Porto é a cidade europeia mais atrativa para investidores estrangeiros em 2025. Gestor da UIP RE revela o impacto deste prémio.
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Investimento imobiliário no Porto
Daniel Correia, General Manager da United Investments Portugal Grupo UIP | Freepik

O futuro é dinâmico e exige que as cidades ajustem as suas estratégias de atração de investimento consoante as mudanças geopolíticas, tecnológicas e corporativas. Mas há cidades que se adaptam melhores que outras. O Porto foi considerado pelo Financial Times a cidade europeia do futuro na atração de investimento direto estrangeiro em 2025. Este prémio vai ser entregue esta terça-feira, dia 11 de março, em Cannes (França) no MIPIM e “tem um impacto muito positivo na comercialização de imóveis habitacionais, mas também de outro tipo de imóveis” na cidade Invicta, considera Daniel Correia, General Manager da United Investments Portugal (UIP) Real Estate, em entrevista ao idealista/news.

“Esta distinção vem reforçar a imagem do Porto como um dos principais destinos europeus e mundiais e vem, também, captar novos investidores estrangeiros”, numa altura em que a inflação na área euro está relativamente estável e os baixos juros trazem mais confiança num clima de incerteza global, acredita o gestor da UIP Real Estate, que tem projetos imobiliários nesta zona do país, como é o caso da Quinta Marques Gomes. E terá um “impacto muito positivo” no imobiliário da cidade Invicta, sendo que “o segmento habitacional de padrão alto e de luxo é o mais procurado pelos investidores internacionais”, refere.

Hoje, sente-se um crescimento do interesse de investidores brasileiros e norte-americanos pela cidade do Porto, bem como oriundos do Médio Oriente, apesar de haver menos incentivos fiscais ao investimento imobiliário com o fim dos vistos gold e do antigo regime de residentes não habituais. Mas, ainda assim, os “investidores nacionais (…) continuam a ser a espinha dorsal do desenvolvimento da região”, admite Daniel Correia.

Esta terça-feira, dia 11 de março, a cidade do Porto vai estar, assim, em destaque no palco europeu, na cerimónia de entrega dos prémios “fDi European Cities and Regions of the Future”, que se vai realizar em Cannes (França) durante o MIPIM, uma das maiores feiras de investimento imobiliário da Europa. E nesta entrevista, Daniel Correia, General Manager da UIP Real Estate, explica os motivos que tornam o Porto tão atrativo para os investidores internacionais e quais são os desafios que tem pela frente, nomeadamente no imobiliário e na habitação.

Porto atrai investimento
Créditos: Gonçalo Lopes | idealista/news

A cidade do Porto voltou a estar presente no ranking do Financial Times como a melhor cidade europeia do futuro na atração de investimento direto estrangeiro. Quais são as características do Porto que o tornam tão interessante para os investidores?

O Porto é uma cidade com uma atmosfera familiar, uma localização geográfica privilegiada e com muito potencial em termos de indústria e tecnologia. Todas estas características fazem da região um destino com grande notoriedade junto dos investidores internacionais. Simultaneamente, é uma cidade com um património histórico e arquitetónico únicos, que conseguiu modernizar-se sem perder a sua história e a sua identidade. 

"A atual conjuntura permite que os investidores internacionais façam os seus investimentos com mais confiança"

Que impacto é que esta distinção do Financial Times pode ter no mercado imobiliário da Invicta (em especial na habitação)?

Esta distinção vem reforçar a imagem do Porto como um dos principais destinos europeus e mundiais e vem, também, captar novos investidores estrangeiros. No mercado imobiliário tem um impacto muito positivo na comercialização de imóveis habitacionais, mas também de outro tipo de imóveis.  

O atual contexto económico, marcado pela redução dos juros e inflação estável, pode impulsionar ainda mais os investimentos imobiliários no Porto e em Portugal? Porquê?

A atual conjuntura permite que os investidores internacionais façam os seus investimentos com mais confiança. Desta forma, prevejo um crescimento continuo no número de investidores internacionais, tanto no Porto como no resto do país, o que terá um impacto muito positivo na modernização das cidades, na construção de novas infraestruturas e no desenvolvimento da indústria e do comércio. No entanto, não nos podemos esquecer da construção e da reabilitação, dois fatores que serão decisivos se queremos manter esta trajetória de desenvolvimento e crescimento do país nos próximos anos. 

Investidores estrangeiros
Unsplash

Por outro lado, o fim dos vistos gold para investimento imobiliário e o novo regime para residentes não habituais podem ter impacto negativo?

Os programas de ARI [Autorização de Residência para Atividade de Investimento] e NHR [Residentes Não Habituais] foram importantes no passado, porque funcionaram como um catalisador para o investimento em Portugal. Nesta fase, mesmo sem eles, os investidores estrangeiros continuam a escolher Portugal pelo potencial de desenvolvimento do nosso país, pela segurança, qualidade de vida, localização e pela facilidade de ligação aos principais destinos do mundo. 

"O segmento habitacional de padrão alto e de luxo é o mais procurados pelos investidores internacionais"

Quem são os investidores estrangeiros que procuram o imobiliário do Porto (tipo, nacionalidades)?

O mercado brasileiro e os Estados Unidos da América estão em franco crescimento e com muito dinamismo. Também os mercados mais tradicionais - como os investidores europeus - continuam a escolher a região para investir.  Nos últimos anos, tem-se verificado um crescimento no número de investidores do Médio Oriente. Toda esta diversidade consolida a região como um pólo de atração global.

Quais são os projetos mais atrativos para estes investidores em termos de tipo de construção (construção nova, reabilitação, reconversão) e segmento (habitação, imóveis de luxo, comerciais…)? Há alguma zona do Porto em destaque?

A região do Porto, pela sua história e pela sua diversidade, atrai investidores para os diferentes segmentos, como imóveis reabilitados e reconvertidos com as mais modernas técnicas e materiais de construção ou imóveis de construção nova junto à cidade. O segmento habitacional de padrão alto e de luxo é o mais procurados pelos investidores internacionais. Existe, no entanto, uma diversidade de investidores internacionais que procuram a pequena ruína, a indústria e o comércio.

Construir casas no Porto
Quinta Marques Gomes, Vila Nova de Gaia Grupo UIP

Como é que o mercado imobiliário do Porto e a sua autarquia estão a responder à crescente procura por investidores estrangeiros? E como avalia a procura por investidores nacionais?

O mercado imobiliário procura ajustar-se e responder às necessidades dos investidores internacionais. A nível autárquico, a burocracia atrasa sempre o investimento. No entanto, o Porto tem investido na melhoria das infraestruturas da cidade, o que se traduz em mais qualidade de vida para todos.

Os investidores nacionais, segundo a minha experiência, continuam a ser a espinha dorsal do desenvolvimento da região, quer no mercado habitacional, quer no comércio, serviços e indústria. Os investidores nacionais são os nossos principais investidores. 

"A lei do arrendamento precisa de ser revista para passar a haver um maior equilíbrio entre senhorios e inquilinos"

O que é preciso fazer para encontrar soluções para a procura nacional de casas para comprar e arrendar no Porto (nomeadamente destinadas à classe média)?

Na minha opinião a solução para a habitação em Portugal passa por um conjunto de medidas. A principal será dinamizar o património imobiliário do Estado, colocando no mercado de arrendamento imóveis com rendas ajustadas aos rendimentos das famílias. Por outro lado, seria importante promover a construção e venda de imóveis a preços acessíveis. No entanto, este tipo de solução só é possível através de programas e iniciativas que têm de partir das autoridades públicas. 

A lei do arrendamento também precisa de ser revista para passar a haver um maior equilíbrio entre senhorios e inquilinos. Para colocarem os seus imóveis no mercado de arrendamento, os senhorios precisam de ter confiança. A atual lei do arrendamento beneficia os infratores. Quando um inquilino não paga as rendas, o senhorio só consegue recuperar o seu imóvel (muitas vezes em condições lastimáveis) após um longo processo judicial. Por outro lado, com as altas taxas de IRS não há incentivo ao arrendamento. É facto que também temos o reverso da medalha. Existem muitos senhorios com imóveis em péssimas condições, que deviam ser penalizados. Uma alteração na lei do arrendamento permitiria trazer mais imóveis ao mercado de arrendamento, ora havendo mais oferta o valor das rendas tornar-se-à mais acessível.

Reabilitação e construção no Porto
Créditos: Gonçalo Lopes | idealista/news

Além da Quinta Marques Gomes, em Vila Nova de Gaia, a UIP tem novos projetos na mira para a zona do Porto? Algum em parceria com investidores internacionais? 

A UIP continua atenta a novos projetos, tanto na zona do Porto como a nível nacional. Temos vindo a analisar vários projetos, para promoção própria, em parceria com investidores nacionais e internacionais.

"Portugal precisa de mais e maiores investidores internacionais para se dinamizar"

Quais são os principais desafios que o mercado imobiliário do Porto enfrenta no futuro (oferta, preços e procura de habitação e de imóveis comerciais)?

O principal desafio é a burocracia nacional e local. Num mercado dinâmico como o nosso, com investidores internacionais de olhos postos no Porto e em Portugal, se não existir mais oferta, os preços vão continuar a subir. É a lei do mercado. Sem dinamismo, sem decisões rápidas por parte das autoridades, entidades e institutos, estamos a agravar a situação. Não podemos descurar todos os segmentos, pois no fundo Portugal precisa de mais e maiores investidores internacionais para se dinamizar, mas no processo precisamos de atender a todas as classes. Isto só acontece com a dinamização da oferta em toda a linha.   

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