Seria de esperar uma descida das rendas, mas continuam a aumentar, segundo o INE. Há vários motivos que explicam esta tendência.
Comentários: 0
Rendas das casas sobem
Creative commons

Num contexto da pandemia da Covid-19, seria de esperar que o valor da renda das casas em Portugal diminuísse. Ora porque as restrições poderiam condicionar a mudança de casa, ora porque a oferta aumentou dada a transferência de alojamento local para o mercado de arrendamento. Mas as rendas medianas dos novos contratos estão a crescer, nomeadamente 5,5% nos primeiros três meses de 2021 face ao período homólogo.

Isto quer dizer que depois de um travão assinalado no segundo trimestre de 2020 – que coincide com o primeiro confinamento – as rendas medianas voltaram a subir em Portugal, fixando-se no primeiro trimestre de 2021 nos 5,8 euros por metro quadrado, segundo revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados no final de junho de 2021. Mas que razões estão por detrás desde crescimento em tempos de crise pandémica?

Um dos pontos que vem influenciar o mercado tem que ver precisamente com o aumento dos preços das casas, que depois passam para as rendas. Ou seja, se os proprietários compram uma casa mais cara, depois terão de aumentar o valor das rendas para conseguir rentabilizá-la.

Esta relação direta entre os mercados, leva-nos a olhar para o mercado de compra e venda de casas em Portugal. Os especialistas ouvidos pelo Expresso apontam, desde logo, três fatores para justificar a dinâmica deste mercado e a tendência de subida de preços: primeiro, as taxas de juros do crédito à habitação baixos estimulam a procura para comprar casa; segundo, há uma elevada liquidez no mercado, quer de investimento quer dos particulares; terceiro, o mercado imobiliário apresenta resiliência face a outros mercados como é o caso o de capitais. Todos estes fatores tornam o mercado imobiliário atrativo ao investimento e influenciam o aumento de preços quer de compra e, consequentemente, os valores das rendas.

Rendas das casas sobem
Imagen de chien than en Pixabay

Oferta não acompanha procura

Há ainda outros fatores relacionados com a procura e oferta que também ditam as regras no mercado de arrendamento de casas. Não há dúvidas entre especialistas: a falta de oferta para tamanha procura vai pressionar os preços do arrendamento e fazê-los crescer. E, nesta matéria, a balança do mercado de arrendamento português está desequilibrada o que justifica a evolução ascendentes do valor das rendas.

Embora a oferta tenha conhecido novas casas vindas do alojamento local para o mercado de arrendamento de longa duração, esta ainda continua a estar aquém das necessidades. E há vários motivos que o justificam: as condicionantes de ordem legal e fiscal; restrições derivadas da pandemia, atrasos na construção e aumento de preços no setor, explica Pedro Brinca, professor da Nova SBE, ao mesmo meio.

Do lado da procura, também foram registadas mudanças ainda que não substanciais: aumentou nas regiões de baixa densidade, uma tendência derivada da pandemia. Em resultado, os preços das rendas desceram em grandes cidades como Lisboa e Porto.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta

Publicidade