Uma das conclusões retiradas do webinar do idealista que juntou vários responsáveis para analisar o impacto da pandemia e estratégias para o futuro.
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Imobiliário português mais robusto e capitalizado para enfrentar o pós-Covid-19
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Tempos de incerteza, mas, sobretudo, de esperança. Para o imobiliário, para o país e para o mundo. O webinar do idealista sobre a Covid-19, realizado esta quinta-feira, 29 de abril, analisou o impacto da pandemia até ao momento e as estratégias para o futuro, e procurou deixar, dentro de um otimismo moderado e cauteloso, uma mensagem de incentivo à plateia virtual de mais de 500 pessoas. Os oradores do evento, e responsáveis pelas mais diversas áreas no idealista Portugal, acreditam que o setor está agora mais bem preparado para a recuperação pós-coronavírus, porque “agora é o momento” de arregaçar mangas e não deixar fugir oportunidades.

O diretor comercial do idealista Portugal, António Marques, começa por destacar os “tempos desafiantes” que enfrentamos. Refere as mudanças muito rápidas que o mercado sofreu no último mês, mas também o esforço de adaptação que tem sido feito até agora. “A Covid-19 mudou a realidade tal qual a conhecemos”, diz, sublinhando a importância de, nestes novos tempos, ser necessário estar, cada vez mais, “tecnologicamente apto”.

O responsável analisou as últimas tendências em Portugal e no sul da Europa, e acredita que o país “ganhou” avanço a países como Espanha e Itália, uma vez que foi mais rápido a reagir e a tomar medidas. “Felizmente, os portugueses e Governo conseguiram tomar medidas antes. As economias espanhola e italiana deverão ressentir-se mais que a portuguesa, muito provavelmente”, admite. Garante ainda que a quebra natural nas visitas parece já estar a recuperar-se, e não deixa de frisar os olhares atentos do investidores estrangeiros, que continuam a demonstrar interesse no imobiliário nacional. “Esta semana tivemos o recorde de páginas vistas”, indica António Marques.

Felizmente, os portugueses e Governo conseguiram tomar medidas antes
António Marques

O diretor comercial do idealista Portugal deixou ainda alguns dados relevantes. Comparando o cenário pré-covid, de 15 de fevereiro a 15 de março, com abril, e tendo em conta apenas os novos imóveis publicados no portal, é possível identificar dois tipos de comportamentos no que diz respeito à venda e ao arrendamento. Neste período de tempo os dados mostram que novos imóveis de arrendamento estão a entrar com um valor 12% inferior, e que, por outro lado, os novos imóveis para venda sofreram um incremento de 15% no seu valor.

Em proporção de contactos de casas para venda, as moradias subiram em comparação com os apartamentos – uma tendência que, segundo o responsável, poderá resultar deste novo contexto, face à procura de casas com mais espaço, pátios, varandas ou logradouros. Outro dado relevante prende-se com os imóveis com serviço multimédia que geraram nas últimas duas semanas +92% de contactos que os imóveis sem multimédia, algo que evidencia a presença mais significativa dos utilizadores em ambiente online e que procuram “cada vez mais detalhes na descrição e apresentação dos imóveis”.

Agentes de mercado estão confiantes e país continua na mira dos investidores

A diretora do idealista/news Portugal, Tânia Ferreira, explica que através do trabalho de acompanhamento contínuo e diário que é feito no idealista/news de meios internacionais, comportamento dos mercados e outras fontes, foi possível identificar sinais de alerta que permitiram estar pendente da situação desde uma fase muito inicial e muito antes de rebentar a crise em força na Europa. “Em Portugal tivemos a sorte de começar a juntar peças antes, e antecipar”, admite, garantindo que, num cenário de “difíceis projeções”, os responsáveis entrevistados ao longo das últimas semanas e estatísicas analisadas vêm confirmar que esta é uma crise com um perfil totalmente diferente da anterior. “As empresas e os bancos estão mais capitalizados e o setor tem mais robustez”, afirma.

Os recordes de tráfico nas notícias, indica, sinalizam a importância redobrada que as pessoas estão a dar à informação e conteúdos. Revela que também no idealista/news foi preciso reorganizar as estratégias e “reforçar os esforços na produção de conteúdos sobre os impactos da Covid-19 na vida das pessoas, com particular enfoque nas áreas económica, financeira, laboral, mas também social e emocional. Evitando sempre o sensacionalismo”. “Não deixámos porém de veicular conteúdos mais ligeiros, capazes de alimentar a esperança e tornem o dia a dia mais fácil de quem nos lê”, salienta ainda a responsável.

Ao longo destes últimos meses os jornalistas do idealista/news têm-se dedicado a questionar diretamente quem tem um papel no setor, desde mediadores, a promotores, investidores, passando por consultores, advogados, bancos, notários, economistas, avaliadores, formadores, especialistas em marketing e comunicação, entre outros profissionais, mas também o Governo português, por várias vias. “E dedicamo-nos ainda mais a ler leis, normativas, circulares, estatísticas, notícias internacionais e outras fontes de informação que tomamos por credíveis”, aclara Tânia Ferreira.

À plateia a jornalista, especializada em economia, deixou algumas notas importantes, fruto do trabalho de investigação que tem vindo a ser feito e que poderá ajudar quem está hoje no imobiliário e quer continuar a estar, no póscovid-19, de boa saúde. “O sentimento geral é que, cautelosos, os agentes do mercado mostram-se confiantes numa recuperação de médio e longo prazo, devido à robustez que o mercado alcançou estes anos em Portugal, com empresas e bancos mais capitalizados e investidores a manterem o interesse no país e no imobiliário em si mesmo como refúgio”, diz, realçando que há oportunidades à vista, decorrentes nomeadamente de um reforço da oferta por parte de imóveis que estavam no Alojamento Local, tanto no mercado de arrendamento como de compra e venda.

O sentimento geral é que, cautelosos, os agentes do mercado mostram-se confiantes numa recuperação de médio e longo prazo, devido à robustez que o mercado alcançou estes anos em Portugal
Tânia Ferreira

Revela que os projetos imobiliários sobretudo orientados para a classe média estão ainda em desenvolvimento e isso permite ganhar tempo e margem, num setor que “não deixou cair a toalha" e que “reagiu e está a agir, adaptando-se, incorporando ou reforçando a tecnologia e a digitalização para manter e fomentar os negócios, nas várias fases”. A grande incógnita, sublinha, mantém-se na evolução dos preços. “Há a percepção de ajustamento no arrendamento, mas é preciso esperar para ver se será continuada e sustentada, e nas vendas diz-se que não haverá uma queda abrupta. O perigo está nos especuladores, mas tudo depende sobretudo do sucesso do controlo da pandemia sanitária e devido ajuste”, indica.

Não deixa ainda de destacar os vários apoios e iniciativas lançados pelo Governo, para ajudar famílias e as empresas em dificuldades, nomeadamente através das moratórias no crédito, empréstimos do Estado com condições especiais nas rendas,  linhas de financiamento para empresas, entre as quais imobiliárias e construtoras, apoios a sócio gerentes e trabalhadores independentes  e incentivos à economia digital, agora também com as escrituras à distância na calha, como de resto idealista/news avançou.

Mercado dá sinais de recuperação no pré-desconfinamento

O impacto da Covid-19 e evolução da procura nacional e internacional foi analisado igualmente, em detalhe, pela diretora do idealista/data Portugal, Inês Campaniço. A responsável revela que desde o idealista/data sentiram a necessidade de monitorizar os indicadores do imobiliário semanalmente, em Portugal, Espanha e Itália (onde o idealista tem atividade), dada a perceção do mercado, que “iria reagir muito rapidamente a esta nova situação, assim como apresentar grandes variações”. Analisaram cada país a nível de bairro, uma vez que, segundo a responsável, os “comportamentos de bairros residenciais de classe média iriam ter, obviamente, um comportamento diferente de um bairro que tivesse uma grande percentagem de imóveis dedicados ao turismo, por exemplo, em regime de alojamento local”.

Começa por explicar que foram analisados os principais 4 indicadores: oferta (stock), preço, visitas e contactos (leads), criando-se uma nova métrica que apelidaram de “Alerta Imobiliário”. “Este alerta permite-nos imediatamente perceber as variações desses indicadores em relação à semana homóloga do ano anterior, sendo que quando o alerta está no seu máximo, indica que as variações foram maiores na zona analisada” esclarece.

Desde que o confinamento começou, e mesmo na semana que antecedeu o confinamento, “já se percebia que as zonas mais afetadas, nomeadamente no norte de Itália, demostravam variações imediatas”. Seguiu-se Espanha, e na semana seguinte, Portugal. Em geral, de acordo com a análise realizada pelo idealista/data, os alertas foram aumentando durante as 3 semanas seguintes, tanto no mercado de venda como de arrendamento. Inês Campaniço refere, de resto, que “o mercado de venda está a recuperar melhor que o mercado de arrendamento, sendo que, na última semana de abril, o mercado de venda só mantem um alerta máximo em Lisboa, Porto e Viseu, enquanto o arrendamento apresenta alertas máximos em 11 distritos”.

Ainda assim, e quando se analisam os dados mais em detalhe, percebe-se “que em muitas zonas as variações já entraram em níveis positivos, o que significa que o mercado está a reagir positivamente à antecipação do desconfinamento e a retoma da economia”, apresentado já valores de contactos superiores à semana homóloga de 2019. Inês Campaniço dá o exemplo da última semana de abril, em concreto da cidade de Lisboa, que “apresenta uma subida de stock de 2% e uma subida de preço de 5,3% em relação à semana homóloga de 2019, para o mercado de venda, e uma subida de 44% de stock e 2,3% de preço, no mercado de arrendamento”.

Em muitas zonas as variações já entraram em níveis positivos, o que significa que o mercado está a reagir positivamente à antecipação do desconfinamento e a retoma da economia
Inês Campaniço

A responsável frisa, contudo, que “cada bairro tem um comportamento diferente, e deverá ser analisado em detalhe, para que não se tirem conclusões precipitadas”. "É uma vantagem competitiva conhecer a realidade de cada micro-mercado. A chave é conhecer a realidade em tempo real para regressar na hora certa, por isso é essencial continuar a monitorizar semanalmente e detalhadamente”, salienta.

Relativamente à análise da origem da procura, os dados do idealista/data revelam que procura internacional manteve-se positiva na maior parte dos distritos. Comparando o mês pré-confinamento e o mês pós-confinamento, o peso da procura internacional, em média para Portugal, cresceu 1%, com especial destaque para países como França, Brasil e Espanha no pré-confinamento. No pós-confinamento, destaque para o Brasil, que saiu do Top 3 para dar lugar aos Estados Unidos.

Trabalhar as relações e a qualidade de publicação dos imóveis

O futuro será diferente e, para trás, ficará quem não souber adaptar-se a esta nova realidade. João Braz, workshop manager do idealista Portugal, fala-nos da transição tecnológica e da sua importância no mercado imobiliário. Muito próximo do terreno, e conhecedor daquilo que se faz no mercado, pelo contacto com os agentes, diz que este é, sem dúvida, “o momento de se trabalharem as relações e o momento de se trabalhar a qualidade de publicação dos imóveis”. “É o o momento de inovar”, refere. ´

O responsável dá, a título de exemplo, e como prova da adaptação que a própria empresa teve de por em marcha, o novo serviço profissional do idealista, o “Virtual Home Staging (VHS)”, uma sofisticada e revolucionária maneira de decorar digitalmente as casas, e que será, na opinião de João Braz “bastante útil para o potencial comprador”. Trata-se de um serviço que permite visualizar como seria um quarto, uma sala de jantar ou qualquer outra divisão de uma casa, com mobiliário novo, a luz adequada, uma alteração da cor da parede, etc. Ideal, por exemplo, para interiores, e que dá a oportunidade de decorar, modernizar, pintar e dar luz a casas vazias, para reabilitar, com mobiliário antiquado ou com pouca luz.

É momento de se trabalharem as relações e o momento de se trabalhar a qualidade de publicação dos imóveis
João Braz

Mas porque é que este tipo de ferramentas e conteúdos mulitmédia são tão importantes? O workshop manager do idealista Portugal explica que estas são fundamentais para a qualidade do contacto, valorização do imóvel, diferenciação face à concorrência, e muito valorizadas pelo comprador estrangeiro, permitindo melhorar, por exemplo, o posicionamento dos imóveis na lista de resultados. “O plano de marketing do imóvel é mais importante que nunca”, refere João Braz, que considera essencial o aumento do investimento na promoção online, aposta nos serviços multimédia e, mais uma vez, a qualidade do contacto.

O responsável cita um estudo do idealista no pré-covid que, de resto, é revelador das adaptação aos novos tempos: 50% dos pedidos ficava sem resposta, ao passo que, neste momento, o tempo de resposta é de 16 horas, no caso dos pedidos de contacto por email.

Em jeito de balanço do webinar, os responsáveis deixam uma última palavra à plateia, sublinhando que “a empresa que sobrevive é a que melhor se adapta à mudança e oferece valor acrescentado”.

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