Tudo indica que sim. O BCE vai mesmo aumentar a taxa de juro diretora em julho, o que vai fazer subir ainda mais as taxas Euribor.
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Juros no crédito habitação
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O clima de instabilidade económica gerado pela guerra da Ucrânia e pela inflação deu gás à subida das taxas Euribor para todos os prazos, que já se fazia sentir desde o início do ano. E os juros para os novos créditos habitação já refletem este aumento das taxas de referência da Zona Euro. De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), os juros subiram para 1,06% em abril, sendo este o valor mais elevado desde julho de 2020. E tudo indica que isto é só o início de uma nova trajetória ascendente dos juros dos novos empréstimos da casa.

Há dez anos, no início de 2012, os juros dos novos créditos habitação rondavam os 4% e já nessa altura iniciavam uma longa rota descendente feita de altos e baixos. Desde então, as taxas de juro desceram tanto que ficaram inferiores a 1% em agosto de 2020 e atingiram mesmo o mínimo histórico de 0,76% em fevereiro de 2021. E, até ao final desse ano, estabilizaram em torno dos 0,8%. Note-se que este foi o momento em que foram registados os juros mais baixos desde que há registos contabilizados pelo BdP (janeiro de 2003).

Mas tudo mudou no início de 2022. Os juros dos novos créditos habitação começaram a dar sinais de subida logo em fevereiro (0,87%), uma tendência confirmada em março (1,03%) e, agora, em abril (1,06%). E tudo indica que vão continuar a subir, já que evoluem em linha com as taxas Euribor que estão a disparar para todos os prazos:

  • Euribor a 12 meses (a mais contratada nos novos contratos de crédito habitação): está positiva desde abril e está a aproximar-se dos 0,5% - a média de maio fixou-se nos 0,287%.
  • Euribor a 6 meses (dominante na totalidade de empréstimos da casa): embora ainda esteja negativa, está a aproximar-se cada vez mais de terrenos positivos, atingindo os -0,144% em maio.

Porque estão a subir as taxas Euribor?

O que justifica, afinal, esta evolução das taxas Euribor? A guerra da Ucrânia está a agravar a instabilidade económica e a fazer disparar a inflação em Portugal (8,0% em maio) e na Zona Euro (8,1% no mesmo mês) para máximos das últimas décadas. E para repor a estabilidade dos preços assegurada com uma inflação em torno dos 2%, o Banco Central Europeu (BCE) já confirmou que vai subir a taxa de juro diretora em julho pela primeira vez desde 2011 – resta agora saber quanto. Esta mudança na política monetária e financeira já havia sido colocada em cima da mesa no início de 2022 e começou logo a mexer nos mercados e a fazer subir as taxas Euribor.

Agora confirmada a primeira subida da taxa de juro diretora pelo BCE em julho, que poderá mesmo deixar o terreno negativo até ao final do terceiro trimestre - hoje esta taxa está nos -0,5% -, as taxas Euribor deverão subir ainda mais:

  • a Euribor a 12 meses atingiu mesmo os 0,417% no primeiro dia de junho, o maior valor desde agosto de 2014.
  • a Euribor a 6 meses alcançou os -0,034% no mesmo dia, o valor mais elevado desde novembro de 2015.

“É certo que continuaremos a assistir a um aumento da Euribor, apesar de não existir certeza que valores poderá alcançar", comenta Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação Portugal. 

E como é que este cenário vai afetar os empréstimos da casa? O aumento das taxas Euribor e, em resultado, das taxas de juro vão encarecer as prestações da casa em várias dezenas de euros para os empréstimos de taxa variável, tal como simulamos aqui. E, além disso, a amortização de capital também vai desacelerar, porque o aumento dos juros na prestação da casa faz encolher a quantidade de capital a amortizar na dívida.

Para quem não quer estar exposto à volatilidade do mercado, o mesmo responsável sublinha que "a solução adequada pode ser a taxa fixa já que dá tranquilidade no momento de subida das taxas de juro".

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