É esperado um segundo semestre mais dinâmico. Investimento pode chegar aos 2.700 milhões de euros, prevê a CBRE.
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Investimento imobiliário trava no primeiro semestre de 2021
Imagem de Hands off my tags! Michael Gaida por Pixabay

Portugal continua a ser um destino atrativo ao investimento imobiliário. Mas os 530 milhões de euros investidos nos primeiros seis meses do ano representam uma queda homóloga na ordem dos 70%. Este travão na atividade é apenas comparável com 2014 e com os anos anteriores à crise económica e financeira.

O arranque de 2021 não foi o melhor. Marcado pelo segundo confinamento geral no país, a atividade de investimento foi fortemente afetada. No segundo trimestre, quando as restrições começaram a ser levantadas, o volume de investimento recuperou: aumentou 65% face ao trimestre anterior e atingiu os 330 milhões de euros, refere a consultora CBRE, em comunicado. Mas não foi suficiente para colmatar os danos.

Do total investido durante os primeiros seis meses do ano, 40% foi canalizado para ativos de escritórios (210 milhões de euros), 31% para imóveis residenciais de arrendamento (165 milhões de euros) e 14% para retalho (75 milhões de euros).

Entre os principais negócios concretizados a CBRE destaca a transação do portefólio Navigator, que integra sete edifícios de escritórios, a venda do edifício que aloja a sede da WPP Portugal em Lisboa, a transação do edifício D. Manuel II, no Porto, e ainda a venda do Hotel Exe Saldanha, localizado no centro de Lisboa.

“Mesmo com toda a incerteza relativamente ao futuro do trabalho e ao regresso ao escritório físico, vemos muito interesse por parte dos investidores em ativos de escritórios, em particular nas localizações 'prime' e de referência na cidade", explica Nuno Nunes, senior director para a área de Capital Markets da CBRE Portugal.

Os edifícios residenciais para rentabilizar são um novo foco. “Há muita procura por produto residencial e apesar de Portugal não ter ainda projetos de ‘build to rent’, estamos envolvidos em algumas transações, tanto de grandes portefólios como de edifícios avulsos”, refere ainda Nuno Nunes.

O retalho de rua tem sido o ativo refúgio para aceder aos vistos gold enquanto ainda é possível. Nuno Nunes explica no documento que “têm-se concretizado diversos negócios envolvendo vistos gold em lojas de comércio de rua, uma tendência que advém da decisão legislativa de término deste programa para o mercado residencial nas zonas litorais, nomeadamente nas cidades de Lisboa e Porto”.

Investimento em comércio de rua Lisboa
Investir em comércio de rua é opção para aceder a vistos gold Imagem de Joaquin Aranoa por Pixabay

Desempenho da ocupação depende do setor

Os escritórios foram um dos setores mais impactados pelos efeitos das restrições associadas ao combate à pandemia, nomeadamente pela imposição do regime de teletrabalho obrigatório. E isto refletiu-se no mercado de ocupação: foram colocados 55.000 metros quadrados (m2) em Lisboa ao longo do primeiro semestre, o que reflete uma quebra de 34% face ao período homólogo. Ainda assim, as perspetivas são mais animadoras para a segunda metade do ano, diz a CBRE.

Relativamente à logística, a CBRE indica que o setor está a verificar níveis de atividade recorde, tendo registado um total de 227.000 m2 de espaços contratados no primeiro semestre – quase o mesmo que o registado no conjunto do ano passado.

No que diz respeito ao retalho, a consultora, que é responsável pela gestão de 16 centros comerciais e ‘retail parks’ localizados em vários pontos do país, adianta que se está a verificar uma recuperação mais rápida do que a registada no ano passado após o primeiro confinamento, o que revela “uma retoma na confiança dos consumidores”.

Logística registou boa ocupação
Logística registou atividade de ocupação recorde Imagem de Pashminu Mansukhani por Pixabay

Mais dinamismo na segunda metade do ano

Apesar do investimento imobiliário ter travado a fundo no primeiro semestre do ano, a CBRE espera uma “segunda metade do ano bastante mais dinâmica, em função dos negócios em curso”. Destes, os mais caros envolvem as classes de ativos associadas a camas – tais como hotéis, habitação e até mesmo algumas unidades de saúde. Esta é uma previsão em linha com a da Cushman & Wakefield, que assume mesmo que “os ativos hoteleiros (...) poderão ser a grande surpresa em 2021”. Há ainda diversos edifícios de escritórios em negociação, refere ainda a consultora CBRE.

Contas feitas, o investimento estimado para o final do ano situa-se entre os 1.700 e os 2.700 milhões de euros. Esta diferença de mil milhões é justificada por uma transação que só por si representa esse valor. “No entanto, devido à sua dimensão e complexidade, esta poderá derrapar para 2022, impactando fortemente os resultados de 2021”, justifica a consultora.

Investimento em hotéis é esperado em 2021
Hotelaria poderá ser uma surpresa em 2021 Imagem de Sofie Zbořilová por Pixabay

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