
Encontrar a casa ideal para viver é uma verdadeira aventura para as famílias. Desde logo, são vários os fatores que têm de ser colocados em cima da mesa, como a localização, o orçamento, as poupanças disponíveis, a mobilidade e a proximidade entre família e amigos.
A verdade é que uma das primeiras decisões que se tem de tomar tem que ver com a localização. Portanto, quer estejas a pensar em comprar ou arrendar casa, deves definir qual é o melhor lugar para viver, já que a localização da tua futura habitação poderá influenciar a tua qualidade de vida, bem como o custo da casa.
Escolher qual o melhor lugar para morar em Portugal é, decerto, umas das tarefas mais difíceis para quem está à procura de casa. E para te ajudar neste desafio, fazer uma lista de possíveis localizações poderá ser boa ideia. Neste artigo preparado pelo idealista/news, damos-te várias dicas que te vão ajudar a encontrar o lugar certo para viver em Portugal e começar uma nova etapa em 2023.
Viver em Portugal: cidade ou campo?
Na hora de escolher o melhor lugar para comprar ou arrendar casa, a família deve, desde logo, perceber onde se sente mais confortável: se é viver num grande centro urbano agitado e energético ou se é morar com a paz e o sossego que o campo oferece.
A verdade é que com a pandemia, esta passou a ser uma questão ainda mais pertinente. Muitas foram as famílias que, tendo a possibilidade de aderir ao teletrabalho, preferiam deixar as suas casas nas grandes cidades e passar a viver no meio rural, procurando uma melhor qualidade de vida. Com os longos períodos de confinamento, as pessoas começaram a preferir viver em Portugal com um estilo de vida mais tranquilo e com maior proximidade com a natureza.
No entanto, a acessibilidade às escolas, hospitais centrais, serviços, bancos, bem como as oportunidades de emprego são maiores nas grandes cidades. Por isso é que Lisboa, Porto, Cascais, Braga e Coimbra, ainda continuam a ser consideradas as melhores cidades para viver em Portugal, segundo o top 5 da Bloom Consulting PCB Ranking 2022.
Além das acessibilidades, das infraestruturas e dos serviços, há ainda outro fator que pesa - e muito - na decisão: os preços das casas. A verdade é que tanto as casas para comprar como para arrendar são mais caras nos centros urbanos do que no campo. No interior do nosso país é onde se concentram o maior número de municípios que possuem as casas mais baratas para comprar, bem como as rendas mais acessíveis às carteiras das famílias.

Comprar ou arrendar casa em Portugal: o que escolher?
Na hora de procurar uma nova casa para morar, as famílias devem filtrar a pesquisa consoante o tipo de oferta. Isto é, devem decidir se pretendem arrendar casa ou avançar para a compra de uma habitação. A questão aqui pretende-se com o estilo de vida, bem como com o orçamento disponível.
O mercado de arrendamento é mais flexível, adaptando-se melhor a quem está em mobilidade profissional ou não tem estabilidade financeira ou pessoal para assumir um compromisso de longo prazo. Isto porque no momento de arrendar casa é apenas exigido o pagamento de uma ou mais rendas da casa, bem como da caução. O esforço financeiro inicial para arrendar casa é, portanto, bem menor do que o exigido no momento da compra de uma habitação.
Já comprar de casa é considerado um investimento para a vida, sobretudo se as famílias têm de recorrer a financiamento bancário. Este é um investimento muito superior. E, desde logo, há que pagar a entrada da casa (pelo menos 10% do valor concedido no empréstimo habitação) e ter capacidade financeira para pagar os impostos e assumir todos os encargos associados à contratação do crédito habitação. Portanto, antes de comprar casa as famílias têm de ter poupanças para garantir o pagamento de todos os encargos com o empréstimo habitação e ter estabilidade financeira para assegurar o cumprimento das prestações da casa ao longo do contrato.
A má notícia é que tanto as casas para arrendar como para comprar ficaram bem mais caras ao longo de 2022, tendo seguido a mesma linha de evolução já iniciada há vários anos. Mas os preços das casas não evoluíram de forma homogénea em todo o país.
Arrendar casa em Portugal: onde é mais barato?
Quem procura uma casa para arrendar num contexto de alta inflação depara-se com uma realidade: as rendas das habitações estão a ficar mais caras mês após mês. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a renda mediana dos novos contratos chegou aos 6,55 euros por metro quadrado (euros/m2) no verão, um valor 7,6% superior ao registado no verão de 2021.
As rendas das casas também não evoluíram de forma homogénea em todo o território nacional. É no interior do país onde os preços das casas para arrendar são mais acessíveis. O município de Castro Daire foi o que registou a renda da casa, em termos medianos, mais baixa de todas nos últimos 12 meses terminados no segundo semestre de 2022. O valor fixou-se em 2,31 euros/m2 neste concelho, ou seja, é possível arrendar uma habitação de 100 m2 por 231 euros mensais. Também Carregal do Sal (2,35 euros/m2 ), Moimenta da Beira (2,4 euros/m2) e Sátão (2,42 euros/m2) estão entre os municípios que apresentam rendas mais baratas do país, mostram os dados do instituto.
Lisboa continua a ser onde as famílias têm de pagar mais para arrendar uma casa: a renda mediana situou-se nos 11,86 euros/m2 neste período. O que quer dizer que pagar a renda de uma casa de 100 m2 custa, em termos medianos, 1.186 euros mensais. Também em Cascais arrendar uma habitação tem um preço semelhante, de 11,56 euros/m2. Entre os municípios com rendas mais caras destaca-se ainda Oeiras (10,50 euros/m2), Porto (9,38 euros/m2), Almada (9,01 euros/m2) e Amadora (9,00 euros/m2).
Comprar casa em Portugal está mais caro: onde é que os preços são mais baixos?
A inflação chegou a Portugal em 2022 e contagiou toda a economia. O setor da construção também sentiu os seus efeitos, começando a ver os preços dos materiais a subir ainda mais, assim como o custo da mão de obra. Por conseguinte, o mercado residencial também ficou ainda mais caro, dando gás à subida dos preços das casas para comprar, que já estava em sentido ascendente desde o final de 2013. É isso mesmo que espelham os dados mais recentes do INE: as casas para comprar ficaram 13,1% mais caras no terceiro trimestre do ano face ao período homólogo.
Mas como estão a evoluir os preços das casas para comprar nos vários municípios do país? Há 209 municípios em Portugal onde é possível adquirir um novo lar por menos de 100 mil euros, em termos medianos. É precisamente no interior de Portugal, onde se concentram os concelhos onde há casas à venda mais acessíveis. Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, é o município onde se observa os preços medianos das habitações mais baixos de todo o país, custando apenas 177 euros/m2 nos últimos 12 meses terminados no segundo trimestre de 2022, mostram os dados do INE publicados em outubro. Isto quer dizer que uma casa de 100 m2 neste município pode custar pouco mais de 17 mil euros.
E, sem surpresa, é no litoral do país onde é mais caro adquirir uma habitação, com destaque para os municípios do Algarve e das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. Lisboa (3.704 euros/m2), Cascais (3.276 euros/m2) e Loulé (2.873 euros/m2) são os municípios com as habitações mais caras de todas.
Juros no crédito habitação a subir...
Além das casas estarem a ficar mais caras, os juros associados ao crédito habitação também subiram ao longo de 2022. As taxas Euribor estão nos patamares mais elevados nos últimos anos, depois de Banco Central Europeu (BCE) ter subido as taxas de juro diretoras em 250 pontos base para travar a alta inflação que se faz sentir na Europa. Em resultado, as taxas variáveis associadas ao crédito habitação estão mais elevadas e também as taxas fixas subiram, já que os bancos ajustam as ofertas ao preço do dinheiro.
Isto quer dizer que as famílias que optarem por comprar uma casa nova em 2023 têm de se preparar para pagar prestações da casa mais elevadas, além de todos os encargos associados ao início do contrato. O valor médio da prestação está a escalar, tendo-se fixado em 288 euros em novembro, o valor mais elevado desde maior 2009, mostram os dados do INE publicados em dezembro. Esta subida é o reflexo do aumento dos juros implícitos no conjunto dos contratos de crédito habitação, que foi de 1,597% em novembro, a taxa mais elevada desde dezembro de 2012 (1,624%).
Como viver em Portugal: distâncias e mobilidade
Outro critério relevante na hora de escolher uma zona para morar, é a questão das distâncias e mobilidades. É necessário pensar na rotina, no trabalho, faculdade, escola dos filhos e perceber os percursos que são feitos no dia a dia.
Quem usa o automóvel como principal meio de transporte, deve refletir e perceber as distâncias percorridas diariamente entre a zona da nova casa até ao local de trabalho, por exemplo, visto que é um meio de transporte mais dispendioso e menos sustentável. No entanto, é mais cómodo. E de notar até que existem locais de trabalho, por exemplo, que não têm acesso a transportes públicos.
Já as famílias que usam, sobretudo, transportes públicos devem equacionar quais são os transportes mais perto e preços dos passes disponíveis em cada zona. Esta é uma mobilidade mais amiga do ambiente e da carteira. Mas se os trajetos percorridos diariamente forem muito longos poderá tornar-se cansativo e, por isso, devemos colocar questões como:
- Qual será o tempo levo de casa ao trabalho nos transportes públicos?
- Quanto tempo levo de casa ao trabalho se for de carro?
- Qual é o gasto mensal nas deslocações (seja por transportes público ou viatura própria)?

Viver em Portugal: como é o custo de vida?
Durante a procura do melhor lugar para viver, temos de ter em perspetiva um ponto importante que é o custo de vida. Com a inflação em Portugal em alta - fixou-se nos 9,6% em dezembro, segundo a estimativa rápida do INE - é importante fazer contas ao peso que as despesas fixas e variáveis têm no orçamento familiar para perceber se é suportável o custo de vida na zona onde pretendes morar. Aqui entram, por exemplo, a renda da casa ou a prestação da casa (no caso da compra), bem como as despesas com a energia, gás, água, telecomunicações e combustíveis.
Nas grandes cidades, o custo de vida tende a ser maior, a nível da alimentação, transportes, rendas, imóveis, colégios e serviços que, por vezes, acaba por ser mais em conta nos subúrbios. Ainda assim, os estrangeiros que moram em Lisboa dizem estar satisfeitos com o custo de vida na capital, uma vez que os rendimentos familiares disponíveis são suficientes para ter uma vida confortável, tal como mostra o estudo da InterNations analisado pelo idealista/news.
O melhor mesmo é pesquisar pelo custo de vida de cada lugar que pensas morar em Portugal para conseguires fazer uma estimativa de quanto vais gastar ao fim do mês.

Morar em Portugal e a proximidade de família e amigos
Quando começamos a pensar em escolher uma zona para viver em Portugal, um fator que pesa na decisão é também a proximidade com o ciclo familiar e social. Estarmos rodeados da nossa família e amigos é essencial para o nosso bem-estar, visto que viver longe daqueles que são nos mais próximos pode tornar-se difícil de gerir em termos emocionais. Por isso, se a área onde consideras viver fica muito longe das pessoas que mais gostas, avalia se vale a pena sacrificar esses afetos. Até porque, por vezes, faz muita falta conversar com um amigo ou um familiar e partilhar momentos.

Melhores cidades para viver em Portugal: vizinhança e segurança
Portugal é considerado um dos 10 países mais seguros para se viver. Porém, verificar a segurança do local onde se deseja viver, continua a ser um critério essencial que garante a qualidade de vida e tranquilidade no dia a dia.
Uma boa forma de perceber a segurança da zona, é conhecendo a vizinhança. Falar com os moradores é uma boa estratégia para saber se a zona onde pretendes comprar ou arrendar casa é segura. Observar os espaços, os cafés, farmácias, supermercados, olhar para a dinâmica do local, a dinâmica das pessoas é importante para conferir todo o movimento, a segurança, a mobilidade e os locais de lazer dessa área. Sondar a vizinhança é, portanto, essencial de forma a que num futuro não existam dissabores, surpresas ou arrependimentos.

Melhor lugar para viver: pensar a longo prazo
A nossa última dica para escolher um lugar para morar em Portugal é pensar a longo prazo. Conseguir equacionar quais são os planos para o futuro é relevante. Se pretendes adotar um animal de estimação, ter filhos ou mudar de emprego são aspetos que deves ter em conta e que te vão ajudar a encontrar o imóvel e a zona ideal para ti. Visto que estes novos planos vão necessitar de algumas infraestruturas especificas e adequadas.
No caso de comprares casa, deves também ter em conta a tua folga orçamental para fazer face à subida das taxas de juro, caso optes pelo crédito habitação de taxa variável. Se optares pelo empréstimo habitação de taxa fixa, terás de assegurar que consegues cumprir com o pagamento daquela prestação da casa ao longo do contrato.
Posto isto, coloca numa balança os prós e contras de cada zona que selecionaste para ser a tua futura morada e faz as escolha mais acertada tendo em conta as tuas necessidades.
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