Comprar casa em Portugal exige 68% dos rendimentos enquanto a renda pesa 81% nos salários, revelam dados do idealista.
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Esforço em comprar ou arrendar casa
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A crise da habitação em Portugal parece não ter fim à vista. O preço das casas para comprar e arrendar voltou a subir em 2024, embora de forma mais lenta, continuando a ser bem superior aos salários das famílias. Em resultado, a percentagem do rendimento familiar necessária para comprar ou arrendar casa aumentou no último ano em praticamente todas as capitais de distrito portuguesas, de acordo com a análise de dados realizada pelo idealista. Ao analisar as taxas de esforço, conclui-se que o esforço exigido para arrendar casa aumentou dez pontos percentuais (p.p.), passando de 71% no primeiro trimestre de 2023 para 81% no primeiro trimestre de 2024. Já na compra de casa, a taxa de esforço nacional aumentou 8 p.p., passando de 60% em março de 2023 para 68% em março deste ano.

Rendas das casas pesam mais nos salários em 13 cidades

Entre as 20 capitais de distrito analisadas e com amostras representativas, observa-se um aumento do esforço no arrendamento de casas em 13 grandes cidades. Foi no Funchal que a taxa de esforço para arrendar casa mais aumentou no último ano, passando de 75% no primeiro trimestre de 2023 para 93% no mesmo período de 2024 (+18 p.p.)

Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar a casa no último ano estão ainda Beja (13 p.p.), Santarém (10 p.p.) e Braga (7 p.p.). Também houve um aumento do esforço no arrendamento em Setúbal (6 p.p.), Vila Real (4 p.p.), Lisboa (4 p.p.), Coimbra (4 p.p.), Castelo Branco (4 p.p.), Portalegre (4 p.p.), Viana do Castelo (3 p.p.), Bragança (2 p.p.) e Leiria (2 p.p.).

Já em Viseu e em Évora a taxa de esforço não variou durante este período. Por outro lado, a taxa de esforço para arrendar casa diminuiu na Guarda (-12 p.p.), Ponta Delgada (-7 p.p.), Porto (-3 p.p.), Faro (-2 p.p.) e Aveiro (-1 p.p.).

Funchal é a cidade que requer o maior esforço financeiro por parte das famílias para arrendar uma casa, sendo necessário destinar 93% dos seus rendimentos. Seguem-se Lisboa (86%), Porto (71%), Faro (66%), Setúbal (59%), Braga (56%), Viana do Castelo (54%), Santarém (51%), Évora (51%), Aveiro (49%), Leiria (45%), Ponta Delgada (45%), Coimbra (44%), Viseu (43%), Beja (41%) e Vila Real (40%).

Já as cidades onde as rendas da casa pesam menos nos rendimentos familiares são: Guarda (26%), Portalegre (32%), Bragança (34%) e Castelo Branco (38%). De referir que todas as capitais de distrito, com a exceção da Guarda e Portalegre, apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%.

Comprar casa está mais difícil em quase todas as grandes cidades

A percentagem de rendimentos que as famílias têm de destinar à comprar de casa aumentou em todas as capitais de distrito no último ano, à exceção de Ponta Delgada, tendo passado de 56% no primeiro trimestre de 2023 para 55% no mesmo período de 2024, diminuindo 1 p.p.

Foi em Faro que a taxa de esforço para adquirir uma habitação mais aumentou, passando de 82% para 104% (+22 p.p.) A lista de maiores aumentos da taxa de esforço seguem com o Funchal (21 p.p.), Lisboa (20 p.p.), Leiria (12 p.p.), Viana do Castelo (11 p.p.), Porto (10 p.p.), Viseu (9 p.p.), Bragança (8 p.p.), Setúbal (8 p.p.), Braga (8 p.p.) e Coimbra (7 p.p.).

As cidades onde a taxa de esforço na compra de casa menos cresceu entre estes dois momentos foram: Vila Real (2 p.p.), Beja (2 p.p.), Évora (2 p.p.), Guarda (3 p.p.), Aveiro (4 p.p.), Santarém (4 p.p.), Castelo Branco (4 p.p.) e Portalegre (6 p.p.).

No início de 2024, a cidade com a maior taxa de esforço para comprar casa foi o Funchal (108%), seguindo-se Faro (104%) e Lisboa (101%). Isto quer dizer que o rendimento líquido médio das famílias não chega para pagar um crédito habitação, que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. O peso da prestação da casa nos salários também é significativo no Porto (80%), Aveiro (69%), Viana do Castelo (60%), Braga (60%), Ponta Delgada (55%), Leiria (53%), Évora (50%), Viseu (49%), Setúbal (48%), Coimbra (46%) e Vila Real (36%).

Por outro lado, verifica-se que há seis capitais de distrito onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço inferior à recomendada, de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Bragança (30%), Santarém (30%), Beja (24%), Castelo Branco (22%), Portalegre (21%) e Guarda (18%).

Metodologia

A taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

No caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido aos aumentos nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).

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