Enquanto o setor comercial atinge valores históricos, o residencial continua com um grande desequilíbrio entre oferta e procura.
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Investidores imobiliários
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Cátia Colaço
Cátia Colaço (Colaborador do idealista news)

O mercado imobiliário português está em crescimento. No primeiro semestre deste ano, o investimento no imobiliário comercial registou o melhor arranque desde 2020, chegando aos 1,23 mil milhões de euros.

Esta é uma das principais conclusões do Dils Recap, relatório da consultora Dils referente ao segundo trimestre de 2025. De acordo com o documento, continua a verificar-se um desequilíbrio significativo entre a oferta e a procura no setor residencial, mantendo-se a pressão sobre os preços em todas as geografias.

Já no que respeita ao segmento de escritórios, as rendas continuam a subir, pese a queda de 34% na ocupação em Lisboa, enquanto o mercado industrial e logístico mantém-se sólido, ainda que a escassez de oferta contrabalançada pela valorização da qualidade dos ativos tenha levado a uma redução na absorção.

O retalho e a hotelaria continuam em grande crescimento, dado o aumento do consumo e do turismo que levou à inauguração de 12 novos hotéis.

Setor residencial: preços continuam a subir

A procura de imóveis residenciais continua muito superior à oferta disponível em todas as regiões do país, o que mantém a pressão sobre os preços. Só na capital, Lisboa, este desequilíbrio traduz-se na venda de 14 fogos por cada unidade que entra no mercado.

Nos primeiros quatro anos da presente década, registou-se um aumento de preços no mercado residencial de 5% ao ano. Esta tendência mantém-se agora em 2025, sobretudo devido à valorização do stock de imóveis usados, enquanto a procura segue dinâmica para os novos empreendimentos.

Já na cidade do Porto a procura continua resiliente, nomeadamente entre compradores nacionais, o que reflete uma persistente subida dos preços médios. Mais a sul, na região de Tróia/Comporta/Melides, os valores divergem muito, consoante o submercado, variando entre os 3.500 euros por metro quadrado (euros/m2) e os 10.000 euros/m2 para unidades do segmento premium.

No Algarve, consoante o concelho e a microlocalização, os valores variam entre os 5.500 euros/m2 em Portimão e os 13.000 euros/m2 no Triângulo Dourado.

Mercado de investimento em alta

O marco de 1,23 mil milhões de euros no mercado de investimento durante os primeiros seis meses de 2025 reflete um crescimento de 90% comparativamente ao mesmo período de 2024, com o capital estrangeiro a corresponder a mais de 90% do total investido, destacando-se as estratégias 'core' e 'value-add', que concentram mais de 70% do volume transacionado.

Perto de 50% do valor investido incidiu sobre o setor do retalho, com destaque para as transações dos centros comerciais Nosso Shopping, em Vila Real, e Fórum Madeira, no Funchal, (num total de 130 milhões de euros), e 25% corresponde ao setor da hotelaria, onde se destaca a venda do Hotel Cascais Miragem 5* por 125 milhões de euros.

As yields mantiveram-se estáveis nos primeiros seis meses deste ano, depois da compressão no final do ano passado.

Escritórios em Portugal
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Escritórios: procura por ativos de maior qualidade continua a crescer

Lisboa registou uma ocupação de 83.835 m2 no mercado de escritórios durante o período em análise, o que corresponde a menos 34% face ao mesmo período de 2024, embora com um pipeline de cerca de 188.000 m2, 67% dos quais já pré-arrendados.

Nas rendas prime registou-se um aumento, tendo subido para 30 euros/m2/mês. A incerteza económica, a geopolítica global e os constrangimentos do próprio mercado têm, contudo, atrasado decisões de ocupação.

Queda na absorção no setor Industrial & Logística

Registou-se uma queda significativa (50%) na ocupação do mercado industrial e logístico, que totalizou, no primeiro semestre de 2025, apenas 206.000 m2. O segmento logístico registou 176.000 m2 absorvidos, o que significa uma redução de 20%.

O mercado registou, em Lisboa, uma absorção de 121.000 m2, correspondendo a uma queda de 25% face a período homólogo de 2024, ainda que estes valores estejam em linha com os dos últimos quatro anos. Destaque para a tomada de cerca de 17.000 m2 pela Worten e de 15.500 m2 pela Tesla, ambas na Zona 2. Estão previstos em 'pipeline', até ao final deste ano, 108.000 m2 de novos espaços na região de Lisboa.

No Grande Porto os resultados foram mais positivos, com um crescimento de 30% (32.600 m2 de absorção). Mais de metade da área absorvida concentra-se na zona do Porto de Leixões/Aeroporto.

Quanto a rendas, estas mantêm-se estáveis, sendo de 5,25 euros/m2/mês em Lisboa e de 5,50 euros/m2/mês no Porto. É de prever, no entanto, uma subida destes valores, devido à crescente qualidade dos ativos.

Vendas a retalho crescem 4%

O aumento do consumo e do turismo continua a impulsionar o setor do retalho em Portugal, que cresceu cerca de 4%. Contudo, há que sublinhar alguns constrangimentos que dificultam a expansão de marcas internacionais no mercado.

Em Lisboa, mais especificamente na zona do Chiado, o destaque vai para as aberturas das lojas MESH, Wells e New Balance, enquanto na Avenida dos Aliados, no Porto, destaca-se a nova loja David Rosas, assim como a Kraxe Wien, na Rua Sá da Bandeira. 

Em Lisboa a taxa de desocupação é de 12%, com as rendas prime no Chiado a manterem-se estáveis (140 euros/m2/mês), enquanto no Porto, a taxa de desocupação chega aos 16% e as rendas prime se mantêm nos 85 euros/m2/mês. 

Turismo em Portugal
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Hotelaria em crescimento com a abertura de 12 hotéis

Os 12 novos hotéis inaugurados no país durante os primeiros seis meses deste ano vieram trazer cerca de mais mil quatros ao stock já existente. Até ao final deste segundo semestre estão ainda previstos mais 4.500 novos quartos.

Destaque para os novos hotéis de cinco estrelas como o MS Collection Mosteiro de Arouca, o The Editory by the Sea Lagos e o ‘rebranding’ do NAU São Rafael para Kimpton Atlântico, que marca a entrada da marca de luxo IHG no país.

Entre os meses de maio de 2024 e maio de 2025, houve 81 milhões de dormidas em Portugal (aumento de 3% face a período homólogo) e 32 milhões de hóspedes (aumento de 5%). Reino Unido e Alemanha continuam a ser os principais mercados emissores, mas há que sublinhar o crescimento de 8% de turistas norte-americanos.

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