"Nenhuma máquina criará os laços que criamos com clientes”, diz o fundador da Predimed. Rx ao impacto da tecnologia no imobiliário em 2025.
Comentários: 0
Impacto da Inteligência Artificial na mediação imobiliária
Freepik

“Mercado imobiliário vs Inteligência Artificial: o futuro chegou”. Este é o título do artigo que publicámos no final de 2025, dando conta do impacto e importância da tecnologia, nomeadamente da Inteligência Artificial (IA), no segmento da mediação imobiliária. Agora, passado um ano, confirma-se esta tendência, que já é, na verdade, uma realidade. Mas qual será, afinal o papel da mediação imobiliária e consequentemente dos consultores imobiliários numa era que é cada vez mais tecnológica? O tempo trará respostas, mas uma coisa parece ser certa: há alterações na calha no setor, tendo o Governo antecipado novidades sobre a regulação da mediação imobiliária para 2026.

A tecnologia como aliada da mediação imobiliária 

Um estudo divulgado recentemente e realizado pela imobiliária Coldwell Banker conclui, por exemplo, que o segmento residencial do mercado imobiliário em Portugal prepara-se para entrar numa nova etapa já em 2026, assente sobretudo em três grandes eixos: IA, sustentabilidade e profissionalização. Segundo o mesmo, a IA está já a ser introduzida nos processos de mediação, devendo mesmo consolidar-se durante 2026. 

Em entrevista ao idealista/news, o CEO da mediadora imobiliária, Frederico Abecassis, disse sobre este tema, aliás, que “a tecnologia veio para ficar e é uma aliada poderosa”, alertando, no entanto, que “no segmento de luxo a componente humana continuará a ser insubstituível”. “Ferramentas como a IA podem e devem apoiar na análise de dados, na personalização do trabalho dos consultores (por exemplo, a nível da angariação e do aconselhamento ao cliente) e na eficiência operacional. No entanto, a confiança, a empatia e o conhecimento profundo do mercado continuam a ser diferenciais críticos”, referiu.

Uma opinião, de resto, partilhada por outros players do setor, como é o caso de Miguel Ribeiro, fundador da Predimed, que considera que a atividade dos consultores imobiliários “é fortemente centrada nas pessoas e nas suas emoções”. Em entrevista ao idealista/news assegura, entre outras coisas, que “nenhuma máquina conseguirá jamais interpretar os sonhos, os desejos de uma pessoa, jamais criará os laços que criamos com clientes”.

Outras entrevistas em que se aborda o tema a não perder:

IA e mediação imobiliária
Freepik

Que papel tem a IA, na prática, no imobiliário e na mediação?

Recuamos até ao início do ano para “repescar” um artigo escrito por Massimo Forte intitulado “Do ‘papel’ à prática: a aplicação da IA na mediação imobiliária”. Segundo o consultor, coach, formador especializado em imobiliário, que tinha estado presente no maior evento mundial sobre mediação imobiliária e tecnologia, o INMAN Connect 2025, a IA veio mesmo para ficar: “O agente imobiliário é contratado para ajudar a vender, comprar ou arrendar e é nisso que deve concentrar-se e apostar o seu investimento de recursos com a expectativa de tornar a experiência de cliente altamente eficaz, positiva e acima de tudo memorável e humanizada”, disse, salientando que “o agente imobiliário profissional não pode perder este comboio já em andamento sem previsão de abrandamento”. “Mas a grande novidade é que já não precisa de ser o condutor da carruagem, nem mesmo comprar um bilhete de primeira classe”, sublinhou.

O mesmo especialista abordou, noutro artigo, o futuro da mediação imobiliária, sublinhando que enquanto em Portugal ainda se tenta contar os agentes e saber basicamente quantos e quem são na realidade, nos países mais evoluídos, já se tenta perceber melhor quais são os seus desafios e dificuldades para melhorar e elevar o serviço que os líderes podem prestar à atividade de mediação imobiliária. Um texto – “Agentes imobiliários: para onde caminha a profissionalização do setor?” – a não perder.

E por falar em eventos, destaque para um que se realizou em Lisboa a meio do ano, o Archi Summit 2025, que teve como tema “Change”. “Tudo está a mudar. Desde os materiais à forma como projetamos edifícios e cidades. A IA, por exemplo, não substitui arquitetos, mas transforma profundamente a forma como trabalhamos”, escrevemos a propósito do tema.

Outros artigos sobre o papel da IA no setor imobiliário:

Inteligência Artificial no imobiliário de luxo
Freepik

Impacto da IA no segmento residencial de luxo

É caso para dizer, portanto, que a tecnologia e a digitalização vieram para ficar no negócio da mediação imobiliária, bem como o uso da IA. E mesmo no segmento residencial de luxo há mudanças à vista, estando a assistir-se a uma reconfiguração do mercado imobiliário premium. A verdade é que as casas inteligentes e a IA deixaram de ser uma excentricidade ou um “extra” para se tornarem um fator de valorização real, e no segmento de luxo já são vistas como elementos estruturais, capazes de transformar a experiência de habitar e de elevar significativamente o valor de uma propriedade. 

De acordo com Eros Quiaios, Diretor do Inmovilla Portugal, o CRM imobiliário líder na Península Ibérica, atualmente, os compradores esperam mais do que imóveis - exigem sofisticação, discrição, resposta imediata, personalização absoluta, antecipação de necessidades e uma experiência sem igual, do primeiro contacto à assinatura final. Clica aqui para saberes como é possível usar a tecnologia para fazer mais negócios no imobiliário de luxo.

Inteligência Artificial e mediação imobiliária
Freepik

Governo atento ao impacto da IA e à mediação imobiliária

A IA não está, de todo, a passar ao lado do Governo, que defendeu, em setembro, o uso de IA em processos de licenciamento. “A IA, em particular em áreas como os licenciamentos, pode e deve ser introduzida na administração pública”, disse o ministro-adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias.

Igualmente atenta ao tema está a Comissão Europeia, que propôs, em novembro, dar mais tempo às empresas para implementarem as novas regras sobre os sistemas de IA de alto risco, após vários apelos para flexibilização das regulamentações. A União Europeia (UE), recorde-se, adotou a lei de IA ('AI Act') em 2024, que está a ser implementada gradualmente, e Bruxelas agora quer dar ao setor até o final de 2027, em vez de agosto de 2026, para cumprir as obrigações relativas à IA de alto risco.

Para 2026 está previsto haver, a nível nacional, novidades na regulação da mediação imobiliária, tal com adiantou o Governo. Profissionalização é palavra de ordem, tendo em vista o aumento da credibilidade e transparência do setor. 

O que escrevemos sobre a atividade da mediação imobiliária em Portugal em 2025:

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Segue o idealista/news no canal de Whatsapp

Whatsapp idealista/news Portugal
Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta