O mercado de arrendamento parece estar a ganhar cada vez mais adeptos, sobretudo em Lisboa e Porto, mas a oferta não está a corresponder à procura. Os preços, esses, são muito elevados: em média os valores praticados são o dobro do que as famílias estariam disponíveis para pagar. Uma das consequências desta tendência é o aumento dos incumprimentos.
Segundo o Dinheiro Vivo, até ao início deste ano, a Associação Nacional de Proprietários (ANP) recebia entre quatro a cinco pedidos de ajuda por parte dos seus associados para notificar inquilinos com rendas em atraso. De há seis meses para cá, tem-se observado “um pico” no incumprimento, o que está a fazer com que em setembro o número de notificações diárias tenha ascendido às duas dezenas, revelou o presidente da entidade, António Frias Marques.
“Estamos a falar de rendas com atrasos entre dois e quatro meses”, adiantou, salientando que esta atitude acompanha o facto de as pessoas acreditarem que não lhes vai acontecer nada com as mudanças no arrendamento e nos despejos.
Para Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), acaba por ser normal que aumentem os incumprimentos no mercado de arrendamento. “As rendas praticadas estão em média 30% acima do valor”, disse, citado pela publicação. De acordo com um estudo da APEMIP, no concelho de Lisboa, o valor médio das ofertas de casas disponíveis é 1.201 euros de renda, mas os interessados só podem pagar entre 393 e 612 euros. No Porto, os valores da oferta rondam os 1.185 euros enquanto os da procura variam 311 e 555 euros.
Já Nuno Gomes, da Remax, referiu que a procura de casas para arrendar continua forte, havendo imóveis que “desaparecem em poucas horas” depois de colocada a oferta. Mas como os preços pedidos são elevados, há cada vez mais pessoas, sobretudo jovens, a optar por arrendar apenas um quarto, explicou.
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