
O acesso à habitação é uma das grandes questões dos nossos dias. E construir casas sustentáveis com reduzidas emissões de carbono é um desafio imposto desde a União Europeia, que muito vai impactar a construção e imobiliário em Portugal. Para dar respostas a estas duas questões, há agora uma solução à vista. As casas de impressão 3D chegaram a Portugal pela mão da Havelar, que quer colocá-las no mercado com preços desde 150 mil euros.
A construção de casas em 3D é uma realidade lá fora. E agora chegou a Portugal. Uma das responsáveis pela impressão de casas 3D no nosso país é a Havelar, que fez um acordo com empresa mundial da tecnologia 3D, a Cobod. “A nossa visão passa por criar uma solução para a crise da habitação, com tecnologia que vai mudar a forma de fazer casas no futuro com altos níveis de automação, com sustentabilidade e com design”, disse Patrick Eichiner, CEO e cofundador da Havelar, em declarações aos jornalistas presentes nas instalações da empresa em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde) esta terça-feira, dia 19 de março.
Aquela que é a primeira casa 3D concluída em Portugal trata-se de um T2 com 90 metros quadrados, que conta com paredes de betão que demoraram apenas 18 horas a serem impressas. Depois, a montagem da casa - que inclui a cobertura, portas, janelas, cozinha e casa de banho - demorou cerca de duas semanas. Assim, Rodrigo Vilas-Boas, cofundador da Havelar e arquiteto do grupo OODA, admite que “conseguimos entregar as casas em muito pouco tempo” – apresentando uma construção 70% mais rápida face às habitações tradicionais. Uma casa 3D com as características deste andar modelo custa 150 mil euros “chave na mão”.

Casas 3D vão chegar ao mercado em breve: como?
Depois de terem impresso a primeira casa 3D e de já estarem a desenvolver a segunda nas suas instalações na região Norte do país, Rodrigo Vilas-Boas não tem dúvidas que estão "prontos para entrar no mercado (…) a casa protótipo pode ser construída amanhã noutro lugar”, garantindo eficiência energética, bem como segurança sísmica e a intempéries.
Em mão já têm vários projetos de arquitetura desenhados por arquitetos de renome, como é o caso do português Álvaro Siza Vieira e do japonês Kengo Kuma, que abraçaram este projeto com vontade de dar “designs exclusivos, mas acessíveis”, explicam os responsáveis na visita.
A ideia da Havelar passa por estabelecer parcerias com promotores imobiliários, municípios e proprietários de grandes terrenos para iniciar a construção em escala destas casas 3D. “O objetivo é atuar no mercado da habitação acessível e, para isso, a escala é fundamental. Portanto, há aqui um rácio de casas que queremos construir versus os preços a que conseguimos vender as casas. 20 será o mínimo de casas para começar a construir”, concretiza Rodrigo Vilas-Boas, que admite que os preços das casas 3D podem variar entre 150 mil e 250 mil euros, valor ao qual se soma o preço do terreno.

Até agora, a Havelar avançou com um investimento em Portugal de 5 milhões de euros, o qual inclui a aquisição da impressora que tem capacidade para construir 50 habitações 3D por ano (embora dependa do tamanho da casa, design, acabamentos, entre outros). A aquisição de outra impressora 3D está em vista assim que tiverem em mãos um projeto com mais de 50 casas no país.
“Temos várias manifestações de interesse e várias oportunidades em Portugal, especificamente com terrenos com capacidade de construção na ordem das 50-60 casas – que é o mercado que nos interessa”, explica o arquiteto do grupo OODA e cofundador da Havelar, revelando que “também temos algumas entidades públicas, alguns municípios interessados na tecnologia”.
Para já, não há parceiras fechadas, mas os responsáveis pela Havelar acreditam que será possível construir, pelo menos, entre 30-40 casas 3D em Portugal (e prontas habitar) até ao final de 2024.

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