
Quatro dias a falar de habitação, reabilitação, imobiliário e construção em Lisboa. A 27ª edição do Salão Imobiliário de Portugal (SIL) abre portas esta quinta-feira na FIL – realiza-se em conjunto com a Tektónica e termina domingo (5 de maio de 2024), e o idealista volta a ser media partner – e promete ser um sucesso. São esperados mais de 25.000 visitantes, diz Sérgio Runa, gestor do SIL, em entrevista ao idealista/news, deixando um alerta sobre o setor da habitação no país: “Se, por um lado, o facto dos resultados do primeiro trimestre terem sido positivos a nível de volume de transações, com um aumento de 4,5% face ao período homólogo, o que deixa o mercado um pouco mais otimista, por outro lado, os elevados custos de construção e a consequente ausência de habitação acessível ainda não tem uma solução a breve prazo à vista”.
Para Sérgio Runa não há dúvidas de que ter estabilidade, nomeadamente fiscal e legislativa, é fundamental para Portugal conseguir atrair investidores. “Face à recente mudança de Governo, o setor aguarda novidades nas políticas de habitação que influenciem e impactem o mercado”, sustenta. De frisar que é esperada a participação de Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, no evento, na conferência CNN Summit – Portugal Habita, que decorre na manhã desta quinta-feira. O programa do SIL 2024 pode ser consultado neste link.
Outro dos temas abordados na entrevista está relacionado com o simplex urbanístico, que entrou em vigor, na totalidade, dia 4 de março. Quando questionado sobre a possibilidade de haver mais casas e/ou empreendimentos residenciais anunciados no SIL na sequência da nova lei dos licenciamentos, o gestor do evento responde de forma cara: “Temos a esperança de que o simplex urbanístico seja uma iniciativa que virá a dar alguns resultados no futuro, apesar de necessitar de ajustes. Contudo, dado que foi implementado recentemente, ainda não se refletirá na grande maioria dos empreendimentos em exposição no SIL 2024”.

O que esperar da edição deste ano do SIL? O que a distinguirá das anteriores? Será a melhor edição de sempre?
Esperamos uma edição de sucesso, na medida em que está confirmada a presença dos principais promotores e mediadores imobiliários, assim como de expositores novos, quer neste segmento, quer noutros, como serviços diversos e tecnologias associadas ao imobiliário. Assim teremos uma oferta representativa que despertará o interesse dos profissionais e do público em geral.
O SIL realiza-se, pela terceira vez consecutiva, em maio. A mudança de data foi uma aposta ganha? Porquê?
Consideramos que a simultaneidade com a Tektónica potencia o universo de visitantes, na medida em que são duas fileiras que se complementam, o imobiliário e a construção. Assim, proporcionamos que o visitante, com o ingresso de uma ou de outra feira, visite as duas.
"(...) Maio é um período favorável ao lançamento de novos 'produtos' e há nesta altura uma maior procura no mercado de segunda habitação e pelo segmento turístico"
Além disso, maio é um período favorável ao lançamento de novos “produtos” e há nesta altura uma maior procura no mercado de segunda habitação e pelo segmento turístico.
É de esperar que haja mais visitantes na edição deste ano face à do ano passado? Porquê?
A tendência é de crescimento, em 2023 o SIL e a Tektónica ocuparam mais de 35.000 m2 de exposição e ainda o FIL Meeting Centre, onde se realizaram as Conferências SIL. No seu conjunto registou-se um incremento de 47% de visitantes (ultrapassado os 22.500) e 45% de expositores, mais de 400 empresas.
"Na 27ª edição do SIL, que decorre novamente em simultâneo com a Tektónica, prevemos ultrapassar os 25.000 visitantes, alcançar os 450 expositores e mais de 4.000 congressistas"
Na 27ª edição do SIL, que decorre novamente em simultâneo com a Tektónica, prevemos ultrapassar os 25.000 visitantes, alcançar os 450 expositores e mais de 4.000 congressistas. O SIL apresenta as novidades do setor e é o momento em que investidores, empresários, técnicos, organismos públicos e público potencial comprador tem a oportunidade de contactar diretamente e estabelecer network.

O SIL volta a realizar-se num contexto económico e financeiro conturbado. O “fantasma” das guerras na Europa e dos elevados custos de construção e altas taxas de juro continua a deixar marcas na sociedade e em particular no setor do imobiliário e da construção. Terá impacto no desenrolar do evento? Serão temas de análise ao longo da feira?
O SIL reflete o estado do setor imobiliário influenciado pela conjuntura geopolítica e macroeconómica, nacional e internacional. Se, por um lado, o facto dos resultados do primeiro trimestre terem sido positivos a nível de volume de transações, com um aumento de 4,5% face ao período homólogo, o que deixa o mercado um pouco mais otimista, por outro lado, os elevados custos de construção e a consequente ausência de habitação acessível ainda não tem uma solução a breve prazo à vista. As recentes eleições e mudança de Governo também nos deixam expectantes quanto às políticas de habitação que acabam por influenciar fortemente o rumo do mercado.
"(...) Os elevados custos de construção e a consequente ausência de habitação acessível ainda não tem uma solução a breve prazo à vista"
As conferências vão abordar temáticas como as políticas nacionais de habitação, a reabilitação urbana, o papel das autarquias, entre outras.
Estabilidade, nomeadamente fiscal e legislativa, é algo que pedem os vários players do setor de forma a manter os investidores imobiliários atraídos por Portugal? Concorda com esta visão? Porquê?
A estabilidade é fundamental para que o nosso país atraía investidores, mas é igualmente determinante que a legislação seja favorável ao investimento internacional. Face à recente mudança de Governo, o setor aguarda novidades nas políticas de habitação que influenciem e impactem o mercado.
O que espera do novo Governo, no que diz respeito a medidas relacionadas com o setor do imobiliário e da construção?
Espero o que todo o setor em geral anseia, ou seja, pela concretização da desburocratização dos processos de licenciamentos e de compra e venda de imóveis, pela descida do IVA na construção, por medidas que levem à captação de investimento estrangeiro, entre tantas outras.
Além disso, o investimento em infraestruturas que promovam a habitação em novas áreas, tornando-as acessíveis e funcionais, seria igualmente desejável, aliviando a pressão nos centros urbanos e a especulação imobiliária.
Aumentar a oferta de casas no mercado é crucial, de forma a dar resposta à crise na habitação existente em Portugal, salientam muitos especialistas do setor. Concorda? Há projetos em carteira suficientes para cobrir a procura?
A escassez de habitação e de habitação acessível é uma realidade e um fato incontornável. Se a solução passa por construção nova, reabilitação, infraestruturas para viabilização de novas áreas residenciais, ou outras medidas, creio que terá de ser feita uma análise das diversas áreas mais críticas, planear e agir, sendo que cabe aos especialistas e ao poder local propor e ao Governo implementar.
"A estabilidade é fundamental para que o nosso país atraía investidores, mas é igualmente determinante que a legislação seja favorável ao investimento internacional. Face à recente mudança de Governo, o setor aguarda novidades nas políticas de habitação que influenciem e impactem o mercado"
Sustentabilidade, eficiência energética e descarbonização são termos incontornáveis atualmente no setor do imobiliário e da construção. Acredita que esta mudança já está a acontecer no país? O que poderá ainda ser feito? O SIL pode ajudar a contribuir para esta mudança? De que forma?
Acredito que esta mudança está a acontecer. A preocupação com o desenvolvimento urbano sustentável, procurando a utilização de materiais ecológicos, a eficiência energética, a reabilitação urbana, a preservação do património são realidades evidentes no país.
O SIL contribuí sem dúvida para este processo de desenvolvimento do setor imobiliário de forma sustentável, quer através da exposição, quer das conferências, onde serão focados temas como novas técnicas construtivas, sustentabilidade e inovação.
Em paralelo, na Tektónica teremos o setor EFITEC, onde estarão presentes empresas exclusivamente dedicadas à eficiência energética, energias renováveis e um auditório exclusivo para abordagem destas temáticas.

Antevê que haja mais casas e/ou empreendimentos residenciais anunciados no SIL deste ano face aos dados a conhecer em outras edições? O facto de o simplex urbanístico já estar em vigor proporciona esta possibilidade?
Temos a esperança de que o simplex urbanístico seja uma iniciativa que virá a dar alguns resultados no futuro, apesar de necessitar de ajustes. Contudo, dado que foi implementado recentemente, ainda não se refletirá na grande maioria dos empreendimentos em exposição no SIL 2024.
Sinta-se à vontade para acrescentar qualquer informação que considere pertinente.
Vamos ter a 15ª edição dos Prémios SIL do Imobiliário, nas categorias de Melhor Empreendimento Imobiliário – Construção Nova e Reabilitação Urbana, nas subcategorias de Habitação, Turismo, Comércio, Serviços e Escritórios, Melhor Campanha de Lançamento, Responsabilidade Social, Inovação e Construção Sustentável. Foram recebidas mais de 40 candidaturas e os vencedores serão conhecidos no primeiro dia do SIL. Os Prémios SIL do Imobiliário são um dos pontos altos do salão, pois distinguem projetos e personalidades que se destacam pela excelência no setor imobiliário.
"Temos a esperança de que o simplex urbanístico seja uma iniciativa que virá a dar alguns resultados no futuro, apesar de necessitar de ajustes. Contudo, dado que foi implementado recentemente, ainda não se refletirá na grande maioria dos empreendimentos em exposição no SIL 2024"
O SIL continua a assumir-se como a montra das últimas novidades do setor imobiliário, designadamente novos empreendimentos residenciais, bem como de inovações tecnológicas aplicadas à construção e ao mercado imobiliário. É ainda um espaço de debate dos principais temas do setor levado a cabo pelas principais empresas e entidades intervenientes.
O SIL será palco de debate sobre temáticas de grande importância e atualidade para o setor do imobiliário. No dia 2 de maio decorrerá a Conferência CNN Summit – Portugal Habita, cujo principal enfoque será sobre as Políticas Nacionais de Habitação, a Reabilitação Urbana, o Futuro do Mercado Imobiliário e as Políticas de Habitação Pública – com o Papel das Autarquias, com a participação de autarcas responsáveis pela gestão das principais cidades do país. No dia 3 de maio, terão lugar as Conferências do SIL INVESTMENT PRO, organizadas em colaboração com o parceiro estratégico do SIL, a APPII, onde serão abordados temas como a Inteligência Artificial ao Serviço do Imobiliário e as Novas Técnicas Construtivas, Sustentabilidade e Eficiência Energética.
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