Sandra Fragoso, gestora do SIL, fala ao idealista/news sobre a edição deste ano do SIL e da Tektónica, que decorrem até domingo.
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SIL 2022 abre portas: “Apesar dos desafios, setor continua resiliente”
Sandra Bértolo Fragoso, gestora do SIL, e imagem da edição de 2021 do SIL SIL

Quatro dias de olhos postos no setor imobiliário e da construção. A FIL – Centro de Exposições e Congressos de Lisboa, no Parque das Nações, volta a receber as duas principais feiras do setor do país: o Salão Imobiliário de Portugal (SIL) e a Tektónica – Feira Internacional de Construção abrem portas esta quinta-feira e decorrem até domingo (15 de maio de 2022). Este ano, e ainda com o “fantasma” da pandemia a pairar, decorrem de novo em simultâneo, mas num inesperado cenário de guerra, de inflação alta e de elevados custos de construção, por exemplo. Sandra Bértolo Fragoso, gestora do SIL, diz ao idealista/news que “este novo contexto geopolítico tem efeitos na maioria dos setores da economia” e que o SIL não está “imune aos efeitos da guerra na Ucrânia”. Deixa, no entanto, um sinal de otimismo para o futuro: “Apesar de todos estes desafios, o setor continua resiliente e com uma procura superior à oferta”. 

Segundo a responsável, “o mercado imobiliário enfrenta grandes desafios no contexto geopolítico atual”, entre eles “o aumento do preço das matérias-primas e dos materiais de construção”. Outro tema incontornável nos dias de hoje está relacionado com a aposta cada vez maior na sustentabilidade. Sobre este assunto, Sandra Fragoso considera que “são apontadas várias tendências para um futuro urbano resiliente e sustentável, onde a necessidade de edifícios e infraestruturas inteligentes e sustentáveis é evidente”. “É um desafio conseguir criar um equilíbrio entre a rentabilidade e a sustentabilidade no setor imobiliário”, comenta.

Sobre o SIL 2022, a gestora adianta que serão ocupados os dois pavilhões da FIL, o Pavilhão Multiusos, a área exterior entre pavilhões e ainda o PT Meeting Center, onde vão decorrer as conferências do SIL. “Iremos ocupar mais de 30.000 m2 num total superior a 250 expositores”, conta.

Estes são alguns dos temas abordados na entrevista com Sandra Fragoso, que pode ser lida em baixo na íntegra. De recordar que o horário de funcionamento do SIL e da Tektónica é das 10h às 19h nos dias 12 e 13 de maio e das 14h às 20h nos dias 14 e 15 de maio. 

Salão Imobiliário de Portugal
Sandra Bértolo Fragoso, gestora do SIL SIL

A edição deste ano do SIL promete ser diferente das anteriores, desde logo por se realizar numa outra data? Que impacto pode ter esta mudança na organização da feira?

A Fundação AIP decidiu antecipar o SIL para o 1º semestre do ano, considerando que há uma maior apetência nesse período para aquisição de ativos imobiliários. Além disso, esta nova data alarga as potencialidades do salão em segmentos específicos do setor, designadamente no setor residencial turístico. Este segmento, retirará maior retorno da participação no SIL, apresentando os seus ativos quer para venda quer para arrendamento temporário (verão).

De referir que se mantém a simultaneidade com a Tektónica, salão líder da construção em Portugal. Sendo os dois eventos complementares, existe um incremento de sinergias que irão beneficiar expositores e visitantes. O bilhete de acesso ao SIL é válido para a Tektónica e vice-versa.

O que se pode esperar do SIL 2022? O que distinguirá esta edição das anteriores? 

O SIL 2022 continua a ser ponto de encontro do setor, afirmando-se como o marketplace de referência. Nesta edição uma das novidades é o SIL Cidades, que pretende dar maior visibilidade às mesmas através da participação dos municípios, quer na exposição, quer nas conferências, na medida em que estas assumem um papel cada vez mais importante na captação de investimento nacional e estrangeiro, pois é nas cidades que se encontram mais oportunidades. 

Os municípios darão a conhecer os seus ativos imobiliários e todas as suas potencialidades aos investidores e aos cidadãos em geral. Participarão cidades com características diferentes, dimensões diferentes, em geografias diferentes, mas que em comum têm a procura de abordagens e serviços inclusivos e sustentáveis para o desenvolvimento das suas cidades, que garantam a participação dos cidadãos, o acesso à habitação, aos equipamentos e proporcionem qualidade de vida num ambiente sustentável.

Este ano, contamos pela primeira vez com a presença do Porto, de Vila Nova de Gaia e Santarém, a par da assídua presença de Lisboa como coorganizador do evento.

"O SIL 2022 continua a ser ponto de encontro do setor, afirmando-se como o marketplace de referência. (...) Este ano, contamos pela primeira vez com a presença do Porto, de Vila Nova de Gaia e Santarém, a par da assídua presença de Lisboa como coorganizador do evento"

O SIL Cidades será um espaço de excelência na exposição e abrirá as Conferências do SIL, no âmbito do SIL Investment Pro. 

De referir ainda que a Região Autónoma da Madeira (RAM) é a Região convidada do SIL 2022, o que muito nos regozija, por ser uma zona tão rica no setor imobiliário e turístico, que irá por certo possibilitar ao público e profissionais conhecer os seus ativos imobiliários, as inúmeras oportunidades para investimento.

Citando Miguel Albuquerque, Presidente do Governo Regional da Madeira: "As transações de imóveis na RAM no biénio 2019-2020 geraram cerca de 920 milhões, sendo que 16% corresponderam a vendas a não residentes. O Governo Regional, reconhecendo o peso económico do setor imobiliário, apoia ativamente as empresas madeirenses na angariação de clientes com elevado poder aquisitivo. O SIL é um ponto de encontro obrigatório para conhecer as últimas tendências dos principais especialistas do setor imobiliário e identificar potencias parceiros e negócios, sendo por isso a presença das empresas madeirense ligadas ao setor extremamente importante na estratégia promocional do Governo Regional”.

SIL 2022 volta a realizar-se na FIL, em Lisboa
Edição de 2021 do SIL SIL

Estão confirmados mais de 200 expositores, certo? Serão mais que no ano passado? E face a 2019, antes da pandemia, qual é a diferença?

Recordamos que o SIL e a Tektónica foram dos poucos eventos na Europa que se realizaram em 2020 de forma hibrida e que no ano passado ocuparam dois pavilhões, num total de mais de 200 expositores, que mais uma vez voltaram a juntar-se: Tektónica e SIL, eventos complementares de construção e imobiliário, respetivamente, que puderam ser visitados em simultâneo, existindo assim um incremento das sinergias inerentes aos sectores em exposição. 

Os números superaram as expectativas. Além de um aumento muito significativo do número de expositores face a 2020, demonstrativo da vontade e determinação de ambos os setores no regresso aos eventos presenciais e que se evidenciou pela ocupação de dois pavilhões – mais de 20 mil metros quadrados (m2) – também o número de visitantes demonstrou a vontade que o público tinha, profissional e público em geral, de voltar às feiras: mais de 12 mil visitantes passaram por ambas as feiras, entre os dias 6 e 10 de outubro de 2021.  

"Nesta edição vamos ocupar os dois pavilhões da FIL, o Pavilhão Multiusos, a área exterior entre pavilhões e ainda o PT Meeting Center, onde vão decorrer as conferências do SIL. Iremos ocupar mais de 30.000 m2 num total superior a 250 expositores"

Nesta edição vamos ocupar os dois pavilhões da FIL, o Pavilhão Multiusos, a área exterior entre pavilhões e ainda o PT Meeting Center, onde vão decorrer as conferências do SIL. Iremos ocupar mais de 30.000 m2 num total superior a 250 expositores.

O SIL 2022 realiza-se num contexto económico e financeiro complicado, marcado pela guerra na Ucrânia, pela subida da inflação, dos custos de construção, dos juros etc. Que impacto poderão ter estes e outros temas no desenrolar do evento?

O SIL é uma plataforma para a internacionalização e, nessa medida, este novo contexto geopolítico tem efeitos na maioria dos setores da economia e obviamente também se reflete no imobiliário, não estando assim o SIL imune aos efeitos da guerra na Ucrânia. Mas importa igualmente considerar que este cenário de guerra também gera novas oportunidades de investimento no setor imobiliário nacional por via da deslocalização de investimentos de outras geografias mais expostas ao conflito. Portugal ainda este ano foi referido em 4º lugar no ranking dos países mais pacíficos do mundo (Global Peace Index do Institute for Economics and Peace).

O SIL é também palco para debate e reflexão sobre as problemáticas do setor. Além do SIL Cidades, que abordará os temas “O passado, o presente e o futuro das cidades” e “Business plan para uma cidade sustentável”, realizar-se-á o SIL Investment Pro – powered by APPII. Nesta última conferência, os temas em cima da mesa são: “Como está o Imobiliário a lidar com as novas Diretivas Europeias no desempenho energético?” e “O Impacto geopolítico no imobiliário e o aumento dos custos na construção”. 

"(...) Este cenário de guerra também gera novas oportunidades de investimento no setor imobiliário nacional por via da deslocalização de investimentos de outras geografias mais expostas ao conflito"

O SIL está atento à evolução do mercado e promove o encontro de experts nas diversas matérias mais desafiantes e problemáticas para o setor, com o objetivo de potenciar network e consequentemente gerar diretrizes e estratégias de sucesso.

SIL 2022
Edição do ano passado do SIL SIL

E para o setor imobiliário em geral? 

O mercado imobiliário enfrenta grandes desafios no contexto geopolítico atual. Após a crise pandémica, ainda não superada, enfrentamos uma série de dificuldades que advêm da guerra, tais como o aumento do preço das matérias-primas e dos materiais de construção.

A ameaça ambiental é uma realidade e, nesse âmbito, a responsabilidade das cidades e o papel do setor imobiliário são determinantes. São apontadas várias tendências para um futuro urbano resiliente e sustentável, onde a necessidade de edifícios e infra-estruturas inteligentes e sustentáveis é evidente. É um desafio conseguir criar um equilíbrio entre a rentabilidade e a sustentabilidade no setor imobiliário. É fundamental que vão surgindo mecanismos como o Financiamento Sustentável, alinhado com os Princípios de Obrigações Verdes (Green Bond Principles) e com as Diretrizes de Obrigações de Sustentabilidade (Sustainability Bond Guidelines), publicadas em junho de 2021 pela Associação Internacional do Mercados de Capitais.

"São apontadas várias tendências para um futuro urbano resiliente e sustentável, onde a necessidade de edifícios e infra-estruturas inteligentes e sustentáveis é evidente. É um desafio conseguir criar um equilíbrio entre a rentabilidade e a sustentabilidade no setor imobiliário"

Estamos optimistas com esta capacidade do setor imobiliário, que se refletirá por certo no SIL, e podemos desde já destacar o incremento de expositores face à edição anterior (não esquecendo que o SIL se realizou há menos de seis meses) e o reflexo na mais representativa presença de municípios na feira. O SIL será mais uma vez o ponto de encontro dos investidores, empresários, técnicos, organismos públicos e público potencial comprador, proporcionando network, concretização de negócios e debate sobre os desafios que o setor enfrenta. 

E que efeitos pode ter o atual contexto para o cliente final, para as famílias que querem comprar casa?

A incerteza e a instabilidade na Europa está a gerar um incremento na subida de preços dos materiais de construção, que irão refletir-se num aumento de preço dos ativos imobiliários, e ainda a previsão da subida das taxas de juro, que poderá ser um desafio para as famílias que queiram comprar casa. Mas apesar de todos estes desafios, o setor continua resiliente e com uma procura superior à oferta.

"Estamos optimistas com esta capacidade do setor imobiliário, que se refletirá por certo no SIL, e podemos desde já destacar o incremento de expositores face à edição anterior (não esquecendo que o SIL se realizou há menos de seis meses)"

A falta de stock de casas é um problema apontado pelo setor. Como avalia este cenário no imediato e no médio prazo? Há projetos em carteira suficientes para cobrir a procura? 

A procura continua a ser superior à oferta, mas não nos podemos esquecer que a situação não reflete todo o território nacional. No médio prazo teremos de ir avaliando a evolução da situação geopolítica atual e as consequências que daí advêm.

Muito se tem falado em sustentabilidade, transição energética, eficiência energética, descarbonização etc. O SIL pode ajudar a contribuir para esta tão falada mudança? 

O SIL acompanha o mercado e é o marktplace ideal para mostrar o que de melhor se faz em Portugal neste contexto. Exemplo disso é uma das temáticas em foco nas conferências: “Como está o Imobiliário a lidar com as novas Diretivas Europeias no desempenho energético?” 

"(...) Apesar de todos os desafios, o setor continua resiliente e com uma procura superior à oferta"

Estando atentos a esta temática tão importante, iremos ainda atribuir um prémio ao melhor empreendimento na categoria “Construção Sustentável e Eficiência Energética”, no âmbito dos Prémios SIL do Imobiliário.

Que importância têm estes temas no presente e futuro do setor imobiliário?

Têm extrema importância, pois são temáticas que não se podem ignorar, estando presentes na agenda política nacional e internacional. O setor imobiliário está atento e tem feito uma forte aposta na construção sustentável, sendo já uma realidade quer na construção nova, quer na reabilitação.

Atrasos nos licenciamentos de projetos e obras, fraca dinamização do mercado de arrendamento, casas cada vez mais caras. Estas são algumas das “queixas” apresentadas frequentemente pelos vários players do setor. O SIL pode, de certa forma, contribuir para contribuir para dar resposta a estes e outros “problemas”? Como? De que forma?

Sendo o SIL o ponto de encontro de investidores, empresários, técnicos e entidades públicas é, sem dúvida, o local de excelência para reflexão e debate sobre as políticas mais ajustadas para a resolução dos desafios que o mercado imobiliário atravessa.

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