Apostar na sustentabilidade e na descarbonização no imobiliário é essencial, diz Francisco Rocha Antunes, Chair da ULI Portugal.
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Descarbonização e sustentabilidade no setor imobiliário
Francisco Rocha Antunes, fundador e presidente da MOME e Chair da ULI Portugal Créditos: CRUAMEDIA | NOS

A aposta na sustentabilidade e na descarbonização no imobiliário, reduzindo ao máximo o uso do aço e do betão na construção, por exemplo, tem de ser levada a sério pelos vários players do setor. O alerta foi dado por Francisco Rocha Antunes, fundador e presidente da MOME e Chair da ULI Portugal, durante a sua intervenção na apresentação da NOS Smart Home, uma nova solução de casa inteligente e conectada direcionada para promotores imobiliários. “Está na altura de voltarmos a ser razoáveis no imobiliário”, disse aos jornalistas, à margem do evento, que se realizou esta quarta-feira (15 de novembro de 2023).

Lembrando que entrará em vigor daqui a dez anos uma diretiva europeia relacionada com a descarbonização e com a eficiência energética dos edifícios – “em 2033, o que não for de classe D para baixo deixa de ser considerado legalmente casa, sendo esta uma diretiva que está em vigor e que não foi contestada por nenhum governo” –, o responsável apelou à razoabilidade e ao bom senso para conseguir resolver problemas: “Não é possível descarbonizar se não nos entendermos entre todos, Governo e privados, senhorios e inquilinos, bancos e pessoas que devem dinheiro ao banco. Todos temos de ser razoáveis”. 

Francisco Rocha Antunes vai mais longe na ideia de ser urgente encarar a descarbonização de forma coletiva. “O imobiliário é responsável por 39% da pegada de carbono. No caso dos transportes, para se ter uma ideia, é 12%. Portanto, não é possível resolver o problema da descarbonização da sociedade, da economia e do país sem resolver o problema da descarbonização do imobiliário. Proprietários, inquilinos, bancos, fundos, investidores… toda a gente tem de ser mobilizada para o esforço da descarbonização”, acrescenta o também CDO da +Urbano. 

Como ter casas mais acessíveis? 

A necessidade de aumentar a oferta de habitação acessível em Portugal, que possa ser comprada e/ou arrendada pela generalidade das pessoas, nomeadamente as da chamada classe média, é um tema que tem sido amplamente debatido no país nos últimos tempos, tendo o Executivo apresentado e aprovado, nesse sentido, o programa Mais habitação

Será este um objetivo alcançável no curto/médio prazo? O especialista traça um caminho a seguir. “Para conseguirmos ter casas acessíveis temos de ter disponibilidade de terrenos. [Mas] o que fizemos nos últimos anos foi restringir perímetros urbanos, acabar com os terrenos urbanizáveis, não deixar construir em altura. E queremos [depois] que os terrenos para as casas sejam mais baratos. Não percebo como. Quando se restringe os perímetros urbanos e se acaba com os terrenos urbanizáveis está a dizer-se que os terrenos são mais caros e mais escassos. E se são mais caros, as casas são mais caras. [Há outro detalhe] a maior fatia a seguir à construção é os [elevados] impostos”, lamenta. 

"Os custos de construção só serão mais baixos se se produzir as casas utilizando métodos modernos de construção, não continuando a fazer casas como no princípio do século XX. Estamos sistematicamente com problemas de energia, de materiais, de mão de obra… e nenhum destes fatores contribui para baixar o custo da construção"

Para Francisco Rocha Antunes, é importante “perceber que os custos de construção só serão mais baixos se se produzir as casas utilizando métodos modernos de construção, não continuando a fazer casas como no princípio do século XX”. “Estamos sistematicamente com problemas de energia, de materiais, de mão de obra… e nenhum destes fatores contribui para baixar o custo da construção”, sustenta.

Construção sustentável em Portugal
Foto de KOBU Agency na Unsplash

Como vão ser as casas novas?

Antes, durante a sua intervenção na cerimónia de apresentação da NOS Smart Home, na qual falou sobre as tendências emergentes no setor imobiliário, o fundador e presidente da MOME e Chair da ULI Portugal enalteceu a importância do setor residencial no setor imobiliário, salientado que representa, quase sozinho, cerca de metade (46%) da riqueza do mundo, tendo-se apoiado, para o efeito, em dados do relatório anual “Emerging Real Estate Trends in Europe”, da PwC e do ULI – será apresentado em Portugal dia 12 de dezembro.

O especialista descortinou, de resto, algumas das conclusões do estudo. Além da importância da descarbonização e da constante aposta na sustentabilidade e na adoção dos critérios ESG (Environmental, Social e Governance) no setor imobiliário, com destaque para o segmento habitacional, revelou que as casas tenderão a ser mais pequenas, porque as famílias também estão a encolher, e que será necessário construir em altura, dando primazia a materiais como a madeira, em detrimento do betão e do aço. 

No final da sua intervenção apresentou um slide no qual projeta como vão ser as casas novas, considerando que serão cada vez mais:

  • Híbridas, construída com sistemas mistos para reduzir o carbono ao mínimo;
  • Densas, para reduzir a ocupação do solo e obter economias de escala;
  • Pequenas, porque as famílias maioritariamente também o são;
  • Biológicas, para fazerem parte da estrutura natural das cidades;
  • Digitais, para serem eficientes e ligadas ao mundo;
  • Comunitárias, para integrarem as pessoas nas suas vizinhanças;
  • Pedonais, para permitir uma vida do dia a dia a pé ou de bicicleta;
  • Usos mistos, para integrar a convivência com o conforto.

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