Com organização, clareza e, se necessário, apoio profissional, esta procura pode ser mais fácil e consciente.
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Encontrar casa é, hoje, uma verdadeira prova de resistência. Entre a escassez de imóveis disponíveis e os preços que não param de subir, muitos compradores e arrendatários sentem-se num campo de batalha desigual. 

Mas, apesar das dificuldades, há estratégias que podem ajudar a atravessar o processo de forma mais consciente, menos desgastante e até com maior probabilidade de sucesso.

Olhar de frente para a tua capacidade financeira

simulador crédito habitação
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O primeiro passo é perceber exatamente o que podes pagar. Pode parecer óbvio, mas muitos começam a procurar casas sem nunca terem feito esta reflexão, acabando por se apaixonar por imóveis que estão fora de alcance real.

Avalia o teu orçamento com realismo

  • Rendimento disponível: a prestação do crédito ou o valor da renda não deve ultrapassar 30% a 35% do rendimento líquido mensal do agregado.
  • Custos fixos adicionais: condomínio, IMI, seguro multirriscos, obras pontuais e contas mensais de água, luz e gás. São valores que, somados, podem alterar bastante a equação.
  • Poupança para entrada: no caso de compra, lembra-te que os bancos financiam, em média, até 80% do valor do imóvel (ou da avaliação). Precisas de pelo menos 20% do valor final disponível.

Um exemplo prático:

  • Se uma casa custa 200 mil euros, o banco poderá emprestar até 160 mil. Terás de garantir 40 mil euros de capitais próprios, a que se juntam despesas de escritura, impostos e comissões (cerca de 7% a 8% do valor total).

Simular antes de decidir

Recorre a um simulador de crédito à habitação que te permite testar cenários com diferentes prazos e taxas de juro. Esta simulação inicial dá-te um teto máximo claro e ajuda-te a focar a procura em casas que se encaixam no teu perfil.

Esta preparação é também uma ferramenta emocional: quanto mais claros forem os limites, menor é a frustração ao longo do processo.

Queres, precisas ou podes? A tríade essencial

Sonhar faz parte da procura de casa. Mas distinguir o que é inegociável do que é apenas desejável é fundamental para evitar frustrações. Esta lista, escrita no papel, ajuda a manter o foco quando visitas imóveis ou quando és confrontado com propostas que parecem boas demais para ser verdade.

Aqui entra a chamada “tríade essencial”:

  • O que precisas: condições mínimas sem as quais não faz sentido mudar, número de quartos, proximidade da escola ou transportes, acessibilidade.
  • O que queres: extras que aumentam qualidade de vida, mas que podes abdicar se necessário, varanda, garagem, lareira, jardim.
  • O que podes: dentro da realidade financeira e do mercado, aquilo que efetivamente consegues comprar ou arrendar.

Localização: mais do que um código postal

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A localização é um dos fatores que mais influencia o preço e a qualidade de vida. Por isso, é importante que esta escolha seja feita com rigor, sem te deixares guiar apenas pela emoção.

 E segue esta sugestão: visita o bairro em diferentes horários (manhã, noite, fins de semana). Só assim percebes como é a vida real da zona (trânsito, ruído, segurança, vizinhança).

Define bem onde queres viver

  • Zona principal: onde gostarias de viver se o orçamento não fosse problema.
  • Alternativas viáveis: bairros, freguesias ou até concelhos vizinhos com preços mais acessíveis.
  • Critérios objetivos: transportes públicos, escolas, comércio local, acessos rodoviários, equipamentos de saúde.

O fator “mobilidade”

Com o aumento do teletrabalho, muitas famílias começaram a aceitar morar em zonas mais afastadas, desde que com boas ligações rodoviárias ou ferroviárias. Avaliar este equilíbrio pode abrir novas oportunidades no mercado.

Estatísticas recentes mostram que o preço médio por metro quadrado em Lisboa ultrapassa os 4.000 euros, enquanto em zonas periféricas ronda os 2.500 a 3.000 euros. Este contraste pode ser decisivo na escolha.

Avaliar preços e mercado com calma

A pressão do mercado leva muitos compradores a fazer propostas rápidas, por medo de perder o imóvel. Mas esta pressa pode sair cara.

Aprende a comparar preços

  • Consulta regular de portais imobiliários: acompanha o preço por metro quadrado nas zonas-alvo.
  • Comparação entre imóveis semelhantes: não te fiques por um anúncio; compara tipologias, estado de conservação e localização.
  • Analisar tempo em mercado: se uma casa está há muito tempo anunciada, pode haver margem de negociação.

O papel de um profissional: na compra e no crédito habitação

Procurar um profissional para comprar casa
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Comprar ou arrendar casa é uma das maiores decisões financeiras da vida. Contar com um profissional pode ser um investimento que se traduz em poupança de tempo, energia e até dinheiro.

Encontrar a casa certa

Às vezes, durante o processo de procura e com a rapidez que as casas desaparecem do mercado, pode existir algum desespero. Ter um agente imobiliário experiente e com conhecimento da zona onde queres viver pode:

  • Tornar o processo mais fluido no que diz respeito a encontrar algumas oportunidades que se encaixem no que procuras;
  • Simplificar o agendamento de visitas e acompanhamento. 

Crédito habitação: porque optar por um intermediário de crédito? 

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Tratar sozinho do crédito habitação pode ser um pesadelo. Um intermediário de crédito faz essa ponte por ti: compara bancos, negocia taxas e acompanha-te até à escritura.

O intermediário de crédito é um profissional ou entidade autorizada pelo Banco de Portugal que atua como ponte entre os compradores e as instituições bancárias, simplificando todo o processo de financiamento. 

Preparação psicológica e emocional

Aqui reside um dos pontos mais esquecidos do processo: o desgaste emocional. Procurar casa implica lidar com frustrações, rejeições e decisões de grande impacto.

Psicólogos que trabalham a relação das pessoas com a habitação sublinham que a casa é mais do que paredes, é símbolo de estabilidade, futuro e pertença. Por isso, não é estranho que o processo seja emocionalmente exigente.

Dicas para resistir ao desgaste

  • Aceita que pode ser um processo longo: define prazos realistas — seis meses a um ano não é incomum.
  • Evita comparações: cada situação financeira e familiar é única. O facto de um amigo ter comprado em três meses não significa que será igual para ti.
  • Pausa quando necessário: se sentires saturação, interrompe por algumas semanas. Regressar com a cabeça limpa pode trazer nova perspetiva.
  • Celebra pequenas conquistas: encontrar um imóvel que cumpre 80% dos teus critérios já é uma vitória.

Como resistir à pressão externa

Resistir à pressão
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A pressão não vem apenas do mercado. Muitas vezes vem de familiares, amigos ou colegas. Conselhos, comparações e até julgamentos podem acrescentar ansiedade.

  • Filtra opiniões: escuta, mas lembra-te de que quem decide és tu.
  • Foca-te na tua realidade: orçamento, necessidades e estilo de vida.
  • Evita decisões precipitadas por medo de “ficar para trás”: o mercado é dinâmico e novas oportunidades surgem sempre.

Procurar casa vai além de uma simples compra. É um passo importante na construção do teu futuro, da tua estabilidade. Embora o processo seja desafiante, é possível fazê-lo com confiança e clareza, desde que saibas onde colocar o foco.

Lembra-te: paciência, planeamento financeiro e estratégias realistas são os teus maiores aliados. A casa certa vai aparecer: e quando acontecer, saberás que todo o esforço valeu a pena.

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