Projeto com 251 apartamentos é promovido pelos grupos Promiris e Thomas & Piron e tem a assinatura da Saraiva + Associados.
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Casas novas em Vila Nova de Gaia
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O projeto residencial Gaia Hills, promovido pelos grupos belgas Promiris e Thomas & Piron, está a poucos meses de sair do papel. Serão 251 apartamentos – a versão inicial previa a construção de 270 fogos – que prometem dar nova vida a Vila Nova de Gaia. Um empreendimento dividido em quatro lotes residenciais (Parque, Ágora, Douro e Gaia) que se encontram junto ao rio Douro e com vista para o Porto. A este lote soma-se um quinto, na zona norte da arriba, denominado Floresta, que será um parque. A sintonia com a natureza e com as vinhas típicas da região está bem presente em todo o projeto residencial, que tem a assinatura do atelier Saraiva + Associados. 

O Gaia Hills é um dos vários projetos que a promotora imobiliária belga Promiris está a desenvolver em Portugal, neste caso concreto com a Thomas & Piron, conforme revelou ao idealista/news no início do ano Christian Terlinden, Managing Partner da Promiris. Acontece que o projeto sofreu algumas alterações face à versão original. "A grande modificação entre o loteamento inicial e o atual é a quebra da massa edificada. A própria implantação do lote Ágora foi alterada, de modo a criar uma grande praça de usufruto público – está-se a devolver cidade e memória a todos os habitantes. Esse espaço exterior será multifuncional, poderá ser espaço de esplanada ou poderá albergar um concerto, por exemplo. Será um espaço de reunião e de diferentes atividades. Um miradouro com vista para o rio Douro e o Porto. Houve uma preocupação constante em melhorar o espaço. Há mais espaços verdes”, diz o responsável, durante a apresentação do projeto, que decorreu no gabinete de arquitetura da Saraiva + Associados. 

“Não queríamos criar habitação somente para venda, queríamos criar experiências. Não só na habitação em si, como na relação entre a habitação e o exterior, todo o espaço que está à volta. Quisemos trazer todos os sentidos para o projeto. A relação entre a água e a natureza foi o ponto de partida”, explica Inês Pinto, Project Director and Concept Architect da Saraiva + Associados.

“O loteamento original tinha uma massa muito edificada. O nosso primeiro gesto foi quebrá-la e criar um segundo eixo. Subtraímos uma pequena área”, acrescenta, salientando que as vinhas serão uma referência em torno do projeto, até porque “as plataformas do Douro são trazidas para o projeto”. “O loteamento original era feito de muros, barreiras físicas e visuais. Não quisemos isso, queríamos criar um gesto contínuo. Conseguimos partir todo o terreno em plataformas. Qualquer pessoa pode entrar e fazer todos os percursos que quiser na zona pública. E quem está do lado do Porto também tem outra perspetiva, em vez de ter paredes, tem plataformas, algo suave”, comenta ainda a responsável.

Construção nova em Vila Nova de Gaia
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“O edificado é tragado pela natureza”

Também presente na sessão de apresentação do projeto ao idealista/news esteve Paulo de Sousa, Senior Partner da Saraiva + Associados. Segundo o arquiteto, com este projeto “retoma-se a temática da vinha, e vai-se buscar essa imagem, que é a que está associada ao Douro, porque é do lado de Gaia que estão as adegas e o vinho”. “Quebrámos o volume do loteamento, que se virava para o Porto de forma agressiva, e criou-se um espaço de comunhão perfeita com a natureza e com a paisagem”, adianta.

“O edificado é tragado pela natureza. Estamos a falar de natureza e edifícios. Além de tirarmos a volumetria, de colocarmos as vinhas do Douro, reorientámos parte dos edifícios, que estavam muito virados para si. Fizemos uma rotação que melhora a vida das pessoas que vão habitar as casas, e assim estamos a desafogar todo o espaço”, complementa Inês Pinto.

“Volta a haver Vila Nova de Gaia. Esta proposta é qualitativa do ponto de vista arquitetónico, mas também urbano e social. Será criada uma nova zona de Gaia que não existia"
Paulo de Sousa, Senior Partner da Saraiva + Associados

Para Paulo de Sousa não há dúvidas, com este projeto “volta a haver Vila Nova de Gaia”. “Esta proposta é qualitativa do ponto de vista arquitetónico, mas também urbano e social. Será criada uma nova zona de Gaia que não existia”. O responsável considera, ainda, que com este empreendimento está a ser criado “um pedaço de cidade”: “Estamos virados para o rio com o verde nas costas. Estamos a dar oportunidade de Gaia respirar de novo, de ter um novo fôlego, e vão aparecer 251 habitações com apetência para mudar a forma de viver”. 

Christian Terlinden pretende que, com o Gaia Hills, caia por terra a ideia de que “os portuenses, quando pensem em morar numa casa, não pensem necessariamente no Porto, considerando que Vila Nova de Gaia é uma zona menos nobre ou atrativa”. “O objetivo é criar uma oferta de qualidade equivalente ao que se faz do outro lado do rio Douro, no Porto. Não é um prédio que estamos a construir, é um bairro, uma centralidade”, sublinha. 

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Obras arrancam em 2023 e casas serão evolutivas

O Gaia Hills começará a sair do papel em meados do próximo ano, prevendo-se que as obras possam arrancar na primavera, revela o Managing Partner da Promiris. “O projeto vai ser faseado. A primeira fase começa com os lotes Douro e Ágora. A modificação do alvará de loteamento vai sair em breve e a licença de arquitetura foi amplamente pré-discutida com a Câmara Municipal de Gaia, não havendo pontos de discussão ou atritos, por isso o processo deverá decorrer de forma relativamente rápida”. Já a conclusão das obras está estimada em 24 meses.  

"O objetivo é criar uma oferta de qualidade equivalente ao que se faz do outro lado do rio Douro, no Porto. Não é um prédio que estamos a construir, é um bairro, uma centralidade”
Christian Terlinden, Managing Partner da Promiris

Destaque para o facto de o empreendimento ser composto por casas evolutivas. “São casas com flexibilidade espacial”, refere Inês Pinto. Em certas tipologias – variam entre T0 e T5 – “queríamos que as pessoas se pudessem apropriar do espaço de diferentes formas”, salienta, frisando que o conceito de casas evolutivas está relacionado com a possibilidade de serem os ocupantes a atribuírem funções aos diferentes espaços. "Por exemplo, um casal que compre um T2, sem filhos, poderá utilizar o segundo quarto como continuação da sala (portas de fole que abrem esse espaço por completo). De dia poderá ser a continuação da sala e à noite poderá receber um amigo. Este é um conceito transversal ao projeto”, diz. 

“É, também, um fenómeno que é uma consequência do pós-Covid, em que as pessoas passam a trabalhar mais em casa e em que certas zonas podem ser convertidas em ‘home working’, por exemplo”, justifica Christian Terlinden.  

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Um “jogo de varandas e falsas varandas”

Uma das particularidades do projeto está relacionada com a fachada do projeto, bem como das várias varandas dos apartamentos, realça o responsável, enaltecendo que há uma espécie de “jogo de varandas e falsas varandas”. 

“Neste projeto foi importante pensar no jogo da sombra. Toda a fachada tem zonas com heras, se os ocupantes as quiserem colocar, claro. É uma atmosfera completamente diferente. É todo o trabalho da fachada através das varandas que dá caracter, personalidade, ao empreendimento. Há um jogo de vazios nas varandas, em vez de serem varandas corridas a toda a volta do empreendimento. As varandas são encaradas enquanto um elemento de transição, uma segunda pele, que permitem a desmaterialização da fachada", conta Inês Pinto.  

"Neste projeto foi importante pensar no jogo da sombra. Toda a fachada tem zonas com heras, se os ocupantes as quiserem colocar, claro. É uma atmosfera completamente diferente. É todo o trabalho da fachada através das varandas que dá caracter, personalidade, ao empreendimento. Há um jogo de vazios nas varandas, em vez de serem varandas corridas a toda a volta do empreendimento”
Inês Pinto, Project Director and Concept Architect da Saraiva + Associados.

Paulo de Sousa detalha que “cada módulo de varanda cria um momento e não um espaço contínuo sem fim”. O edifício passa a ser orgânico”, explica. “Dá a impressão que são varandas corridas, mas não são, de todo”, frisa Christian Terlinden. 

Casas novas em Vila Nova de Gaia com vista para o rio Douro
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“Comprador alvo é o português” e sustentabilidade é aposta

“O comprador alvo é o português, para habitar ou para investir”, afirma o responsável da Promiris. A verdade é que, apesar de ainda estar apenas no papel, o Gaia Hills está a despertar a curiosidade de muitas pessoas, tendo as promotoras imobiliárias responsáveis pelo projeto já recebido cerca de 150 pedidos de informação, o que deixa antever que a fase de vendas possa ser um sucesso. 

Sustentabilidade é, também neste projeto, palavra de ordem. “Há sem dúvida uma grande preocupação ecológica. Vai ser um edifício emblemático em termos de sustentabilidade, energia passiva etc.”, adianta, dando como exemplo a existência de um sistema de aproveitamento da água da chuva para irrigação e/ou para uso em descargas sanitárias. 

Relativamente aos materiais a utilizar, serão predominantemente de origem nacional. “Há uma coerência no empreendimento que é trazida pelo material e pelo verde. Os embasamentos, por exemplo são todos com granito”, indica Inês Pinto. 

“Será dada prioridade à utilização de materiais nacionais, tanto quando possível. A ecologia gira também nestes fluxos que são aprovisionamentos”, remata David Carreira, Senior Project Manager da Thomas & Piron, que também marcou presença na sessão de apresentação do projeto. 

Promoção imobiliária residencial no Grande Porto
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1 Comentários:

Tiago Teixeira
4 Novembro 2022, 17:48

É sem dúvida um projeto interessante e a notícia toca em vários pontos importantes para as famílias que vão habitar nessa zona e em como toda a zona deverá ser um espaço para o cidadão. É pena que a APDL queira destruir completamente essa zona e criar um porto gigantesco para os navios de cruzeiro. Acho inacreditável a falta de bom senso com um projeto como esse que irá certamente arruinar uma zona que deveria ser um exemplo de comunidade em Gaia.

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