Litoral português está a despertar, cada vez mais, o interesse de compradores estrangeiros, mas também nacionais. Contamos tudo.
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Comprar casa de praia
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Viver junto ao mar é o sonho de muitos portugueses e estrangeiros. Desfrutar em pleno da água salgada, da areia, do pôr do sol, da calma que o mar traz é o que leva muitas famílias a comprar uma casa na praia. Em Portugal, a procura por casas junto ao mar intensificou-se durante a pandemia da Covid-19, até porque viver com mais espaço e em harmonia com a natureza passou a ter outro valor. E esta tendência fez cair a oferta de casas à venda na maioria dos municípios do litoral do país – em 50 dos 54 concelhos analisados. Mas onde se concentra a maior procura de casas de praia? E onde é que os preços das casas são mais baixos? E mais altos? O idealista/news foi investigar a dinâmica do mercado das casas da praia junto de especialistas e revela tudo nesta reportagem.

O clima, a proximidade do mar e as vistas que as casas da praia oferecem sempre atraiu portugueses e estrangeiros para comprar habitações na costa portuguesa. “Portugal sempre foi um país extremamente atrativo para quem procura viver à beira-mar, oferecendo uma extensa faixa costeira com oferta praticamente para todos os gostos e todos os orçamentos”, começa por explicar Alfredo Valente, CEO da iad Portugal, ao idealista/news.

Poder acordar e sentir a brisa marítima e estar em contacto com a natureza passou a ter outra relevância durante a pandemia da Covid-19, quando as famílias se viram confinadas em casa durante várias semanas. Numa primeira fase da crise, a procura de casas de praia retraiu, como em todos os mercados. Mas rapidamente regressou - muito alavancada pelo teletrabalho (total ou em regime híbrido) - e, neste momento, este mercado está em níveis até superiores aos da pré-pandemia, analisa Alfredo Valente.

“A grande maioria das famílias (…) quer mais que uma casa, quer um estilo de vida. Neste caso, o mar é uma das componentes de um estilo de vida mais descontraído, ligado à natureza e à tranquilidade. Existe uma panóplia de atividades que se pode fazer nas regiões junto ao mar”, Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente Christie’s

É isso mesmo que confirmam outros especialistas em imobiliário contactados pelo idealista/news: “A procura por casas de praia tem aumentado nos últimos anos e a pandemia impulsionou ainda mais a procura por este tipo de habitações”, revela Patrícia Clímaco, CEO da Castelhana Real Estate. E há alguns motivos que estão por detrás deste aumento da procura de casas de praia em Portugal. “Estar em confinamento em apartamentos sem espaços exteriores criou a necessidade de um maior conforto em casa, com mais espaço, varandas e jardins, e uma maior proximidade à natureza”, aponta, por outro lado, Patrícia Barão, Head of Residential na JLL Portugal, salientando ainda que “o teletrabalho veio alterar também os fatores que levam alguém a escolher uma localização mais central e urbana em prol, agora, de uma localização mais calma ou com maior qualidade de vida”.

Além disso, hoje “toda a costa portuguesa é reconhecida internacionalmente como tendo algumas das mais atrativas praias da Europa. Esta atratividade aliada ao clima, à hospitalidade, à segurança, aos bons acessos, à cada vez maior qualidade e diversidade de oferta, bem como às tendências de trabalho remoto e nomadismo, tem impulsionado a procura por este tipo de habitações”, acrescenta ainda Patrícia Clímaco.

Preço das casas na praia
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Onde é que há mais procura de casas na praia para comprar?

A costa portuguesa tem atraído famílias para comprar casas de praia de norte a sul do país. Há zonas consolidadas, como é o caso do Algarve, Lisboa e Cascais. E há também procura por casas na costa alentejana. A novidade são as casas na praia da região Centro, mas o “segredo mais bem guardado”, e que começa a ser descoberto, são mesmo as casas de praia a norte do país.

O Algarve é o mercado ‘core’ de casas de praia. Nesta região bem a sul do país, a procura está “relativamente estabilizada”, garante o CEO da iad Portugal, indicando que este mercado resistiu “bastante bem” aos impactos da pandemia e do Brexit. No Algarve, “a procura cresceu 30% face ao ano passado”, refere Patrícia Barão, da JLL. E explica que tanto aqui como em Lisboa a “qualidade de vida que se tem ao ter uma casa perto da praia é o sonho de muitas famílias e a proximidade ao mar está associada a uma melhoria da saúde, da energia e do bem-estar”.

Os dados do idealista/data confirmam que a procura de casas no Algarve está em alta, com sete municípios do litoral a ocuparem o Top10, como é o caso de Loulé, onde a procura subiu 94,2% entre maio de 2021 e maio de 2022. O que os dados também mostram é que há dois concelhos que pertencem à região Centro que estão entre aqueles onde o interesse mais aumentou entre estes dois momentos: em Murtosa (distrito de Aveiro) a procura mais do que duplicou (+114,7%) e em Leiria subiu 62%.

“Os locais de maior procura estendem-se desde a zona de Óbidos, linha do Estoril, linha de Troia, costa alentejana e toda a costa sul do Algarve, onde a combinação entre o clima e as extensões dos areais tornam estas zonas únicas não só em Portugal como na Europa”, Gustavo Soares, Managing Director, Engel & Völkers Porto

A região de Lisboa também tem registado “uma forte procura”, diz Alfredo Valente. Mas agora nota-se uma mudança no perfil de investidor: há “menos procura por casas reabilitadas no centro e maior atração por zonas mais afastadas”, e que vão desde a zona da Ericeira até à costa na margem sul do Tejo, no distrito de Setúbal, refere o CEO da iad Portugal. Também Patrícia Barão concorda que a procura de casas na praia aumentou em zonas de alguma proximidade à capital e outras cidades, como é o caso de Lisboa, Comporta, Praia Grande e Ericeira.

Dentro da Área Metropolitana de Lisboa, Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente Christie’s, destaca a elevada procura de casas de praia em Cascais. Este município “oferece uma vida direcionada para o exterior, não só a praia como a serra, golfe, desportos náuticos". Aqui "existem praias para todos os gostos e (…) situa-se a escassos 30 minutos do ambiente cosmopolita de Lisboa”, o que é “um verdadeiro luxo e uma experiência única”, garante. Além de Cascais, a procura de habitações na praia aumentou depois da pandemia no concelho de Sintra, em Azenhas do mar, Praia das Maçãs e Colares, que são localidades próximas da praia e da serra, refere ainda o especialista em declarações ao idealista/news.

“A costa a norte do país é talvez o segredo mais bem guardado” em Portugal, revela Alfredo Valente. A região norte é “tipicamente procurada como segunda habitação das famílias portuguesas e agora abre-se muito à procura estrangeira”, refere o responsável pela iad Portugal. Para João Lima, CEO da Medusa Real Estate (imobiliária sediada no Porto), “a quantidade e qualidade das praias na zona norte da costa portuguesa é o que atrai as famílias para comprar casa”. E avança ainda que a procura de casas à beira-mar “aumentou em todos os municípios que estão a uma distância de até três quilômetros das praias”. Em concreto, “a zona costeira de Vila Nova de Gaia, em particular Canidelo, Granja e Miramar, que têm uma grande procura nacional” por casas de praia, realça Gustavo Soares, Managing Director da Engel & Völkers Porto.

De notar, contudo, que dos 54 concelhos à beira-mar analisados pelo idealista/data, a procura de casas para comprar desceu em nove e três deles situam-se na região norte. Em Esposende (distrito de Braga) a procura de casas caiu quase 32% entre maio de 2022 e o mesmo mês do ano anterior. Em Vila do Conde (Porto) desceu 13,2% e em Caminha (Viana do Castelo) diminuiu 7,9%. 

  • Quem está a comprar casas na praia em Portugal?

São várias as famílias que cumprem o sonho de comprar uma casa na praia em Portugal, sejam portuguesas ou estrangeiras. Mas “apesar de se ter assistido a algum crescimento da procura interna, o mercado continua muito dinamizado pelos investidores estrangeiros”, esclarece o CEO da iad Portugal.

A nível nacional, há “muitos portugueses a investir na segunda residência”, que “trabalham nas cidades e aos fins de semana fogem para as suas segundas casas de praia. E há também uma grande parte que estende o teletrabalho e fica nas suas casas de praia a trabalhar, quando isso é possível”, explica a Head of Residential da JLL Portugal. Também Patrícia Clímaco, da Castelhana RE, diz ter sentido “um aumento da procura por casas de praia tanto por clientes portugueses, como por estrangeiros”. E admite que “hoje em dia Portugal e, em particular a sua costa, são alvo de interesse para clientes de todo o mundo”.

“Portugal é cada vez mais internacionalmente reconhecido como um dos principais destinos mundiais para investimento e residência”, Patrícia Clímaco, CEO da Castelhana RE

Outra mudança que a pandemia gerou no mercado imobiliário prende-se com a procura internacional: Portugal tem recebido cada vez mais nómadas digitais. “Agora temos muitos nómadas digitais que escolhem trabalhar remotamente no nosso país, seja pela qualidade de vida ou até pelo preço competitivo dos imóveis”, refere o diretor geral da Porta da Frente Christie’s. Esta mesma tendência confirma a CEO da Castelhana RE: “A popularização de modelos de trabalho remoto tem vindo a impulsionar a procura de casas de praia como local de residência permanente por parte de famílias e indivíduos”.

No caso dos estrangeiros, "há uma parte que escolhe mudar-se e viver nas casas de praia e uma outra parte que se divide: passam grandes temporadas nas suas casas de praia e os restantes meses do ano nos centros urbanos”, explica Patrícia Barão, da JLL. Mas quais são as nacionalidades que mais procuram casas de praia em Portugal? Segundo o painél de especialistas contactados pelo idealista/news são:

  • espanhóis;
  • franceses;
  • brasileiros;
  • norte-americanos;
  • ingleses;
  • alemães;
  • nórdicos.

No caso da área metropolitana de Lisboa, as casas na praia “são adquiridas maioritariamente para viver”, esclarece Rafael Ascenso.Os nossos clientes mudam-se para Portugal ou por razões profissionais, reforma, ou porque querem uma vida mais segura, pacífica e com melhores condições climatéricas. O facto de contarmos com infraestruturas de qualidade, como instituições de saúde ou escolas internacionais, também faz com que seja possível muitas famílias virem viver para Portugal”, indica. Em Lisboa a procura é sentida, sobretudo, por brasileiros, ingleses e norte-americanos – estes últimos “já são a nossa terceira maior nacionalidade compradora”, destaca o responsável pela Porta da Frente Christie’s, explicando que os norte-americanos, vindos de cidades como Portland, Chicago, São Francisco e até Nova Iorque, chegam a Portugal aliciados, nomeadamente, pelo acesso a transporte, facilidade de fazer negócios com moradores de língua inglesa e oportunidades de educação, trabalho cultura e saúde.

Já na região norte, o CEO da Medusa RE salienta que se tem sentido “uma grande procura por parte de clientes internacionais”, vindos de países como Brasil, França e Estados Unidos. E, embora a procura tenha caído durante a pandemia, já é sentido o “regresso de vários clientes internacionais que procuram casas no Porto, tanto para habitação própria como para investimento”, sublinha.

Viver perto do mar
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  • Que tipo de casas de praia são mais procuradas?

As casas praia mais procuradas pelos compradores podem variar muito. Mas geralmente “procura centra-se maioritariamente em moradias ou apartamentos com vista mar” segundo refere Patrícia Barão da JLL, dizendo que “os proprietários procuram casas práticas, cozinhas abertas e espaços exteriores”. E as tipologias são variadas: “Tanto há procura por moradias com mais quartos, como por apartamentos e até studios só com um quarto”, partilha a especialista.

Nestas casas, os espaços ao ar livre não podem faltar: “Tipicamente, quem procura à beira-mar ambiciona uma moradia com um espaço exterior, normalmente para utilização familiar, pelo que as tipologias preferidas são T3 e T4”, aponta Alfredo Valente, dando nota de que “quem procura um imóvel para investimento, tende a preferir as tipologias menores, mais fáceis de rentabilizar”.

Além disso, “há muita procura por terrenos”, adianta ainda o responsável pela iad Portugal. E esta procura verifica-se ", sobretudo, em terrenos com alguma pré-existência que possa ser recuperada, mas também por construção nova”. A questão é que a construção de casas está agora travada quer pela “tradicional burocracia portuguesa”, quer pela crise dos materiais de construção e mão de obra, que é um “entrave sério”, concretiza.

No que respeita à região de Lisboa, “são procuradas tanto moradias como apartamentos, geralmente em tipologias maiores, de T3 para cima. Tanto os condomínios privados como as casas isoladas são bastante procurados, dependendo muito do estilo de vida que cada cliente privilegia”, dá a conhecer o alto responsável da Porta da Frente Christie’s. E frisa que “em Cascais e Oeiras, por exemplo, continua a haver construção nova junto à praia e que oferece valências muito desejadas como piscinas interiores e exteriores, varandas com vistas magníficas sobre o mar”.

Por sua vez, na região norte, João Lima, da Medusa, revela que a procura de casas de praia faz-se sentir por “moradias T4 ou T5 em zonas como a Foz do Douro, Miramar ou Granja”. E no caso dos apartamentos, as tipologias mais procuradas são T3 a T5 em zonas como Canidelo e Matosinhos, segundo a mesma fonte.

Procura de casas na praia
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Oferta de casas na praia cai na maioria dos municípios

A procura de casas na praia está em alta. E para dar resposta há casas a serem reabilitadas e novos empreendimentos a nascer de norte a sul do país. Quem o diz é o responsável pela Engel & Völkers Porto: “A oferta deste tipo de propriedades tem aumentado não apenas em termos de número, mas sobretudo pela sua qualidade, promovida não apenas pela reabilitação, mas também pela construção nova”. E as “extensas requalificações urbanas promovidas nos últimos anos em toda a zona costeira de Portugal tornaram este 'lifestyle' num dos pontos de maior atração para todo um público internacional que tem investido fortemente em Portugal”, acrescenta Gustavo Soares.

O mesmo confirma o CEO da iad Portugal: “É verdade que têm surgido alguns empreendimentos, nomeadamente na zona Oeste, Grande Lisboa, Algarve e até mesmo na Madeira, de grande qualidade e muito apetecíveis”. Além disso, a oferta de casas de praia para reabilitar tem atraído, sobretudo, os investidores estrangeiros, acrescenta. “Aqui estamos a falar, sobretudo, da zona norte do país, mas também da costa alentejana, de algumas zonas ainda do Algarve, menos tocadas pela construção massiva. Sem esquecer um mercado com muito para dar, no nosso entender: os Açores”, analisa Alfredo Valente.

Em Lisboa, “existem vários empreendimentos novos e alguns em construção nas regiões junto à praia, mais particularmente Oeiras e Cascais, que têm vindo a colmatar esta falta de produto. Temos o Quinta das Giestas, no Alto do Lagoal em Oeiras, o Cascais Bay mesmo à entrada de Cascais, o Villa Unika com belíssimas vistas mar e o projeto inovador Boutique Villas, na Casa da Guia”, detalha Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente Christie’s.

Oferta de casas na praia em Portugal
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Já em relação à oferta existente na zona norte do país “existem boas opções quanto a habitações já existente, embora a maior procura é referente a habitação nova”, diz o CEO da Medusa RE, indicando que “há vários empreendimentos estão em fase final de construção e existem cada vez menos terrenos em localizações premium disponíveis pra venda”. Na região Norte do país, o responsável tem sentido aumento de oferta de casas de praia em zonas como Cerveira, Moledo, Caminha e Esposende. 

A questão é que, como acontece na generalidade dos segmentos do mercado imobiliário nacional, apesar da oferta de casas da praia estar a aumentar, a procura tem sido muito superior. “A crescente procura faz com que haja alguma oferta de habitação nova no mercado, que satisfaça os desejos e as necessidades dos investidores e proprietários, mas, ainda assim, estamos aquém da procura”, reconhece Patrícia Barão da JLL. Também a responsável pela Castelhana RE assume que embora se registe um “aumento significativo na oferta de resorts turísticoscondomínios residenciais, a par da reabilitação de construções, existe, também, uma cada vez maior escassez de produtos e oportunidades de primeira linha”. E há zonas, principalmente a sul de Lisboa, como a Comporta e Melides - que, nos últimos anos, saltaram para a ribalta no mercado internacioal sendo consideradas como zonas premium - onde a procura é grande e a oferta é muito escassa, realça Patrícia Clímaco.

Os dados mostram que a oferta de casas para comprar na costa portuguesa caiu em 50 municípios dos 54 analisados (ou seja, em 93% do total) entre maio de 2021 e maio de 2022, confirmando o desequilíbrio existente entre a oferta e a procura. As maiores quedas foram registadas em Loulé (-43,1%), Portimão (-43%), Oeiras (-42,3%) e Mafra (-41,3%). Os únicos concelhos que viram a oferta de casas a subir foram Esposende (+27,7%), Sines (+18,2%), Ovar (+1%) e Alcácer do Sal (+0,7%).

Quais os concelhos com casas da praia mais caras? E mais baratas?

A elevada procura por casa à beira-mar em Portugal tem-se consumado em negócios. “Depois do forte impacto inicial, no final do primeiro trimestre de 2020, a procura recuperou fortemente, estando já a níveis bem mais elevados do que antes da pandemia. Os preços, esses, também evoluíram fortemente”, explica Alfredo Valente da iad Portugal. Este cenário é reiterado por Patrícia Clímaco, da Castelhana RE, afirmando que as” transações de casas de praia estão a evoluir positivamente”.

Em concreto, “as transações aumentaram 30% desde o início da pandemia, o que prova a resiliência do mercado português, especificamente nas zonas costeiras, apesar da conjuntura pós-pandemia – que acabou por não traduzir a redução de preços inicialmente expectada, pelo conflito armado na Ucrânia, da subida das taxas de juro e da inflação (atualmente em 9,1% em Portugal)”, refere Patrícia Barão da JLL.

O mesmo se tem sentido em Lisboa. Rafael Ascenso, da Porta da Frente Christie’s, confirma que se tem tido “uma procura crescente nesta localização nos últimos dois anos, bem como o número de transações”. E em relação ao Porto, também João Lima da Medusa RE diz que “as transações de casas estão em sentido crescente”.

Viver junto à praia
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  • Preços das casas no litoral aumentaram em 48 municípios

As casas na costa portuguesa ficaram mais caras no último ano. De acordo com os dados do idealista/data, entre maio 2021 e maio 2022, os valores das casas à venda subiram em 48 municípios os 54 analisados. Em relação ao preço médio final de venda, Sines foi o concelho que registou maior aumento (+71%), seguido de Grândola (+53,8%) e Lagos (+44,1%).

Mas ainda há boas oportunidades no mercado, se forem tidas em conta as zonas onde o custo de ter uma casa na praia desceu. Em concreto, verificou-se a queda dos preços das casas no litoral em seis concelhos: Porto de Mós (-10%), Ílhavo (-9,3%), Odemira (-5,4%), Murtosa (-4,7%), Cantanhede (-1,7%) e Ovar (-0,8%), mostram os dados.

E onde é que é mais caro comprar casa no litoral português? É precisamente em Cascais, onde uma casa custou, em média, 892.485 euros em maio de 2022. Logo a seguir está Grândola (872.644 euros), Loulé (721.629 euros), Lagos (694.845 euros) e Lagoa (549.503 euros).

Em sentido contrário, quais são os municípios do litoral português onde é mais barato comprar casa? Em Porto de Mós é possível adquirir uma habitação perto da praia pelo valor médio de 119.056 euros, na Marinha Grande por 157.315 euros, em Cantanhede por 161.198 euros, na Figueira da Foz por 179.599 euros e em Santiago do Cacém por 194.703 euros.

“Há ofertas para todos os projetos e todos os orçamentos”, analisa Alfredo Valente, da iad Portugal. E reforça que “ainda é possível comprar um terreno por poucas dezenas de milhares de euros ou um pequeno apartamento para renovar numa praia tradicional por valores acessíveis”. Mas admite que há o verso da moeda, um mercado extremo, onde se compram “apartamentos já por várias centenas de milhares de euros ou as moradias de milhões em condomínios exclusivos”.

Existe uma explicação simples para o elevado valor médio destas casas junto ao litoral, que é superior a 200.000 euros em 49 municípios portugueses “As casas próximas da praia têm naturalmente um valor superior, uma vez que, neste setor, a localização é dos fatores que mais impacta o valor dos imóveis. No Algarve, temos desde apartamentos T1 por 340.000 euros ou T2 por 580.000 euros e até moradias de 20 milhões de euros”, refere Patrícia Barão da JLL, deixando a nota de que no Algarve o “preço varia consoante a zona, mas a tendência é de grande valorização de toda a região, sobretudo nos imóveis mais próximos da praia”.

A norte do país, o CEO da Medusa RE adianta que estas casas junto ao mar custam normalmente entre os 400.000 euros e os 2.000.000 euros, confirmando que é um mercado mais voltado para a gama média-alta e alta. Também Rafael Ascenso, da Porta da Frente Christie’s explica que, na região de Lisboa, “este é um mercado mais direcionado para o cliente médio-alto e alto, pois são imóveis maiores, em condomínio com piscina e com características que os valorizam bastante”.

Morar num destino de praia
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  • M2 das casas junto ao mar sobe em todos os concelhos

Olhando para o preço do metro quadrado das casas no litoral português, verifica-se que aumentaram em todos os municípios, com destaque para Alcácer do Sal (+76,9%), Sines (50,3%), Aljezur (+33,5%), Esposende (+33,2%) e Aveiro (30,9%). As subidas menos acentuadas dos preços médios unitários foram registadas em Porto de Mós (+0,7%) e em Murtosa (+2,5%), mostram os dados do idealista/data.

É em Lisboa onde o preço das casas por metro quadrado é superior, alcançado, em média, os 5.048 euros, um valor 4,6% superior ao registado em maio de 2021. A seguir está Cascais (4.069 euros/m2), Grândola (3.785 euros/m2), Loulé (3.339 euros/m2) e Lagos (3.292 euros/m2).

O ranking dos municípios do litoral onde os preços das casas são mais baratos é liderado por Porto de Mós (657 euros/m2), seguido de Cantanhede (884 euros/m2), Oliveira de Azeméis (941 euros/m2), Marinha Grande (957 euros/m2) e Murtosa (1.102 euros/m2).

“Dependendo da localização os valores variam”, diz a CEO da Catelhana RE, indicando que “os preços que se praticam a sul de Lisboa, em Lisboa e a norte de Lisboa variam dependendo da oferta e da procura”. Em Esposende - “um local onde temos sentido um crescimento significativo de nova construção e onde a procura de casas de praia é principalmente de famílias portuguesas - podemos encontrar apartamentos em condomínios privados desde 2.700 euros/m2 e moradias desde 3.500 euros/m2”, realça.

“Em Vilamoura, um local onde também temos sentido um aumento significativo de nova construção e onde a procura de casas de praia é principalmente internacional, podemos encontrar apartamentos em novos empreendimentos desde 3.900 euros/m2 e moradias novas desde 6.000 euros/m2”, dá a conhecer Patrícia Clímaco.

  • Comprar casas na praia: com financiamento ou capital próprio?

Dado os preços das casas junto ao litoral, há compradores a recorrer ao crédito habitação. Mas há cada vez mais pessoas a adquirir estas casas na praia com capitais próprios. “A maioria das famílias recorre a financiamento para comprar casa, mas temos assistido a um aumento da percentagem de capital próprio. As famílias estão a reconhecer o potencial de valorização do mercado e a preferir investir as suas poupanças em imobiliário, em vez de as manterem no banco”, explica a responsável pelo departamento residencial da JLL.

Os especialistas contactados pelo idealista/news concordam que a compra deste tipo de casas dá-se sobretudo com capitais próprios, sem haver necessidade de financiamento bancário. “É um mercado tradicionalmente pouco alavancado com dívida bancária, sobretudo quando se trata do comprador estrangeiro”, refere o CEO da iad Portugal. Também Patrícia Clímaco, da Castelhana RE, diz que estas aquisições são realizadas “maioritariamente com capitais próprios”.

Na região de Lisboa, “a grande maioria adquire estes imóveis a pronto pagamento, especialmente no que diz respeito a compradores internacionais. Contudo, o crédito continua a ser utilizado”, explica o diretor geral da Porta da Frente Christie’s, exemplificando que há casas à venda na mediadora de 4 milhões de euros que por vezes têm componente de crédito habitação. A norte do país, “há mais famílias que compram a pronto pagamento, mas também existem casos de financiamento bancário”, segundo João Lima, da Medusa RE.

Comprar casa na praia
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Perspetivas de negócios para casas na praia em 2022 e 2023

O dinamismo presente no mercado das casas da praia será para manter, pelo menos até ao final do ano, acreditam os especialistas em imobiliário. “As perspectivas para o que resta de 2022 relativamente a negócios de casas de praia são boas e acreditamos que a tendência deverá manter-se”, antecipa Patrícia Clímaco. Também Alfredo Valente prevê que 2022 vai ser um ano "seguramente, um mercado muito dinâmico, com elevada procura e oferta limitada e, consequentemente, preços com tendência crescente”.

O otimismo espera-se tanto em Lisboa como no Porto. Rafael Ascenso, da Porta da Frente Christie’s, acredita que na zona da capital a “procura irá continuar mantendo este mercado muito dinâmico e com perspetiva de valorização imobiliária”, até porque “os novos projetos continuarão a surgir e a valorizar as diferentes regiões junto ao mar”. Na região norte, João Lima, da Medusa RE indica ter “excelentes perspetivas”: “O mercado está em alta e não dá sinais de abrandar, bem pelo contrário, o que para nós é sinal de muito trabalho”.

Quanto custa comprar casa na praia
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Já para 2023, o CEO da iad Portugal admite que será “um pouco uma incógnita no contexto atual, com fatores de elevada imprevisibilidade, como a guerra, a crise logística mundial, a inflação e o aumento das taxas de juro. Estes fatores estão já a afetar alguns projetos de construção nova de que o mercado português precisa muito nos próximos anos”, conclui.

Mas os dados fazem antever um rumo sorridente. “Os números indicam que o volume de negócio está a aumentar e prevê-se que assim continue nos próximos anos”, diz Patrícia Barão, da JLL, argumentando que há “cada vez mais as famílias, portuguesas ou estrangeiras, procuram um refúgio perto do mar, onde se sintam bem e possam desfrutar de bons momentos em família e entre amigos”.

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