
O clima de instabilidade gerado pela pandemia da Covid-19 não demoveu os portugueses de comprar casa. Prova disso é o número de transações realizadas: só em 2021 foram vendidas 165.682 habitações no país, mais 20,5% face a 2020. E este registo constitui um “novo máximo da série disponível” pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Em resultado, o valor movimentado no país fruto destes negócios residenciais também subiu 31,1%. E o preço das casas, em termos medianos, cresceu 9,0% entre estes dois momentos.
O balanço do INE sobre o mercado residencial de 2021 é claro: a construção e habitação em Portugal apresentaram um “crescimento significativo” no ano passado, lê-se no boletim publicado na passada sexta-feira, dia 15 de julho.
Casas vendidas em 2021 movimentaram 28,1 mil milhões de euros
Contam-se 165.682 habitações em terrário nacional que passaram a ter um novo proprietário em 2021. Destas, a grande maioria diz respeito a casas usadas (83,3%). E face a 2020, “o número de transações de habitações existentes (+22,1%) aumentou a um ritmo que foi praticamente o dobro do observado nas habitações novas (+12,9%)”, destaca o instituto.
E qual foi o valor que a venda de casas em Portugal gerou no ano passado? Segundo as contas do INE, o valor das habitações transacionadas ascendeu a 28,1 mil milhões de euros, mais 31,1% que em 2020. Do total, 21,6 mil milhões corresponderam a transações de casas usadas (+34,2% face ao ano anterior) e 6,5 mil milhões a casas novas (+21,7%).
As casas em 2021 também foram vendidas por um preço mediano 9% superior ao registado no ano anterior, tendo-se fixado em 1.297 euros/m2 em 2021. E em vários sub-regiões do país o preço das casas esteve acima do valor nacional, aponta o documento:
- Algarve (2.000 euros/m2);
- Área Metropolitana de Lisboa (1.813 euros/m2);
- Região Autónoma da Madeira (1.436 euros/m2);
- Área Metropolitana do Porto (1.370 euros/m2).
De destacar ainda que, no período em análise, 47 dos 308 municípios apresentaram um preço das casas superior ao valor nacional, estando localizados maioritariamente nas sub-regiões Algarve (14 em 16 municípios) e Área Metropolitana de Lisboa (16 em 18).
Crédito habitação ao rubro: avaliações bancárias batem recordes de 2009
Um dos passos para adquirir habitação com recursos a crédito habitação passa por pedir uma avaliação bancária da casa. Sobre este ponto, o INE refere que em 2021 o número de avaliações bancárias efetuadas por peritos ao serviço das instituições bancárias superou as 123 mil, tratando-se do “maior registo desde 2009”.
Este número reflete um aumento de 24,8% face a 2020 – e está acima da taxa de variação observada no número de transações de habitações (20,5%).
“Pelo segundo ano consecutivo, o rácio percentual entre o número de avaliações e o número de transações de habitações aumentou, tendo passado de 71,8%, em 2020, para 74,4%, em 2021”, refere ainda o instituto.

Licenciamentos de casas em Portugal dá o salto de 12,6%
Embora tenham sido transacionadas menos casas novas (27.594 negócios) do que casas usadas (138.088) em 2021, foram licenciados 15.065 edifícios em construções novas para habitação familiar, observando-se crescimentos de 12,6% face a 2020 e 14,1% comparando com 2019.
E também o número de casas concluídas voltou a crescer no ano passado. “Nas construções novas para habitação familiar o número de fogos [concluídos] totalizou 19.081, com um crescimento de 12,8% (+34,3% em 2020; 16 914 fogos)”, lê-se na mesma publicação.
Como estão os licenciamentos no total de edifícios?
Olhando para todo o edificado português, o INE dá conta que foram licenciados um total de 25.409 edifícios em 2021 (+8,2% que em 2020 e +4,3% que em 2019). E, destes, a grande maioria (74,6%) representam obra nova, sendo que as obras de reabilitação representam 19,3% e as obras de demolição 6,1%.
No que diz respeito às obras concluídas, no panorama nacional estima-se que tenham sido terminados 15.262 edifícios (+3,6% face a 2020), mesmo num contexto de subida dos preços da construção. Destes, 12.250 correspondem a construções novas (+5,6%). Já as obras de reabilitação terminadas em 2021 (3.012 edifícios) caíram 8,0% face a 2020.
Contas feitas, a contribuição da construção do parque habitacional português foi positiva em 2021: “O parque habitacional português foi estimado em 3.619.109 edifícios e 6.002.874 alojamentos, o que corresponde a acréscimos de 0,25% e 0,32%, respetivamente, face a 2020 e a aumentos absolutos de 9.131 edifícios e 19.628 alojamentos”, refere o INE.
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