
O mercado de escritórios em Lisboa caiu a pique no primeiro semestre de 2023, tendo a ocupação atingido (apenas) os 38.000 metros quadrados (m2), menos 77% que no mesmo período do ano passado e o valor mais baixo da última década (desde 2013). Números que mostram que o mercado de escritórios está a atravessar um “período desafiante”, segundo a Savills Portugal.
De acordo com a consultora imobiliária, há outro indicador importante a ter em conta: o volume médio de absorção para a primeira metade dos últimos cinco anos revela também um grande decréscimo, de 58%.
Nos primeiros seis meses do ano, o Parque das Nações (Zona 5) e o Corredor Oeste (Zona 6) foram as zonas com melhor desempenho, tendo sido responsáveis por mais de 40% do volume total de absorção, contribuindo cada uma com 25% e 18%, respetivamente.
“Todas as zonas do mercado, sem exceção, registaram um declínio no volume de absorção em comparação com os últimos cinco anos, com a Zona Prime CBD (Zona 1) e as Novas Zonas de Escritórios (Zona 3) a registarem os maiores decréscimos de desempenho, acima dos 70%”, refere a Savills e comunicado.

“Incerteza” e “cautela”
Citado na nota, Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal, afirma que estes resultados “enquadram-se no cenário económico de grande incerteza e de maior cautela nos processos de decisão, que afetam principalmente as empresas de média e pequena dimensão”. “A adicionar a esta conjuntura menos favorável, temos também uma falta de stock disponível de espaços de escritórios de qualidade e a afirmação gradual de uma nova tendência de ocupação de espaços, como os espaços flexíveis. Não obstante, acreditamos que a segunda metade do ano será mais dinâmica e fechará em resultados mais positivos. Os projetos em pipeline provam a confiança de investidores e promotores no nosso mercado de ocupação”, acrescenta.
Já Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, lembra que em 2022 viveu-se “um ano outlier, onde se bateu um recorde histórico de fecho de operações de pré-arrendamento para áreas de grande dimensão”. “O ano 2022 vai sempre inflacionar e influenciar negativamente as taxas de crescimento de 2023, não significando que haja de todo um abrandamento da procura”, explica.

Escritórios em queda também no Porto
No Porto, o mercado de escritórios somou um volume de absorção total de 25.184 m2. Embora o volume de absorção tenha sido 17% inferior ao registado no mesmo período do ano transato, foi 9% superior ao volume médio de absorção dos últimos quatro anos, conclui a consultora.
“Este resultado foi alcançado pelo fecho de 32 operações, incluindo sete operações com mais de 1.000 m2. Estas operações elevaram a área média ocupada do 1º semestre 2023 aos 787 m2”, refere a Savills, salientando que a zona Out of Town registou a melhor performance, com um volume de absorção total de 9.361 m2, seguida da Zona de Expansão com 8.058 m2.
Para Graça Cunha, Offices Associate da divisão do Porto da Savills Portugal, o final do primeiro semestre foi “marcado por análises cuidadas e decisões ponderadas”, continuando o mercado de escritórios no Porto, no entanto, “a demonstrar uma estabilidade notável”.
“(…) A construção de novos projetos de escritórios tem contribuído para atrair um leque diversificado de empresas de diferentes setores e nacionalidades. Esta tendência é particularmente notória nas áreas em redor do Porto, como Matosinhos, onde se localizam muitos destes novos projetos. Todos estes fatores conjugam-se para fazer do Porto um destino cada vez mais atrativo para as empresas que procuram estabelecer uma presença num mercado dinâmico e com visão de futuro”, conclui.
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