Apesar dos desafios, Hipoges mostra-se focada "em atrair investimento para Portugal e encontrar soluções para investidores e clientes".
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Investimento imobiliário em Portugal
Luís Filipe Silveira, Director of Real Estate da Hipoges em Portugal Hipoges

A instabilidade em Portugal, a nível político, fiscal e legislativo, tem sido apontada por vários players nacionais e internacionais do setor imobiliário como um entrave a novos negócios. Um desafio constante, desabafam empresas de promoção, construção e mediação imobiliária. Luís Filipe Silveira, Director of Real Estate da Hipoges em Portugal, está entre estas vozes de alerta, avisando que “para captar investimento nacional ou estrangeiro é fundamental contar com um quadro normativo claro e estável no país”. Apesar de tudo isto, em entrevista ao idealista/news, o responsável salienta que a plataforma de referência no setor de Asset Management – está presente em Portugal desde 2009 – continuará focada “em atrair investimento para o país e encontrar soluções para os investidores e clientes finais”. 

O gestor revela ainda que a Hipoges, que foi fundada em 2008 em Madrid (Espanha), já tem “mais de 49.000 milhões de euros em ativos sob gestão (‘loan management’ e ‘real estate management’)” a nível global. “Isto significa que, desde 2008, conseguimos o feito de quintuplicar o volume de negócio e fortalecer a posição nos territórios onde estamos presentes – Portugal, Espanha, Itália e Grécia – no Sul da Europa”, indica. 

A nível nacional, adianta Luís Filipe Silveira, a Hipoges tem 7,5 mil milhões de euros em ativos sob gestão e cerca de 5 mil imóveis sob gestão. “São mais de 30 carteiras de clientes e sim, tem havido um crescimento. Aliás, não paramos por aqui, no mercado de ‘real estate’ conseguimos 1,3 mil milhões de vendas em ativos imobiliários em 2023”, conta. 

Quando questionado sobre a atratividade de Portugal enquanto destino de investimento no setor imobiliário, responde de forma clara: “O país sempre foi muito atrativo para os investidores: tem uma localização privilegiada costeira, um clima agradável, preços mais atrativos em relação a outros países europeus e somos o 7º país mais seguro do mundo e o 4º na UE. Todos estes pontos são essenciais para que o país seja considerado um local estável para investimentos”. 

Imóveis sob gestão da Hipoges
Residência sénior no Fundão Hipoges

A Hipoges foi fundada em 2008 em Madrid e “aterrou” em Lisboa no ano seguinte, tendo também um escritório no Porto, desde 2019. Que balanço faz da atividade da empresa em Portugal e do mercado desde então?

A Hipoges tem tido um crescimento assinalável que assenta em três pilares essenciais: uma equipa especializada e comprometida, uma sólida carteira, tanto de clientes como de portefólios, e uma ampla variedade de serviços relacionados com a gestão de ativos. Em Portugal, aumentámos o volume de ativos imobiliários em 3,5% em 2023, o que nos posiciona como líderes no mercado do 'real estate' e como o servicer de referência em Asset Management.

Os resultados positivos devem-se à nossa capacidade ‘end to end’, que nos permitiu gerir operações importantes em zonas premium como Lisboa, zonas secundárias ou interiores ou em ativos de alta complexidade, como por exemplo a ETAR de Alverca que estava parada há cerca de duas décadas. 

“A Hipoges é uma das plataformas de referência no setor de Asset Management, com mais de 48.500 milhões de euros em ativos sob gestão”, lê-se no site da empresa. Que tipo de ativos são estes? De que segmentos?

No nosso evento anual, Hipoges Move On, anunciámos em primeira mão que alcançámos já os mais de 49.000 milhões de euros em ativos sob gestão (‘loan management’ e ‘real estate management’). Isto significa que, desde 2008, conseguimos o feito de quintuplicar o volume de negócio e fortalecer a posição nos territórios onde estamos presentes – Portugal, Espanha, Itália e Grécia – no Sul da Europa. 

A Hipoges gere vários tipos de ativos (apartamentos e moradias, lojas e armazéns comerciais, terrenos, edifícios, garagens e escritórios), conseguindo adicionar valor, independentemente do estado, da localização e tipologia dos imóveis. Acredito que essa seja uma das grandes valências que a Hipoges tem como servicer, e que nos tem permitido crescer, oferecendo aos clientes a solução ideal no momento certo (‘end to end’).

No caso concreto de Portugal, que ativos tem a Hipoges sob gestão? Em que zonas do país? A carteira aumentou em 2023, face a 2022? 

Em Portugal temos 7,5 mil milhões em ativos sob gestão. Dentro destes temos imóveis puros de gestão e o restante é dívida. Podemos avançar também que temos cerca de 5 mil imóveis sob gestão. Em Portugal são mais de 30 carteiras de clientes e sim, tem havido um crescimento. Aliás, não paramos por aqui, no mercado de ‘real estate’ conseguimos 1,3 mil milhões de vendas em ativos imobiliários em 2023.

"Em Portugal temos 7,5 mil milhões em ativos sob gestão. Dentro destes temos imóveis puros de gestão e o restante é dívida. Temos cerca de 5 mil imóveis sob gestão. Em Portugal são mais de 30 carteiras de clientes e sim, tem havido um crescimento. (...) No mercado de ‘real estate’ conseguimos 1,3 mil milhões de vendas em ativos imobiliários em 2023"

Para se conseguir alcançar esses resultados, fizemos investimentos em tecnologia (portal que nos liga aos parceiros e no nosso portal imobiliário) e em outras ferramentas e mecanismos como campanhas para que os investidores continuem a apostar em nós. 

Hipoges em Portugal
Herdade em Estremoz Hipoges

Que peso tem o segmento residencial no portefólio da Hipoges em Portugal, face aos restantes segmentos? Que casas são estas, qual a sua origem e são destinadas a que tipo de clientes?

O peso do segmento residencial é bastante alto, representando mais de 80% das operações do departamento imobiliário do grupo. Os restantes 20% das operações em Portugal são de edifícios, lojas comerciais e armazéns industriais, garagens, terrenos e escritórios. Estes imóveis têm uma diferente fonte de origem entre eles como bancos, fundos de investimento, seguradoras, investidores privados, entre outros. 

Como líderes de setor sabemos gerir quaisquer tipos de ativos que estejam no mercado imobiliário. Os nossos negócios são sempre desafiantes, como por exemplo o terreno da ETAR de Alverca que conseguimos a solução para o mesmo, apesar da elevada complexidade (um imbróglio que durava há duas décadas). Este é o nosso maior objetivo, encontrar soluções para quaisquer tipos de ativos, independentemente da situação em que se encontram. 

"O peso do segmento residencial é bastante alto, representando mais de 80% das operações do departamento imobiliário do grupo. Os restantes 20% das operações em Portugal são de edifícios, lojas comerciais e armazéns industriais, garagens, terrenos e escritórios. Estes imóveis têm uma diferente fonte de origem entre eles como bancos, fundos de investimento, seguradoras, investidores privados, entre outros"

Os nossos clientes compradores são diversos: particulares, investidores privados e institucionais, basicamente, qualquer comprador que atue no mercado imobiliário.

O que esperar de 2024, quais são as expectativas? Haverá um aumento da carteira de imóveis sob gestão?

O ano de 2023, em termos macroeconómicos, esteve repleto de incertezas e complexidades (inflação, guerras, aumento das taxas de juros), o que afetou o setor. No entanto, esperamos para 2024 uma estabilização e até mesmo um crescimento do setor. Como líderes no mercado estamos na melhor posição possível para aproveitar este momento. Temos expectativas positivas para este ano e esperamos continuar com a tendência de crescimento que tivemos nos últimos anos. Esperamos um 2024 muito positivo, tanto para o crescimento e evolução do grupo como para o mercado nacional como um todo.  

O ano de 2024 começou com a notícia da venda de uma herdade de 40 hectares em Estremoz e de um prédio de luxo em Lisboa. É possível saber os valores e os nomes dos compradores? Há mais negócios na calha? Quais?

Apenas posso afirmar que foram duas vendas importantes que vieram reafirmar a posição de referência do grupo em segmentos diferentes e consolidar as capacidades que temos no mercado em distintos negócios. 

Investimento imobiliário em Portugal
Imóvel na Rua da Emenda no Chiado, em Lisboa Hipoges

Recentemente, a Hipoges anunciou o lançamento de “um método inovador que convida os clientes e investidores a proporem um preço para alguns dos seus ativos imobiliários”, sendo que são mais de 100 imóveis a aguardar uma oferta. Em que consiste este serviço e qual o objetivo?

“O faz a tua oferta” vem dar resposta a um mercado imobiliário bastante exigente e permite-nos chegar aos clientes de outra forma, e também alcançar outras franjas de compradores. Não podemos esquecer que o potencial comprador está neste momento a lidar com um contexto económico desafiante - elevadas taxas de juro, inflação, incerteza – e assim tem a oportunidade de propor uma oferta ao imóvel.

"(...) Esperamos para 2024 uma estabilização e até mesmo um crescimento do setor. (...) Esperamos um 2024 muito positivo, tanto para o crescimento e evolução do grupo como para o mercado nacional como um todo"  

Iniciámos com um conjunto de 100 imóveis, mas acreditamos que esta será uma campanha a crescer e conseguiremos adicionar muitos mais. Pensamos que esta é uma solução que possa fazer sentido aos nossos compradores, dando-lhes uma forma de abordagem diferente no processo de compra.

Olhando para o retrovisor, constata-se que a Hipoges tem superado várias crises, nacionais e externas, que tiveram impacto no setor imobiliário, como a troika, a pandemia e, mais recentemente, a inflação, os juros elevados e os conflitos na Europa. Que ilações é possível retirar de todos estes momentos? Resiliência tem sido palavra de ordem?

É verdade. A nível global, e também em Portugal, temos conseguido ultrapassar diferentes crises e manter uma tendência de crescimento. Somos resilientes e orgulhamo-nos de enfrentar todos os problemas de uma forma resolutiva e por vezes até criativa, mas acredito que os nossos resultados e conquistas espelham o enveredar por apostas sólidas, pela diversificação do negócio, o ‘expertise’ que temos no mercado e o ‘know-how’ dos nossos colaboradores que diariamente gerem toda a operação. Tudo isto resulta na confiança crescente dos clientes fase aos resultados demonstrados.

Gestão de imóveis em Portugal
Vista panorâmica do imóvel sob gestão da Hipoges que está localizado na Rua da Emenda Hipoges

Também internamente são muitos os players que apontam o dedo à instabilidade legislativa e/ou governativa, levando à perda de atratividade do país no setor imobiliário. Partilha desta ideia? O que pediriam ao próximo Governo?

A Hipoges está sensível a todas as questões sociais que temos no país, e desde já deixo a mensagem que queremos ser promotores de soluções. Olhamos para estas questões diariamente, sabemos que elas existem e têm grande impacto em todos, mas também sabemos que podemos fazer parte dessas soluções. Até porque temos realizado vendas de imóveis às entidades públicas, cujo grande objetivo passa por colmatar a falta de habitação acessível nas suas áreas. 

"Acreditamos que para captar investimento nacional ou estrangeiro é fundamental contar com um quadro normativo claro e estável no país. Apesar da instabilidade legislativa ou outro desafio que possa surgir, continuaremos focados em atrair investimento para o país e a encontrar soluções para os investidores e clientes finais"

Acreditamos que para captar investimento nacional ou estrangeiro é fundamental contar com um quadro normativo claro e estável no país. Apesar da instabilidade legislativa ou outro desafio que possa surgir, continuaremos focados em atrair investimento para o país e a encontrar soluções para os investidores e clientes finais.

Ao Governo, apenas deixarei sempre claro que a Hipoges, como grupo, está sempre disponível para discutir as medidas necessárias para uma melhoria e estabilidade do mercado português.

Portugal tem estado no radar dos investidores imobiliários nos últimos anos. Esta tendência irá manter-se, ou o país corre o risco de ter menos visibilidade/atratividade? 

O país sempre foi muito atrativo para os investidores: tem uma localização privilegiada costeira, um clima agradável, preços mais atrativos em relação a outros países europeus e somos o 7º país mais seguro do mundo e o 4º na UE. Todos estes pontos são essenciais para que o país seja considerado um local estável para investimentos. 

Os investidores possuem um plano de negócio que realizaram no momento da compra e querem acreditar que este se mantenha estável, e não em constante desequilíbrio que termine em resultados negativos.

A Hipoges continua ativa na captação de investidores para Portugal, tais como negócios de segunda habitação, investimento particular, mas também atraindo investidores noutras áreas como a industrial, comercial, edificação, entre outros, que ajudem a economia a crescer e o país a ser atrativo para investimento.

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