Conquistar a independência e comprar uma casa - ou arrendar - é o objetivo de muitos. Mas esta mudança tem custos. Há que pagar a prestação do crédito habitação ou a renda da casa. E depois ainda há as faturas dos serviços de água, luz e gás. Mas qual é o peso destas despesas com a habitação nos orçamentos das famílias? Em Portugal, estes gastos com a casa representam mesmo a maior fatia das despesas do agregado – cerca de 19,4% em 2020, segundo os dados mais recentes do Eurostat. E olhando para os 27 estados-membros, salta à vista que Portugal é mesmo o sétimo país da UE onde os custos com a casa pesam menos no total de despesas familiares.
As despesas com a habitação pesaram mais na UE que em Portugal - em concreto mais 6,3 pontos percentuais (p.p). Isto porque a média dos 27 chegou aos 25,7% em 2020, aumentando 2,2 p.p. face a 2019. “Este aumento é consistente devido aos confinamentos e às medidas de controlo da mobilidade relacionadas com a pandemia Covid-19”, explica o gabinete de estatística europeu na nota publicada esta segunda-feira, dia 27 de dezembro de 2021.
E onde é que os custos com a casa pesam menos? Na Lituânia, que apresenta a percentagem mais baixa de todas (15,5%). E depois está Malta (16,8%), Chipre (18%), Roménia (18,8%), Estónia (19,3%) e, em sétimo lugar, Portugal com 19,4%.
Note-se que em cinco países do espaço europeu os agregados gastam mais em alimentação e em bebidas não alcoólicas que com a casa. Esta é uma realidade registada na Lituânia, Estónia, Roménia, Croácia e Bulgária, mostram os dados do Eurostat.
Quais são as despesas dos portugueses além da casa?
Já vimos que as despesas com a casa são as que têm maior peso no total de responsabilidades das famílias portuguesas. Mas que outros gastos têm os agregados? A alimentação e bebidas não alcoólicas é mesmo a segunda categoria onde se gastou mais dinheiro em território nacional em 2020, representando 18,9% do total de despesas. Este valor é 4,1 p.p. superior à média da UE.
O que os dados também mostram é que os custos com os restaurantes e hotéis (12,4%) nos orçamentos dos portugueses foram bem superiores à média dos 27 – em concreto 6,4 p.p -, mesmo com as restrições impostas durante o ano motivadas pela pandemia. E esta é mesmo a terceira categoria de despesa onde é despendido mais dinheiro no país – na UE é a sétima.
Pelo contrário, a educação é onde houve menos investimento das famílias no ano passado, já que representa apenas 1,5% do total de despesas familiares em Portugal. Ainda assim, é superior à média da UE (+0,6 p.p). Também a saúde está no top cinco das categorias que representam as menores despesas no país (5,1%).
Despesas com a casa aumentaram em 2021?
Em 2020, os gastos com a casa em Portugal representaram quase 20 euros em cada 100 euros de despesas familiares. A verdade é que de lá para cá os preços das casas, quer para arrendar quer para comprar, aumentaram – e muito. E os preços da energia e dos combustíveis também dispararam. A inflação está fazer-se sentir na UE – que já passou a barreira dos 4% em outubro – e embora Portugal esteja na cauda da Europa (com apenas 2,6% em novembro), também já está a refletir os seus efeitos.
Os preços das casas continuaram a subir mesmo durante a pandemia. E os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados na semana passada, mostram que os preços das casas voltaram a aumentar no terceiro trimestre de 2021 – em concreto 9,9%, revelando uma aceleração face ao mês anterior. E também o valor das rendas das casas em Portugal está a subir em flecha: a renda mediana de novos contratos de arrendamento cresceu 7,4% entre julho e setembro de 2021 face ao período homólogo para 6,08 euros por metro quadrado (euros/m2), segundo revelou o INE. Também os preços da energia não param de subir e estão mesmo a bater todos os recordes.
Estes aumentos refletiram-se na carteira dos portugueses em 2021 e vão continuar a pesar mais, já que estão previstos aumentos nas despesas com a casa em 2022. Os preços das casas para comprar deverão continuar a subir até 2024 - uma média de 4,6% ao ano -, o que reflete um abrandamento no crescimento sentido até agora, segundo conclui o relatório mais recente da S&P Global Ratings. Também o valor das rendas das casas deverá subir 0,43% já no próximo ano, isto é, cerca de 43 cêntimos por cada 100 euros de renda, segundo o INE. E a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos já veio a público anunciar que o preço da luz para os consumidores do mercado regulado vai subir 0,2% a partir de 1 de janeiro de 2022. A verdade é que se espera sentir o reflexo da inflação em vários setores.
1 Comentários:
Talvez para muita gente, mas no meu caso representa cerca de 33% e tenho a certeza que devem haver famílias com uma percentagem superior.
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