O mercado de arrendamento português perdeu dinamismo ao longo de 2025, refletindo-se em menos casas arrendadas, menor pressão da procura e maior dificuldade em aceder aos apoios públicos. Mas, apesar de haver mais casas privadas e públicas disponíveis, as rendas não pararam de aumentar. Esta evolução do custo das casas para arrendar indica que falta apostar ainda mais na criação da oferta, para promover um equilíbrio no mercado. E é isso que o Governo planeia fazer em 2026, dando incentivos à construção de casas para arrendar e novos benefícios fiscais aos proprietários.
Arrendamento contrai – mas rendas das casas sobem
O arranque de 2025 foi marcado por um menor dinamismo no mercado de arrendamento habitacional. Foram assinados 23.417 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares em Portugal no primeiro trimestre, menos 10,4% face ao mesmo período do ano passado, tratando-se da maior queda registada nos últimos anos. Este arrefecimento da dinâmica do arrendamento coincide com uma maior atividade na compra de casa.
Embora o arrendamento habitacional tenha arrefecido no país, as rendas das casas não pararam de subir e até aceleraram o seu crescimento homólogo para 10,0% no início do ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Não se sabem mais detalhes nem dos contratos de arrendamento nem da evolução das rendas ao longo de 2025, uma vez que o INE suspendeu a divulgação destes dados até março de 2026 devido às recentes alterações legislativas que permitem os inquilinos enviar contratos ao Fisco.
Ao longo do ano, o idealista foi divulgando a evolução do custo das casas para arrendar em Portugal. E deu conta que as rendas das casas ora aceleram ora abrandaram o ritmo de subida, não evidenciando crescimentos tão expressivos como se observou nos preços das casas à venda. Por exemplo, em novembro as rendas das casas em Portugal registaram um aumento anual de 3,2%, fixando-se em 16,6 euros por metro quadrado (euros/m2), um dos maiores valores de sempre. Esta evolução das rendas ao longo de 2025 foi suficiente para que o esforço financeiro exigido para arrendar casa no país tenha subido.
O alto esforço para arrendar casa e incentivos à compra acabaram por ter efeitos na procura e oferta de arrendamento. Os dados do idealista revelam que, no último ano terminado no terceiro trimestre, o número de contactos por anúncio de casas arrendadas desceu 18%, o que também pode ser explicado pela maior dispersão da procura pelo aumento de imóveis disponíveis para arrendar.
De notar ainda que em 2026 as rendas das casas poderão aumentar 2,24%, de acordo com o coeficiente utilizado para a atualização anual das rendas, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU).
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Apoios ao arrendamento: da oferta ao pagamento de ajudas
Mais casas de renda acessível pela mão dos municípios
Também foram vários os municípios que concluíram, ao longo do ano, casas destinadas ao arrendamento acessível e ao Programa 1º Direito orientado para famílias carenciadas. Muitas delas contam com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que exige que os projetos estejam terminados até meados de 2026. Por exemplo, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou recentemente que vai entregar as chaves de 105 casas de renda acessível.
Uma das iniciativas locais que marcou o ano diz respeito à aposta da Câmara Municipal do Porto em unir-se com o privado para avançar com o seu primeiro projeto de build to rent, que vai colocar no mercado 124 casas de renda acessível.
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Comunicação de rendas ao Fisco facilita acesso a apoios
Há um novo mecanismo legal, em vigor desde agosto, que permite aos inquilinos comunicar diretamente os seus contratos de arrendamento à Finanças, isto se os senhorios não o fizerem primeiro. Esta medida permite não só combater a informalidade no mercado de arrendamento como também facilita o acesso a apoios, como o Porta 65 e o Apoio Extraordinário à Renda.
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Porta 65 com atrasos no pagamento dos apoios
O ano de 2025 ficou também marcado por “atrasos significativos” no pagamento dos apoios do Porta 65 Jovem e Porta 65 +. O regime legal destes programas estabelece um prazo máximo de 45 dias úteis, mas o relatório anual da Provedoria da Justiça deu conta que muitas famílias esperavam uma decisão deste apoio ao arrendamento há mais de um ano e meio.
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Rendas antigas: compensações aos senhorios demoram
Também foram apontadas pela Provedoria de Justiça falhas no regime de compensação aos senhorios com contratos anteriores a 1990, como pagamentos com atraso superior a sete meses. Entre as falhas apontadas está “inexistência de uma plataforma digital funcional no arranque do regime e a obrigatoriedade de acesso exclusivamente digital, o que terá excluído, à partida, muitos potenciais beneficiários”. Outra falha observada é que o Fisco enviou notas de liquidação do IMI aos senhorios de rendas antigas, quando estes proprietários estão isentos de pagar imposto.
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O que haverá de novo no arrendamento em 2026?
Um dos grandes objetivos do Governo passa por aumentar a oferta de casas no mercado de arrendamento nacional. Depois dos esforços feitos para levar a cabo os projetos do PRR, o Executivo de Montenegro tem agora na agenda uma série de medidas com este propósito.
No Orçamento do Estado para 2026, já aprovado, o Governo quer avançar com a venda de património imobiliário do Estado a utilizar para fins habitacionais e ainda estabelecer parcerias público-privadas em terrenos públicos, tendo o objetivo de disponibilizar até 10.000 fogos de renda acessível. Além disso, os municípios vão poder conceder garantias reais sobre imóveis em programas de apoio ao arrendamento.
O pacote fiscal apresentado por Montenegro no início de dezembro também contém uma série de incentivos fiscais para estimular a colocação de mais casas para arrendar no mercado. Em causa está, por exemplo, a redução do IVA para 6% para a edificação de habitações rendas moderadas até 2.300 euros, a redução da taxa de IRS de 25% para 10% e a criação do regime de contratos de investimento para arrendamento. Este pacote fiscal precisa ainda de obter luz verde na Assembleia da República para entrar em vigor.
A par de tudo isto, em breve será disponibilizada a linha de crédito de 1.340 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI) destinada a construir e reabilitar cerca de 12 mil casas que serão colocadas no mercado de arrendamento acessível. Este novo envelope europeu será destinado aos municípios que podem contratar empréstimos até 2030.
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