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Prazo para credores da Soares da Costa reclamarem dívidas termina hoje
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A construtora Soares da Costa, que entregou no início de agosto um Processo Especial de Revitalização (PER) no Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia, tem uma listagem de créditos que supera os 700 milhões de euros. Hoje (dia 30) termina o prazo dado aos credores – CGD e BCP são os maiores – para reclamarem os seus créditos, um passo que deve ser dado por todos, mesmo que já tenham sido listados pelas empresas ou reconhecidos por sentença judicial.

A reclamação a fazer pelos credores é sobretudo importante para os trabalhadores que têm salários em atraso, já que a lei impede perdões de dívida a este nível, escreve o Público, salientando o número de trabalhadores que têm acorrido às instalações do Sindicato da Construção tem, segundo o presidente da estrutura sindical, obrigado “a trabalhar fora de horas, mesmo ao fim de semana”.

Segundo Albano Ribeiro, só até sexta-feira (dia 26) passaram mais de 200 trabalhadores pelo sindicato a pedir ajuda com o cálculo dos pagamentos em atraso e com o processo de reclamação de créditos. “Do nosso universo da construção estão em causa 400 trabalhadores. São processos complexos, de salários em atraso desde fevereiro, de trabalhadores que estavam em inatividade desde fevereiro, são salários em atraso e pagamentos às pinguinhas de trabalhadores em atividade, são pagamentos das prestações negociadas nas rescisões amigáveis que não têm sido pagas. Há muita coisa para contabilizar. Só podemos dizer que são dezenas de milhares de euros”, revelou, citado pela publicação.

Já Francisco Espregueira Mendes, sócio da Telles, uma empresa de advogados que também está a representar um grupo de trabalhadores, adiantou que são quase 2.000 os credores e que há vários milhões de euros de créditos emergentes de salários em atraso e de compensações resultantes de acordos de revogação de contratos de trabalho que não foram cumpridos.

Maiores credores são a CGD e o BCP

No que diz respeito aos credores, entre dívidas a bancos nacionais e angolanos, contraídas entre empréstimos e garantias, o montante chega aos 550 milhões de euros. O maior credor é a CGD, com créditos a atingir os 160 milhões de euros. Seguem-se BCP (cerca de 100 milhões), BPP (22 milhões), Bankinter (20 milhões) e Banco Económico (19 milhões). A fatia das dívidas aos fornecedores é de 140 milhões de euros e o Estado, com pagamentos em atraso ao Fisco e à Segurança Social, é credor de outros 6,3 milhões de euros.

Para sobreviver, boa parte da dívida da empresa terá de ser perdoada, uma situação que a administração acredita que poderá acontecer, já que o PER foi entregue “em profunda articulação com os principais credores”, disse Joaquim Fitas, presidente executivo da Soares da Costa.

Lucros na Mota-Engil e prejuízos na Teixeira Duarte

Entretanto já é conhecida a performance conseguida por outras duas construtoras portuguesas nos primeiros seis meses do ano. O grupo Mota-Engil teve um resultado líquido de 72.559 milhões de euros, mais 477% que no período homólogo de 2015, enquanto a Teixeira Duarte registou um resultado líquido negativo de 35,8 milhões de euros, que compara com o lucro de 24,2 milhões de euros em igual período do ano passado.

Segundo a Lusa, nas contas não auditadas, comunicadas à CMVM, a Mota-Engil refere que “as rubricas de MEP (método de equivalência patrimonial) e Ganhos em alienações contribuíram positivamente para o resultado líquido do semestre com 78 milhões de euros (8,5 milhões de euros no primeiro semestre de 2015), fruto do ganho de 77 milhões de euros gerado nas alienações do Negócio Portuário e de Logística e da INDAQUA”.

A empresa explicou em comunicado que o resultado líquido no semestre de quase 73 milhões de euros foi de facto “influenciado positivamente pelos ganhos gerados na alienação do Negócio Portuário e de Logística e da INDAQUA”.

Já a Teixeira Duarte, que passou de lucro a prejuízo de 36 milhões de euros, considera que os resultados apurados entre janeiro e junho “traduzem uma diminuição significativa em relação a igual período de 2015, não obstante o melhor desempenho operacional das empresas do grupo face ao primeiro semestre do ano anterior”, durante o qual a empresa obteve um resultado líquido positivo.

“Com efeito, para estes resultados contribuíram fortemente dois fatores que se entende referir: a variação das diferenças de câmbio, as quais em junho de 2016 foram negativas no valor de 23.723 milhares de euros, enquanto que no período homólogo de 2015 haviam sido positivas em 19.136 milhares de euros e ainda pelo impacto negativo, líquido de impostos diferidos, no montante de 14.810 milhares de euros, da perda por imparidade na participação no ‘Banco Comercial Português’ registada nos primeiros seis meses de 2016”, realçou a Teixeira Duarte. 

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