Nasceu uma associação que vem unir novos e antigos alunos da ESAI para melhorar o imobiliário, revela fundador ao idealista/news.
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Associação de imobiliário
Paulo Alves, fundador da AAAESAI Créditos: Freepik | DR Paulo Alves

O imobiliário está a ser posto à prova em 2023. A inflação está a descer, mas continua elevada. Os preços das matérias-primas estão mais altos. Há falta de mão de obra especializada. Obter financiamento bancário está mais difícil e caro. E os processos de licenciamento continuam lentos. Para enfrentar estes e outros desafios “é muito importante que os profissionais do setor imobiliário se encontrem e ajudem, colaborando entre si, com os poderes públicos e com a sociedade, de modo que todos possam beneficiar duma evolução positiva de um setor essencial (...), como é o do imobiliário”, acredita Paulo Alves, fundador da recém-criada Associação de Antigos Alunos da Escola Superior de Atividades Imobiliárias de Lisboa (AAAESAI). Isto porque “juntos valemos mais e fazemos melhor”, remata Paulo Alves em entrevista ao idealista/news.

Foi em abril de 2023, que nasceu a AAAESAI, a nova associação no ramo imobiliário em Portugal que vem estabelecer um “elemento de ligação duradoura entre os alunos que foram passando pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias de Lisboa (ESAI) nos últimos 33 anos”, e que na sua maioria trabalham no imobiliário. A ideia é organizar “eventos sociais, encontros setoriais e colóquios de especialidade”, de forma que os mais experientes profissionais do imobiliário e os mais jovens possam trocar ideias, conhecimentos e experiências enriquecedoras sobre esta atividade, “potenciando a carreira e o negócio de todos”.

“Não tenho dúvidas de que é de grande importância que o Estado [com o Mais Habitação] promova a construção de habitação para arrendamento e que agilize os processos de licenciamento”, afirma Paulo Alves.

Além de partilhar conhecimentos, a AAAESAI quer também ser uma “associação de referência no setor, com propostas que possam ser ouvidas pelos poderes públicos, bem como promover a discussão e troca de experiências que originem ideias que possam ajudar a desenvolver o mercado e a comunidade”. Uma das questões a melhorar no futuro prende-se com a estimulação da formação de técnicos e gestores no ramo imobiliário. Outra diz respeito aos processos de licenciamento, algo que o Governo vai agora simplificar e agilizar com o Mais Habitação. Além de tudo isto, o setor reclama maior estabilidade legislativa para promover o investimento.

Há ainda muito a melhorar na fileira do imobiliário e da construção de forma a colocar mais casas no mercado e a preços acessíveis, em linha com os rendimentos das famílias. E no futuro a AAAESAI vai contribuir para que a habitação chegue da todos, lançando propostas de melhoria nesse sentido. Fica a conhecer esta nova associação do imobiliário na entrevista dada ao idealista/news por Paulo Alves, fundador AAAESAI, que partilhamos em seguida.

Profissionais do imobiliário
Foto de fauxels no Pexels

Como surgiu a ideia de criar a Associação de Antigos Alunos da Escola Superior de Atividades Imobiliárias de Lisboa (AAAESAI)?

A ideia surgiu da necessidade de ser criado um elemento de ligação duradoura entre os alunos que foram passando pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias de Lisboa (ESAI) nos últimos 33 anos. Pareceu-nos claro que fazia falta uma entidade agregadora dos alunos formados pela ESAI que, na sua maioria, estão agora no mercado imobiliário e exercem a sua vida profissional nesta área.

Seria uma pena que um tão grande potencial de colaboração e enriquecimento mútuo não fosse devidamente aproveitado e pareceu-nos que a criação da Associação de Antigos Alunos da ESAI seria a melhor forma de responder, com consistência e permanência, a essa necessidade.

Uma entidade desta natureza, assente em raízes fortes, tem um enorme potencial de crescer e perdurar, juntando em cada ano aos antigos alunos, novos colegas que acabam a sua formação que, ingressando na associação, beneficiam do que esta lhes pode proporcionar e trazem novas ideias e dinâmicas. Havendo colegas com diferentes experiências e percursos profissionais pareceu-nos relevante começar a juntar todas estas pessoas em eventos sociais, encontros setoriais, colóquios de especialidade, onde tivessem a possibilidade de se encontrar e de criar ligações que a todos poderiam beneficiar.

"A AAAESAI pretende ser uma associação de referência no setor, com propostas que possam ser ouvidas pelos poderes públicos"

Qual é o objetivo da AAAESAI e que papel pretende ocupar no setor?

A AAAESAI tem como missão proporcionar aos Antigos Antigos Alunos da Escola Superior de Atividades Imobiliárias, mais oportunidades de ‘networking’, através da partilha de conhecimento e de experiência entre colegas, potenciando a carreira e o negócio de todos.

A associação pretende agregar e representar os antigos alunos da única escola especializada no setor imobiliário em Portugal, integrando todos os que estudaram na ESAI. A variedade e abrangência é muito grande e passa pelas Licenciaturas de Gestão Imobiliária, de Gestão e Edificação de Obras e ainda de Engenharia Civil, assim como pelo Mestrado de Gestão e Avaliação de Ativos Imobiliários, os MBA´s de Gestão e Mediação Imobiliária, o MBA de Avaliação Imobiliária e ainda de todos os cursos de Formação Executiva compostos por mais de 30 horas letivas.

Pretende ser uma associação de referência no setor, com propostas que possam ser ouvidas pelos poderes públicos, bem como promover a discussão e troca de experiências que originem ideias que possam ajudar a desenvolver o mercado e a comunidade.

Vender casas em Portugal
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A quantos associados pretendem chegar em três anos?

Daqui a três anos ambicionamos ter cerca de 1.000 associados o que nos poderá dar uma capacidade de intervenção relevante a diversos níveis no setor imobiliário. Por outro lado, um número elevado de associados permite a diversificação dos contactos, das áreas profissionais e geográficas abrangidas e um aumento das sinergias que se criam entre todos.

Como avaliam o movimento associativo no imobiliário em Portugal?

Em Portugal, não há uma cultura associativa muito vincada. Mas é da maior importância que existam organizações que juntem as pessoas que têm interesses comuns para que, de uma forma estruturada e sistemática, consigam identificar áreas de melhoria, gerar ideias sobre as melhores formas de o conseguir e, em conjunto, promover a sua implementação. A colaboração no âmbito de uma associação tem uma força que eventos esporádicos não conseguem alcançar.

"Atualmente, os desafios do imobiliário são muitos e de considerável dimensão"

Quais os grandes desafios do imobiliário em Portugal no atual contexto?

Atualmente, os desafios do imobiliário são muitos e de considerável dimensão. Num contexto de elevada inflação e dificuldade de financiamento, o aumento do preço das matérias-primas e a falta de profissionais qualificados nas áreas da construção civil representam um grande desafio. Entre vários outros desafios importantes, destacaria também a demora nos processos de licenciamento que dificulta a fluidez dos projetos de investimento. Parece-nos que a AAAESAI poderá ter um papel importante, por exemplo, através da criação de uma rede de contactos referenciados pelos colegas que estão no terreno e se podem referenciar.

Mediadores imobiliários
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Como perspetiva a evolução do setor, em termos de preço, procura, oferta, transações e volumes de negócio?

Existem vários indicadores de que a evolução do mercado pode ser muito positiva. Portugal tem vindo a assumir-se como um país de referência internacional pela sua qualidade, na medida em que reúne uma série de fatores muito positivos. Destacaria o clima, a segurança, a beleza natural e das cidades, a afabilidade dos portugueses e o custo de vida que, em muitos casos, ainda é comparativamente baixo em relação a outros países. Estes fatores têm determinado um aumento da procura estrangeira no setor imobiliário o que, naturalmente, tem como consequência a subida dos preços. Esta tendência parece que se poderá manter.

Será, no entanto, importante, ter-se em consideração que muitos portugueses não estarão a conseguir acompanhar esta evolução, sendo necessárias medidas que ajudem a que todos tenham acesso e possam usufruir do extraordinário país em que temos a sorte de viver.

As transações e o volume de negócios podem continuar a subir, mas é necessário que ver implementadas políticas públicas que estimulem verdadeiramente o mercado de arrendamento para que todos possam beneficiar dessa evolução.     

"Será fundamental que o Estado fomente a estabilidade no mercado de modo que os agentes económicos possam ter a confiança para investir e empreender"

Como avaliam o Mais Habitação e o seu impacto no setor e na economia?

Ainda é cedo para que se possa fazer uma análise consistente. No entanto, não tenho dúvidas de que é de grande importância que o Estado promova a construção de habitação para arrendamento e que agilize os processos de licenciamento. Estimular a formação neste setor, tanto de técnicos, como de gestores é também uma necessidade. Será, ainda, fundamental que o Estado fomente a estabilidade no mercado de modo que os agentes económicos possam ter a confiança para investir e empreender.

Parece-me que é, também, muito importante que os profissionais do setor imobiliário se encontrem e ajudem nestas tarefas, colaborando entre si, com os poderes públicos e com a sociedade, de modo que todos possam beneficiar duma evolução positiva de um setor essencial para o desenvolvimento e o bem-estar, como é o do imobiliário. É aqui que me parece que a Associação de Antigos Alunos da ESAI pode ter um papel importante a desempenhar. Juntos valemos mais e fazemos melhor.

Negócios imobiliários em Portugal
Foto de Alena Darmel no Pexels

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