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construção: crise, desemprego e falências – resumo 2012

a construção é seguramente um dos sectores mais afectados pela crise. à semelhança do que aconteceu no ano passado, 2012 trouxe muitas falências e muito desemprego, sendo que apenas parecem escapar a este flagelo os grandes grupos, as grandes construtoras. e conseguem-no porque apostam cada vez mais na internacionalização

depois de um ano péssimo para o sector, surge no inicio de dezembro a informação de que entre janeiro e novembro tinham declarado insolvência 5.808 empresas, mais 1.730 que no mesmo período de 2011 e mais 2.172 quem em 2010. ou seja, há em média 25 empresas por dia a recorrer aos tribunais para declarar falência

mas os números não se ficam por aqui. o desemprego, por exemplo, subiu para novos mínimos históricos e afectou sobretudo o sector da construção, cuja carteira de encomendas já só garante trabalho até abril de 2013. no final de agosto, estavam inscritos nos centros de emprego 97.874 desempregados oriundos do sector, mais 40% que no mesmo mês do ano passado

antes, em setembro, ficou a saber-se que duas das maiores construtoras nacionais, a teixeira duarte e a soares da costa, cortaram mais de 2.100 colaboradores num ano: a teixeira duarte reduziu os seus efectivos em 1.262 pessoas e da soares da costa saíram 862 colaboradores

igualmente alarmante foram os números divulgados pela federação portuguesa da indústria da construção e obras públicas (fepicop), que estimou que em menos de seis meses – de 1 de janeiro a 25 de junho – desapareceram 868 construtoras, mais 60% que no mesmo período do ano passado. quer isto dizer que o sector perde 90 postos de trabalho por hora

com a crise e a austeridade aumentou também o crédito malparado, sendo que no final de junho os bancos tinham em carteira 14,37 mil milhões de euros de crédito com cobrança duvidosa. sublinhe-se, no entanto, que mais de metade do crédito que estava em incumprimento dizia respeito à área da construção e do imobiliário

as críticas foram subindo de tom mês após mês, com as associações e confederações do sector a exigirem a demissão do ministro da economia, álvaro santos pereira. e nem o facto de o governo ter aprovado em conselho de ministros (dia 12 de julho) a liberação de cauções prestadas para garantia da execução de contratos de empreitada de obras públicas parede ter tido efeitos benéficos. em causa está uma norma - estará em vigor até 1 de julho de 2016 –  que visa aprovar medidas excepcionais para o sector. trata-se de uma solução que, já no final do ano, não avançou conforme previsto, revelou a confederação portuguesa da construção e do imobiliário (cpci)

outro dado relevante do ano diz respeito ao licenciamento de fogos para a construção de casas novas, que este ano atingiu mínimos históricos: os mais baixos dos últimos 11 anos, já que apenas 3.357 fogos obtiveram autorização, menos 32,9% que em 2011

perante este cenário, não restaram muitas alternativas às empresas ligadas ao ramo da construção. ou fechavam portas, ou demitiam trabalhadores ou apostavam noutros mercados que não o português. foi isso que fizeram, por exemplo, as construtoras mota-engil, soares da costa, grupo lena, somague e teixeira duarte

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