Alto endividamento das famílias na Europa tem preocupado Bruxelas. Mas baixa oferta de casas deverá mitigar correções de preços.
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Preço das casas a sobrevalorizar
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Os preços das casas parecem estar sobrevalorizados na maioria dos países da União Europeia (UE). E esta realidade pode agravar-se ainda mais: a Comissão Europeia (CE) alerta que existem “sinais de uma potencial sobreavaliação dos preços da habitação nos vários estados-membros, combinado com o elevado endividamento das famílias”. Um deles é mesmo Portugal, onde os preços das casas não pararam de subir nem mesmo durante a pandemia da Covid-19.

A análise de Bruxelas sobre os preços das casas na UE “mostra evidências generalizadas de sobrevalorização”, lê-se no relatório semestral publicado esta quarta-feira, dia 24 de novembro de 2021. Um dos casos mais preocupantes é o de Portugal, assim como o da Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França e Alemanha. Em território nacional uma família precisa de mais de 10 anos de rendimento médio disponível para pagar uma casa de 100 metros quadrados. E esta é uma realidade vivida também em outros dez países da UE, como é o caso de Espanha, Áustria, França e Grécia.

Quanto tempo demoro a pagar uma casa
Comissão Europeia

A verdade é que os preços das casas em Portugal e na UE não pararam de crescer durante a pandemia. Em 2020, dez estados-membros registaram aumentos reais dos preços da habitação acima dos 6% - e um deles é o nosso país. Também em 2021, os preços das casas continuaram a “crescer fortemente” na maioria dos países. Em Portugal, a evolução dos preços das casas abrandou para 5,2% no primeiro trimestre de 2021. E depois voltou a acelerar para 6,6% no segundo trimestre do ano, mostram os dados. 

Como comprar uma casa em Portugal
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Correção dos preços das casas – sim ou não?

Os preços das casas estão a crescer ao ritmo mais rápido da última década e representam um “risco”, especialmente quando combinados com o “alto endividamento das famílias”, admite a entidade presidida por Ursula von der Leyen. Casas mais caras pode significar créditos habitação mais avultados e até prestações mensais mais elevadas.

Com a inflação a subir na europa, os “ajustes incertos” do mercado de trabalho e um eventual aumento da taxa de juro, a capacidade das famílias para pagar as suas obrigações do empréstimo da casa podem estar mesmo comprometidas, já que estes fatores poderão exercer “pressões adicionais” sobre o orçamento familiar.

Subida dos preços das casas na europa
Comissão Europeia

Mas ao contrário do aumento do endividamento, a recuperação económica não deverá levar a uma correção nos preços das casas, refere a Comissão Europeia, embora admita a escassez na oferta de casas possa ser atenuada no curto prazo.

Na verdade, os “riscos de ajustes em baixa dos preços das casas são mitigados pelas restrições na oferta”, assume Bruxelas. A oferta de casas “menos dinâmica” contribuiu para que os preços escalassem, enquanto a construção “mais baixa” também reduz o impacto económico direito da correção dos preços das casas. 

Sobre o ajuste de preços das casas, o Banco de Portugal (BdP) fez saber que o país está protegido, tal como noticiou o idealista/news. Isto porque uma eventual redução dos preços das habitações por aumento da oferta, por exemplo, "tenderá a ser mitigada pela redução nos últimos anos do rácio de endividamento das famílias, para todos os níveis de rendimento e pela melhoria do perfil de risco dos mutuários", referiu o BdP.

Preço das casas em Portugal
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Mas nem por isso as preocupações económicas desaparecem. “As medidas macroprudenciais foram postas em prática em muitos estados-membros e contribuíram para reduzir os riscos para a estabilidade financeira geral relacionados com mercado imobiliário”, refere a CE no. Também em Portugal, o regulador colocou em pratica a recomendação macroprudencial relativa a novos créditos ao consumo e à habitação", melhorando o perfil de risco das famílias.

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