Portugal terá 5 stands na maior e mais importante feira do setor imobiliário do mundo, que se realiza em Cannes de 12 a 15 de março.
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Portugal no MIPIM 2024
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A maior e mais importante feira do setor imobiliário do mundo abre portas esta terça-feira (12 de março de 2024), realizando-se, como sempre, em Cannes (França) – termina sexta-feira. “A participação portuguesa tem vindo a crescer nos últimos anos, em número de participantes e em espaço de exposição”, diz ao idealista/news Rui Coelho, representante do MIPIM em Portugal. “Para as cidades e empresas portuguesas a participação no MIPIM é ainda mais importante do que para as de outras nacionalidades, pois o país é pequeno e tem pouca capacidade de investimento, sendo essencial a internacionalização”, acrescenta.

O MIPIM, recorde-se, volta a decorrer num contexto económico marcado por conflitos na Europa, por inflação alta, apesar de estar a abrandar, e por elevadas taxas de juro, com o Banco Central Europeu (BCE) a manter-se inflexível nesta matéria. A nível interno, Portugal está mergulhado numa crise habitacional e política: foi a votos e a Aliança Democrática (AD) ganhou ao PS as eleições legislativas pela margem mínima (elegeu 79 deputados e teve 29,49% dos votos e o PS elegeu 77 deputados e teve 28,66% dos votos). É tendo em conta este cenário que o MIPIM vai abrir portas, sendo esperada a participação de mais de 23.000 profissionais de cerca de 100 países. 

Portugal contará com a presença de cinco stands

  • Greater Porto (câmaras municipais do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia e cerca de 15 empresas/gerido pela GAIURB);
  • Região de Lisboa (câmaras Municipais de Lisboa, Almada e Vila Franca de Xira e cerca de 20 empresas/gerido pela Invest Lisboa); 
  • Cidade do Fundão
  • Sonae Sierra (com a Reify);
  • Greanvolt.

“A participação portuguesa tem vindo a crescer nos últimos anos, em número de participantes e em espaço de exposição, fruto de uma aposta conjunta e colaborativa entre as autoridades locais e as empresas em prol da promoção das suas cidades. Serão cerca de uma centena de empresas portuguesas no MIPIM, destacando-se as principais patrocinadoras dos stands do Greater Porto – Revito, Chave Nova e KEO – e da Região de Lisboa – Fidelidade (projeto de Entrecampos), Capinha Lopes Arquitetos, VIC Properties e Waya Hotels”, adianta Rui Coelho.

Que vantagens há em participar no MIPIM? 

Quando questionado sobre o que têm a ganhar as cidades/regiões e as empresas que têm stands no MIPIM, o responsável enumera as principais vantagens: 

  • “Promover, valorizar e captar investimento e empresas para os seus territórios, promovendo a criação de emprego e riqueza;
  • Promover e captar investimento e promotores para a implementação de projetos específicos das cidades, contribuindo assim para atingir os objetivos da cidade e dar resposta aos constrangimentos identificados. Veja-se a propósito os projetos de habitação acessível que o Greater Porto está a promover. Esta é a estratégia das cidades mais evoluídas: definem os objetivos e os incentivos que darão a quem desenvolver e implementar os projetos que a cidade precisa e utilizam o MIPIM para promover os projetos junto dos investidores e promotores que os vão desenvolver e financiar. Dessa forma desenvolvem-se muito mais rapidamente; 
  • É também uma forma de apoiar as empresas da região a promoverem-se internacionalmente e a desenvolverem-se (criação de emprego e riqueza);
  • Para as empresas, as principais vantagens são a facilidade de contactar, pessoalmente, com um número muito elevado de potenciais investidores, clientes, parceiros e fornecedores, durante um curto período e num mesmo lugar;
  • O MIPIM é também o lugar por excelência para ficar a par das tendências dos mercados e das inovações tecnológicas ou outras, que podem ter grande impacto nos negócios, bem como saber o que estão a fazer as melhores empresas (benchmarking);
  • O ambiente que se vive no MIPIM e o facto de, na prática, os stands coletivos das cidades serem uma espécie de parceria público-privada, permitem contactos entre empresas e entidades públicas que por vezes são difíceis de acontecer mesmo para quem vive na mesma cidade, e que podem ser muito benéficos. Já foram concretizados grandes negócios, entre portugueses, durante o MIPIM, o que à primeira vista poderia não fazer muito sentido;
  • Há também quem diga que as empresas do setor imobiliário se distinguem entre as que participam no MIPIM (Mipimers) e as que não participam, querendo com isto dizer que quem não participa não tem visibilidade internacional, o que como sabemos é importante num mercado pequeno e aberto ao investimento internacional”.
Habitação em destaque no MIPIM
Filipa Roseta, vereadora da habitação da Câmara Municipal de Lisboa Frederico Weinholtz para o idealista/news

Arrendamento acessível em Lisboa e Porto em destaque

A edição deste ano, desvenda Rui Coelho, estará centrada precisamente na habitação: “De tal forma que teremos uma conferência específica, ‘Housing Matters!', onde serão abordados temas como built to rent, coliving, multifamily housing, corporate housing etc. um dia antes de começar o MIPIM [esta segunda-feira, dia 11 de março de 2024], a que terão acesso todos os participantes”.

Numa outra conferência – o programa pode ser consultado aqui –, conta o representante do MIPIM em Portugal, estarão presentes os vereadores da habitação das câmaras municipais de Lisboa e Porto, Filipa Roseta e Pedro Baganha, respetivamente, para apresentar os programas de arrendamento acessível das duas cidades. “E os promotores VIZTA, KREST, e Fidelidade Properties irão falar sobre o mesmo tema”, frisa. 

Em destaque ao longo dos quatro dias de feira voltará a estar a sustentabilidade e os critérios Environmental, Social e Governance (ESG) no imobiliário, havendo uma área de exposição (“Road to Zero”) para as novas soluções e muitas conferências sobre o tema, adianta Rui Coelho, salientando que a organização do próprio evento teve grande preocupação em torná-lo mais sustentável. 

Menos investimentos em 2023 e sinais de otimismo para 2024

Rui Coelho aponta o dedo à incerteza causada pela alta inflação e consequente subida das taxas de juro para justificar a ideia de ter havido, em 2023, um “adiamento de investimentos e uma correção dos preços no setor imobiliário, designadamente na área dos escritórios”. A juntar a isso, analisa, está o facto de, a nível nacional, o mercado ter sido “afetado por decisões políticas e legislativas desvantajosas para os investidores”. 

“Quanto a 2024 há alguns sinais de otimismo, tendo em conta a expectativa da descida das taxas de juro, mas a evolução, em Portugal, vai depender dos resultados eleitorais e das políticas que forem seguidas posteriormente relativamente ao mercado imobiliário”, refere. 

Investimento imobiliário em Portugal
Foto de Renan na Unsplash

"Portugal tem características muito favoráveis à captação de investimento"

De uma coisa diz não ter dúvidas, a do país ter condições para continuar na mira dos investidores imobiliários: “Portugal tem algumas características muito favoráveis à captação de investimento, empresas, talentos e turistas. Que podem ter, como já verificado no passado, um impacto muito positivo em vários segmentos do setor imobiliário e na economia”. 

“Tudo depende das políticas que seguirmos: se forem favoráveis à captação de investimento, empresas, talentos e turistas podemos voltar a bater recordes de captação de investimento, que terão efeito positivo na criação de emprego e riqueza, mas se forem desfavoráveis, certamente afastaremos os investidores para outros mercados que competem connosco e teremos desemprego e pobreza”, explica. 

"[Alguns políticos tendem] a desvalorizar e até denegrir a importância do setor imobiliário, esquecendo que é aí que se criam as casas necessárias para habitar, os escritórios para trabalhar, os equipamentos logísticos tão necessários, etc.”

O representante do MIPIM em Portugal aponta o dedo a alguns políticos, acusando-os de tenderem “a desvalorizar e até denegrir a importância do setor imobiliário, esquecendo que é aí que se criam as casas necessárias para habitar, os escritórios para trabalhar, os equipamentos logísticos tão necessários, etc.”.

E acrescenta: “Esquecem também que há muitas empresas e empregos que dependem do setor e que é uma fileira em que muitos fatores de produção são nacionais, pelo que tem um efeito multiplicador na economia. Parecem não perceber que a valorização do imobiliário foi positiva para a economia, pois foram os ativos do país e das famílias que se valorizaram”.

Rui Coelho considera, desta forma, que Portugal tem tudo para ter sucesso na captação de investimento. “Só depende de saber se queremos ou não”, remata.

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