Euribor a 12 meses fixou-se nos 0,85% em junho enquanto a Euribor a 6 meses atingiu os 0,162%. Prestações da casa vão subir.
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Euribor no crédito habitação
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As taxas Euribor continuam a subir a todo o vapor. E aceleraram esta tendência depois do Banco Central Europeu (BCE) ter confirmado a subida da taxa de juro diretora para julho. A média mensal da Euribor a 12 meses atingiu os 0,85% em junho. E este é mesmo o valor mais elevado desde agosto de 2012. Sem surpresas, também a Euribor a 6 meses já está positiva, tendo atingido os 0,162% em junho.

Em apenas seis meses, a Euribor passou de mínimos históricos – situando-se em cerca de -0,5% – para atingir máximos dos últimos anos. E os especialistas de mercado acreditam que a tendência de subida apenas agora começou e que este “rally” vai mais longe, até porque o BCE vai mesmo começar a aumentar a taxa de juro diretora (em 25 pontos básicos em julho) e veio a público dizer que os juros vão deixar de estar no negativo já a partir de setembro.

A reagir a este contexto de incerteza estão as taxas Euribor que não param de subir desde meados de abril:

  • Euribor a 12 meses (a mais utilizada nos novos créditos habitação): está a subir mês após mês e a aproximar-se de 1%. Em junho, alcançou os 0,850%, tendo aumentado 0,575 pontos percentuais face a maio, quando a média mensal se fixou em 0,275%;
  • Euribor a 6 meses (a mais utilizada tendo em conta a totalidade dos contratos em Portugal): passou em definitivo para terrenos positivos. A média mensal situou-se nos 0,162% em junho, mais 0,306 p.p do que em maio (-0,144%).

Qual o impacto da subida da Euribor na prestação da casa?

Esta evolução das taxas Euribor vai impactar nas prestações mensais das casas dos portugueses. Quem tiver um crédito habitação de taxa variável vai ver a prestação subir assim que for revista – semestralmente no caso da Euribor a 6 meses e anualmente no caso da Euribor a 12 meses. A Associação de Utilizadores Financeiros (Asufin) alertou num estudo que quem rever as condições da sua hipoteca com a Euribor a 12 meses nas próximas semanas irá sentir um impacto de 1.000 euros por ano por via do aumento das prestações.

Em concreto, um crédito habitação de taxa de juro variável no valor de 150.000 euros, pagamento a 30 anos e com uma diferença na Euribor na ordem dos +0,99%, vai sentir um aumento da prestação mensal em cerca de 90 euros. Contas feitas, esta família irá desembolsar cerca de 1.083 euros por ano. Se o valor do empréstimo for de 300.000 euros, com as mesmas condições, o custo da prestação seria de 180,55 euros mais cara por mês e 2.100 euros mais elevada por ano.

Euribor a 12 meses
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Quanto vai subir a Euribor a 12 meses no futuro?

A má notícia para os mutuários é que o mercado assume que a Euribor a 12 meses vai continuar a subir a pique nos próximos meses. O departamento de análise do Bankinter alerta que o indicador se situará em cerca de 1,9% no final do ano, o que significaria regressar aos níveis de 2011. E prevê ainda que em 2023 se situe em torno de 2,2%, refletindo uma revisão em alta das suas previsões divulgadas há três meses. Por essa altura, recorde-se, o Bankinter antecipou que a Euribor a 12 meses estaria em torno dos 0,4% este ano e nos 0,8% em 2023. Por outro lado, a instituição bancária acredita que em 2024 possa haver uma leve queda (até voltar para cerca de 2%).

Segundo o diretor do Setor Financeiro da IE Business School, Manuel Romera, “a taxa vai subir muito mais do que as pessoas possam pensar nos próximos cinco anos". "Se a Euribor ficar em torno dos 3% a médio prazo, as prestações da casa podem subir 50%”, salientou.

O Banco da Espanha alertou que o aumento das taxas de juros causará problemas económicos a mais de um milhão de famílias, que serão obrigadas a destinar mais de 40% de sua renda ao pagamento de hipotecas e outros empréstimos. E não é a única organização que lançou este aviso. A Associação Hipotecária Espanhola (AHE) considera também que a subida das taxas poderá prejudicar a capacidade de milhares de famílias pagarem os seus créditos habitação, enquanto a Fundação das Caixas Económicas (Funcas) considera que este é o maior risco que o mercado imobiliário enfrenta, acima potenciais bolhas imobiliárias.

Também o Banco de Portugal alertou que com as “alterações nas condições de financiamento” bancário – como os novos prazos consoante a idades dos titulares e subida dos juros – há “o risco de uma redução dos preços no mercado imobiliário residencial”. Ainda assim, rejeita o crescimento significativo do incumprimento do crédito habitação.

Neste cenário, as famílias já estão de olhos postos na taxa de juro fixa, que oferece mais segurança às famílias, uma vez que a prestação da casa não mexe do início ao fim do contrato.

Prestação da casa a subir com a Euribor
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