a um acréscimo de 4,9% face ao segundo trimestre de 2021 (-6,6% no primeiro trimestre de 2022). A maioria das regiões do país apresentaram uma evolução positiva, com destaque para a Região Autónoma da Madeira (+123,9%), onde foi concluído um empreendimento no município de Santa Cruz que coloca no mercado 88 casas. Por outro lado, no Alentejo e na Área Metropolitana de Lisboa houve menos obras concluídas face ao mesmo período do ano passado: -27,3% e -10,9%, respetivamente.
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