Há muitos imóveis a precisar de melhorias para serem mais sustentáveis, diz Miguel Kreiseler, Managing Director da MVGM Portugal.
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Sustentabilidade e eficiência energética no setor imobiliário
O edifício de escritórios Meridiano, em Lisboa, é gerido pela MVGM Portugal MGVM Portugal

Apostar na eficiência energética, na descarbonização e na sustentabilidade e ter em conta os critérios Environmental, Social e Governance (ESG) é algo que faz cada vez mais parte do quotidiano do setor imobiliário. E é também um assunto que não está a passar ao lado dos investidores, pelo contrário - para responder às novas exigências normativas, mas também porque gera mais valor e faz render negócios mais lucrativos. Isso mesmo revela ao idealista/news Miguel Kreiseler, Managing Director da gestora de ativos imobiliários MVGM Portugal. “A aposta na sustentabilidade nunca vem tarde, vem sempre a tempo”, afirma.  

“E bom ver que a sustentabilidade está cada vez mais a chegar às práticas do dia a dia. Quer eu, quer um conjunto de pessoas da minha equipa estamos atentos à sustentabilidade há muitos anos. É algo extremamente importante para os clientes. Temos uma equipa de sustentabilidade internacional que ajuda e apoia os clientes na implementação quer das várias certificações, quer na validação das suas práticas, quer na identificação de oportunidades de melhoria. Os nossos próprios planos de investimento estão muito ligados à área da sustentabilidade. É algo fundamental”, acrescenta. 

Segundo o responsável, há muitos imóveis que precisam de melhorias a vários níveis para se tornarem mais sustentáveis, quer sejam recentes ou não: “Há um trabalho de melhoria a fazer. E mesmo naqueles que já estão otimizados podemos sempre fazer mais. É um processo que faz parte dos próprios processos de certificação e há sempre qualquer coisa que podemos fazer, em que podemos ir mais além. Para isso é preciso gestão profissional, e é por isso que nós cá estamos a fazer este trabalho que alguns acham que é uma chatice”. 

Gestão de ativos imobiliários em Portugal
Miguel Kreiseler, Managing Director da gestora de ativos imobiliários MVGM Portugal MVGM Portugal

“Um sentimento de missão cumprida”

A valorização dos ativos imobiliários acaba por ser um resultado visível do trabalho de melhoria que muitas vezes é feito nos imóveis, nomeadamente em termos de eficiência energética e sustentabilidade, adianta Miguel Kreiseler, salientando que alguns acabam por ser vendidos por um valor bastante mais elevado. 

"Há um trabalho de melhoria a fazer. E mesmo naqueles que já estão otimizados podemos sempre fazer mais. É um processo que faz parte dos próprios processos de certificação e há sempre qualquer coisa que podemos fazer, em que podemos ir mais além"

“Nós fazemos esse trabalho de valorização, que muitas vezes é invisível. Há como que um sentimento de missão cumprida. Trabalhar com os clientes nesse plano de valorização e perceber como é que trazemos esses ativos à vida dá-nos muito gozo: olhar para trás e ver a diferença que fizemos numa série de vida, quer dos ativos, quer dos utilizadores, das pessoas. Este é o nosso trabalho. É contribuir para termos pessoas e utilizadores mais felizes e satisfeitos”, conta.

Centros comerciais e shoppings em Portugal
Campera Outlet Shopping, na zona do Carregado MVGM Portugal

A importância dos centros comerciais no pós-pandemia

A MVGM Portugal gere um conjunto de ativos imobiliários que totalizam cerca de 850.000 metros quadrados (m2) e que englobam mais de 30 edifícios de escritórios e multiusos, como por exemplo o edifício Meridiano, em Lisboa, e o Burgo, no Porto, e sete centros comerciais

  • W Shopping (Santarém); 
  • Forum Barreiro (Barreiro); 
  • Campera Shopping Village (Carregado); 
  • Ferrara Plaza (Paços de Ferreira); 
  • Espaço Mais Grijó (Grijó), 
  • Évora Retail Park (Évora);
  • Lago Discount (Vila Nova de Famalicão).

O foco está atualmente, no entanto, no segmento residencial, onde a MVGM já tem sob gestão mais de 300 apartamentos localizados na região da Grande Lisboa (Lisboa, Amadora, Sintra, Almada, Barreiro, Vila Franca e Setúbal).

Sobre o segmento de retalho/centros comerciais, Miguel Kreiseler considera que é um mercado que está maduro, sendo uma área “em que Portugal tem muita experiência e know how”. “O próximo passo será um reajuste, um renovar e uma revitalização destes projetos. Os centros comerciais, pelas suas características, podem ser melhorados ou reajustados em função das necessidades das zonas onde estão inseridos. Alguns vão trabalhar mais o efeito da proximidade, outros vão crescer e tornar-se ainda mais atrativos e fortes, outros vão ter de ser reinventados. Se calhar há áreas de negócio e serviços que vão chegar aos centros comerciais”, aponta.  

Quando questionado sobre se a pandemia trouxe uma mudança de paradigma, com o comércio online a ganhar força, o Managing Director da MVGM Portugal responde de forma clara: “Veio trazer um desafio, mas ao mesmo tempo veio permitir mostrar às pessoas a importância do físico. Nós gostamos de ir às compras nos centros comerciais, gostamos de ir às lojas. Os centros comerciais têm um papel importante, que é paradoxal e dual. Por um lado, no tema da entrega e da distribuição da última milha, posso comprar online e ir buscar ao centro comercial, ou devolver (um produto). Por outro lado, na área de exposição, prazer, utilização e descoberta de novos produtos. Se calhar daqui a uns anos vamos olhar para os centros comerciais e perceber que é uma experiência nova. O que queremos entregar aos clientes de centros comerciais são experiências”. 

Negócio dos centros comerciais continua atrativo para os investidores
Ferrara Plaza, em Paços de Ferreira MGVM Portugal

Logística? “Está a crescer e a tornar-se atrativo para os investidores”

A logística foi um dos segmentos do mercado imobiliário que ganhou maior dinâmica nos últimos tempos, com o aparecimento da pandemia. Será que a tendência veio para ficar? 

“É curioso que Portugal, durante muitos anos, funcionava um pouco ao contrário do resto da Europa, onde a indústria dos centros comerciais, no imobiliário comercial, era claramente a estrela, e a logística era a que funcionava menos bem”, explica o responsável, sublinhando que o facto de Portugal estar na ponta da Europa, do ponto de vista logístico, faz com que tenha menos operações. “Estamos no nosso cantinho e somos um mercado mais pequeno, e se calhar é esse o motivo para que a logística não seja tão estrela, mas tem vindo a crescer. E há mais investidores internacionais a vir para Portugal. Temos oportunidades, é um mercado que está a crescer e a tornar-se atrativo para os investidores”. 

Escritórios ao rubro em Lisboa e Porto
Edifício de esscritórios Burgo, no Porto, está sob gestão da MVGM Portugal MVGM Portugal

“Há uma forma diferente de lidar com os escritórios”

No que diz respeito ao segmento de escritórios, que poderá bater recordes este ano em termos de ocupação, Miguel Kreiseler assegura que “há uma forma diferente de lidar” com o setor. “O que notamos é a renovação e alteração do seu uso. Hoje os escritórios têm uma função completamente diferente. A generalidade das funções permite que as pessoas possam trabalhar a partir de casa ou do escritório. E em função do perfil da pessoa, da função, do trabalho que se está a fazer, as pessoas vão escolher se vão estar a trabalhar em casa, no escritório, no escritório numa zona de concentração, no escritório numa zona colaborativa. Há uma nova abordagem ao conceito de escritórios”. 

De uma coisa o Managing Director da MVGM Portugal diz não ter dúvidas: “Do ponto de vista da atração de novas empresas e de novos profissionais, o setor dos escritórios está claramente a crescer. Há várias multinacionais que têm vindo para cá, e o mesmo acontece com muitos profissionais que podem trabalhar a partir de qualquer parte. Há projetos de escritórios que estão a surgir e estamos a acompanhar e a trabalhar com investidores neles, o que nos dá imenso gozo”. 

"Temos de aproveitar o momento, porque sabemos que as modas são cíclicas, e vai haver uma altura em que vamos deixar de estar na moda"

“Vai haver uma altura em que vamos deixar de estar na moda”

Há muito tempo que os vários players que atuam no mercado imobiliário enaltecem o facto de Portugal ser um país que está na moda, que está no radar dos investidores. Mas o contexto atual é de inflação alta, de taxas de juro a subir, de custos de construção a disparar. Será, então, que este cenário se vai manter? 

Miguel Kreiseler adianta que a MVGM Portugal trabalha com vários investidores e de várias nacionalidades e considera que o país continua a centrar atenções, mas deixa um alerta. “Há uma diversidade grande e Portugal está claramente na moda. É muito interessante quando falamos com pessoas de outros países e dizem que Portugal é o sítio para onde querem vir. Temos de aproveitar o momento, porque sabemos que as modas são cíclicas, e vai haver uma altura em que vamos deixar de estar na moda”, remata.

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