na rubrica “casa arrendada”, que iniciámos em novembro, mês em que entrou em vigor a nova lei do arrendamento, contamos-te histórias de pessoas que optaram por ser inquilinos em vez de proprietários. a crise fechou a torneira do crédito à habitação, tornando quase impossível a compra de casa, o que está a levar cada vez mais gente a procurar soluções no mercado de arrendamento
sheila teodoro, de 31 anos, é médica veterinária e vive numa zona bastante central de lisboa, na estefânia, numa casa arrendada (um t2), pela qual paga 500 euros por mês. habituada a viver neste registo, sheila teodoro diz não ter dúvidas de que o futuro passa por esta solução, sobretudo devido à “instabilidade económica” existente no país
pergunta: há quanto tempo vives nesta casa?
resposta: há dois anos e meio
p: já tinhas vivido numa casa arrendada?
r: sim, esta é a terceira vez que estou a viver numa casa arrendada em lisboa. nas duas ocasiões anteriores foi menos tempo, cerca de um ano em casa uma das habitações
p: o que te levou a escolher a casa onde vives?
r: principalmente o facto de estar localizada no centro de lisboa e de ter fácil acesso à rede de transportes, sobretudo o metro. depois está a dez minutos do meu local de trabalho
p:como a conseguiste encontrar? foi um processo longo/duradouro? porquê?
r: tive conhecimento da casa através de uma amiga de uma amiga e, na verdade, tudo aconteceu de forma muito rápida, até porque nem estava à procura de casa. alguém comentou comigo a existência da mesma e decidi aproveitar pelas razões já mencionadas
p: achas que a oferta de casas para arrendar existente no mercado corresponde à procura, que é cada vez maior? porquê?
r: não. pela minha experiência e pela experiência que me é partilhada por amigos/colegas considero que é difícil encontrar uma casa que englobe as exigências mínimas de conforto ou uma boa relação qualidade/preço
p: quanto pagas de renda? parece-te um valor aceitável, tendo em conta o custo de vida da cidade e do país?
r: a renda da casa são 500 euros e tenho a noção que estou a pagar a localização. sei que o valor está dentro da média, mas considero demasiado elevado tendo em conta as condições da casa (isolamento sonoro, canalização, etc.) e as condições económicas em que se encontra o país
p: que opinião tens sobre o mercado de arrendamento em portugal?
r: não há oferta de qualidade. existe muito o arrendamento direccionado para o estudante que procura um conforto razoável a um baixo preço. os senhorios evitam fazer obras de forma a investir na qualidade, pelo que muitas casas estão a precisar de ser reabilitadas
p: consideras que o futuro passa, cada vez mais, por arrendar casa em vez de comprar? porquê?
r: sem dúvida. a instabilidade económica que se faz sentir na sociedade obriga-nos a não nos comprometermos com o banco, principalmente tendo em conta as condições de empréstimo proporcionadas. a compra só compensa a quem tem dinheiro para investir na totalidade e possa aproveitar a desvalorização dos imóveis
p: acreditas que o mercado de arrendamento vai sofrer grandes alterações com a entrada em vigor da nova lei do arrendamento (entrou em vigor a 12 de novembro)? porquê?
r: sinceramente não. tanto os senhorios como os inquilinos terão de se ajustar às condições socioeconómicas do país, essa é a verdade: o que se tem notado é a diminuição ou o não aumento das rendas
p: tens alguma história curiosa que tenha acontecido com a tua casa, ou no processo de arrendamento da mesma?
r: por acaso tenho. tal como referi, foi uma amiga de uma amiga que me falou da casa e me deu o contacto da senhoria. esta agendou uma visita ao apartamento, mas disse desde logo que não iria conseguir estar presente na data combinada, pelo que teria de ser o seu namorado a mostrar-me a casa. quando toco à campainha percebo que quem me abre a porta não só é o namorado da minha senhoria mas também um músico português conceituado, de quem sou grande fã. posso dizer que “este encontro” contribuiu para a minha decisão. é uma casa com história!
Para poder comentar deves entrar na tua conta