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Disrupção, flexibilidade e coworking? Uma tendência do imobiliário em 2018 (há outras)
Annie Spratt/Unsplash

O imobiliário continua e continuará a ser uma tendência. A estar na moda e a ultrapassar expectativas. Não há dúvidas. Mas e quais são as perspetivas para 2018? São boas. Mas só dizer boas não chega. Disrupção, inovação e flexibilidade. Estas foram algumas das palavras mais ouvidas durante a conferência da CBRE sobre as “Tendências do Imobiliário para 2018”. E há uma tendência que salta à vista. Falamos do Flexible Office Space, ou como quem diz, dos Escritórios Flexíveis. Um fenómeno urbano que está a conquistar o mercado, as pessoas e as empresas. E já não estamos a falar só de millennials.

A ideia não é nova, mas a verdade é que está a a agitar o mercado imobiliário e a transformar-se numa tendência crescente. Fala-se em disrupção no mercado dos escritórios, uma disrupção motivada pelas mudanças de comportamento de pessoas e empresas. Uma mudança acelerada pela economia e tecnologia. Os espaços de coworking não são novos, mas estão a conquistar os mais velhos. Como? Simples. Os millennials são um motor de transformações a diferentes níveis. Não só no modo como vivem, mas como trabalham. E até as “gigantes” (empresas corporativas) estão a querer “ficar na moda”.

Esta foi uma das muitas conclusões da conferência promovida pela CBRE em parceria com o jornal Expresso, que decorreu esta quinta-feira (17 de janeiro), no Centro Cultural de Belém (CCB). A casa estava cheia para receber as tendências que vão marcar o próximo ano. “Oferta e procura de espaços de escritórios flexíveis” foi um dos temas que marcou a sessão.

Faltam espaços para escritórios nas cidades? Faltam. Mas não é só a falta de espaços para escritórios que está fomentar a mudança de paradigma. Quem o afirmou foi Peter Victor, Head of Occupier Transactions da CBRE EMEA. O responsável garantiu, durante a conferência, que este tipo de espaços partilhados e flexíveis são cada vez mais procurados. E já não falamos apenas de startups. Porquê? Porque os comportamentos e atitudes mudaram. Em Londres, por exemplo, estes espaços registaram um “crescimento exponencial”. As empresas, salientou Peter Victor, querem atrair cada vez mais pessoas talentosas, “e essas pessoas talentosas querem estar nos grandes centros urbanos”.

“Utilizo sempre a metáfora do icebergue para falar disto. Habitualmente conseguimos ver a ponta do icebergue, mas aquilo que não vemos e não sabemos é o tamanho daquilo que ele esconde”, disse Peter Victor, referindo-se à rapidez com que cada vez mais operadores estão a responder a esta tendência de mercado, que irá continuar a marcar o próximo ano e muito provavelmente os seguintes.

Mariana Duarte Silva, cofundadora e diretora do Village Underground Lisboa, nunca pensou que a ideia de trabalhar em contentores ou autocarros antigos, que trouxe de Londres para Alcântara numa altura em que “Portugal ainda não estava na moda”, fosse ter sucesso. Mas a verdade é que teve. E até as grandes corporações, asseverou Peter Victor, estão a seguir estes passos e a integrá-los na sua estratégia.

Investimento em imobiliário comercial vai “bater recordes”

Em 2017, o mercado de investimento em imobiliário comercial superou o recorde de 2015, com um total de 2.200 milhões de euros, para o qual contribuíram duas importantes transações de aquisições de empresas, nomeadamente a Logicor e a Empark. O ano foi bom e 2018 poderá ser ainda melhor. A CBRE prevê que se ultrapasse o nível de investimento observado em 2017, com um novo recorde que pode atingir os 2.600 milhões de euros em imobiliário comercial. 

Os preços “poderão subir ainda mais nos produtos prime de escritórios e comércio de rua”, sendo provável, também, que o setor bancário se apresente mais ativo. A consultora espera um aumento das transações com a participação de cada vez mais bancos nacionais, como o Novo Banco ou o Millennium bcp, que irão voltar ao mercado de financiamento imobiliário.

Preço das casas subiu 9% (e deve continuar a subir)

No ano passado foram vendidas 150.000 casas em Portugal, um valor que se aproximou do máximo de 2008. Os preços, esses, registaram um aumento na ordem dos 9%, com as casas usadas a subir quase o dobro da habitação nova. De acordo com a consultora, em 2017, os preços das casas usadas avançou 10%, sendo que as casas novas cresceram 5,5% em valor. A CBRE prevê que este ritmo de crescimento “continue a evidenciar-se ao longo de 2018, com o mercado nacional a ganhar maior peso relativamente ao estrangeiro, que em 2017 registou uma quota de 25%”.

A oferta continua a aumentar, mas “ainda está aquém de satisfazer a procura”. Este ano, a CBRE estima que sejam lançados no mercado 1.200 apartamentos novos, face aos 750 de 2017, mas lembra que na realidade, com as vendas feitas antes da construção, “poucos são os que não estarão já vendidos quando a obra estiver terminada”.

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