Só depois do período eleitoral em Portugal é que o Governo da AD anunciou medidas concretas para a habitação. E Bruxelas também.
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Novas medidas para habitação em Portugal
Luís Montenegro, primeiro-ministro, e Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia Getty images

O ano de 2025 foi marcado por uma dança de cadeiras na política nacional, com eleições legislativas e autárquicas, acabando por atrasar o desenho de novas medidas para solucionar a crise de acesso à habitação. Foram vários os anúncios e promessas dadas ao longo do ano. Mas só na reta final de 2025 é que o reeleito Governo de Montenegro deu a conhecer os contornos das principais iniciativas legislativas que prometem estimular a colocação de mais casas no mercado português. É o caso da redução do IVA na construção e a nova versão do simplex dos licenciamentos, que ainda têm de passar pelo crivo do Parlamento. Também prestes a terminar o ano, Bruxelas apresentou o seu ambicioso plano para criar mais habitação acessível na Europa, que trará novos instrumentos financeiros (e não só) também para Portugal.

Eleições legislativas atrasam novas medidas para habitação

Pacote fiscal para habitação
Luís Montenegro, primeiro-ministro Getty images

O ano arrancou bem conturbado na política nacional. Depois de 11 meses a governar o país e de apresentar o seu programa Construir Portugal, o Executivo de Montenegro demitiu-se em março após uma série de polémicas relacionadas com a lei dos solos, que visa permitir a construção de casas em solos rústicos. Este cenário acabou por atrasar o desenho de novas políticas para resolver a crise de acesso à habitação, levando o país a eleições legislativas a 18 de maio.

Durante este hiato temporal, os partidos políticos apressaram-se a apresentar os seus programas eleitorais que deram especial destaque à habitação e ao imobiliário. E no dia 18 de maio, os portugueses foram a votos nas eleições legislativas de 2025 dando a vitória, uma vez mais, à Aliança Democrática (AD), coligação entre o PSD e CDS, que reforçou o número de assentos no Parlamento, mas sem conquistar maioria absoluta. 

Foi assim que o Executivo de Montenegro abraçou este novo mandato e apresentou o novo Programa do Governo em junho, no qual definiu uma nova política de habitação, inspirada nas diretrizes do Construir Portugal apresentado no ano passado. Aqui foram vertidas várias medidas como a construção, reabilitação e aquisição de 59 mil casas; parcerias privadas e cooperativas em imóveis do Estado devolutos; uma nova política de arrendamento; e a revisão profunda do licenciamento urbanístico, por exemplo.

As águas do cenário político português voltaram a agitar a 12 outubro, data em que se realizaram as eleições autárquicas 2025. Foi o PSD que assegurou a liderança de mais câmaras municipais, conquistando 136 municípios (Lisboa e Porto, inclusive), seguido do PS (127). Esta mudança de cadeiras a nível local acabou por tocar - e até atrasar - vários projetos na área de habitação e imobiliário que são da responsabilidade das autarquias, como foi o caso da construção de casas acessíveis ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência e o desenho dos regulamentos do Alojamento Local.

Novas medidas para habitação chegam no final de 2025

IVA a 6% na construção de casas
Getty images

Só depois da poeira assentar na política nacional é que o Governo de Montenegro anunciou medidas mais concentras para a habitação e imobiliário. Foi no final de setembro que o Conselho de Ministros aprovou uma nova “política de choque” do Construir Portugal trazendo novidades sobre o tão aguardado IVA a 6% na construção e reabilitação e sobre a simplificação dos licenciamentos, trazendo um novo conceito de preços moderados – que causou muita polémica. Este anúncio logo deixou o imobiliário em rebuliço, apesar de nada estar decidido e ainda faltar saber mais detalhes sobre as medidas.

Entretanto, o Governo fez uma pausa nos trabalhos sobre esta matéria e dedicou-se inteiramente ao desenho e debate do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), que acabou aprovado na votação final global no dia 27 de novembro graças à abstenção do PS. E também trouxe várias novidades âmbito da habitação e imobiliário, como é o caso da venda de imóveis públicos com vista a aumentar a oferta de casas acessíveis em Portugal. Mas houve outras que ficaram pelo caminho, como o alargamento a todos os proprietários da dedução no IRS dos juros pagos no crédito habitação.

Logo depois da aprovação do OE2026, o Governo voltou a pôr em marcha os trabalhos sobre a “política de choque” para a habitação, tal como havia prometido Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação. Foi no dia 2 de dezembro que o Executivo da AD entregou à Assembleia da República o vasto pacote fiscal que traz uma série de benefícios fiscais para incentivar a colocação de mais casas para comprar e arrendar no país. Aqui estão incluídos, por exemplo, a redução do IVA na construção de casas para comprar e arrendar a preços moderados e ainda uma nova simplificação dos licenciamentos. Este pacote fiscal trata-se de um pedido de alteração legislativa que tem de passar pelo crivo do Parlamento para entrar em vigor.

E não vai ficar por aqui. A equipa governamental está ainda a preparar alterações legislativas para 2026 – que também têm de obter luz verde no Parlamento – para reforçar a regulação da mediação imobiliária, introduzir maior equilíbrio entre proprietários e inquilinos (com a agilização dos processos de despejo) e ainda mudanças nas heranças indivisas. E está para sair da cartola também a nova lei das finanças locais a aplicar em 2027, que apostará ainda mais na descentralização de competências para as autarquias também na gestão de habitação.

No panorama europeu também houve novidades na reta final do ano. A tão aguardada estratégia da Comissão Europeia para resolver a crise de acesso à habitação em solo europeu foi conhecida a 16 de dezembro. Trata-se de um vasto plano habitacional focado na renovação de casas, sobretudo devolutas, e acabar com a especulação imobiliária e impor limites ao Alojamento Local. E também traz novos recursos financeiros destinados à habitação para os 27 Estados-membros, incluindo Portugal.

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