O problema da falta de habitação voltou a marcar 2021. Há mais casas no mercado, mas não são suficientes, e os custos de construção continuam a ser um problema.
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Construir casas novas
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A construção foi um dos setores que melhor deu resposta à pandemia. De mãos dadas com a promoção imobiliária, mostrou-se resiliente, e a “chuva” de projetos nascidos ou a sair do papel nos últimos meses são prova disso mesmo. Apesar do dinamismo no setor, Portugal continua a debater-se com o problema da falta de oferta de habitação - o parque habitacional estagnou nos últimos 10 anos, apresentando um aumento residual de apenas 1%. Faltam casas novas, é certo, mas construí-las está cada vez mais caro: seja pela falta de mão obra, seja pelo aumento dos preços das matérias-primas na pandemia. A tempestade perfeita que acaba por refletir-se no valor final da habitação, que continua a subir.

Licenciamentos e custos de construção

Entre julho e setembro de 2021, foram licenciados 6.000 edifícios em Portugal, mais 0,9% que no mesmo trimestre do ano anterior (+29,5% no 2º trimestre de 2021) e mais 3,1% que no 3º trimestre de 2019, período pré-pandemia Covid-19, segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O número total de edifícios concluídos (construções novas, ampliações, alterações e reconstruções) também cresceu neste período. Subiu 5,5% em relação ao 3º trimestre de 2020 (+3,3% no 2º trimestre de 2021). Em comparação com o 3º trimestre de 2019, o número de edifícios concluídos aumentou 7,8%.

Apesar das obras em Portugal já superarem os níveis pré-pandemia, a verdade é que construir casas novas está cada vez mais caro - os custos de construção continuam a aumentar, quer pela subida dos preços dos materiais, quer pela escassez de mão de obra, intensificado o problema de ser quase “impossível” construir habitação acessível.

Licenciamentos e custos de construção
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Mas o setor da construção continua a ter de enfrentar outros desafios, nomeadamente o histórico problema do licenciamento, que afeta os prazos de execução das obras e pode mesmo inflacionar os preços. Como simplificar estes processos? Os especialistas respondem.

De 2021 é ainda importante reter outra notícia importante. O ano trouxe mais novidades: regime da revisão de preços das empreitadas de obras públicas e de obras particulares e de aquisição de bens e serviços, que vigora desde 1967, foi alterado. Entre outras coisas, os empreiteiros passarão a ter uma palavra a dizer na fórmula de revisão de preços, caso considerem que a mesma está desadequada, mas podes saber mais sobre este tema aqui.

Build to Rent: uma oportunidade para dinamizar o arrendamento

A construção de casas para serem depois colocadas no mercado de arrendamento – um modelo conhecido por build to rent – é um “fenómeno” recente em países como Portugal e Espanha, apesar de ser muito comum nos EUA ou na Alemanha, por exemplo. Trata-se de um segmento que se encontra num estado ainda muito embrionário em Portugal, mas que pode ajudar a combater, neste caso, a falta de casas para arrendar, estimulando a a construção de mais habitação para as famílias portuguesas.

Em Portugal, a procura por este tipo de soluções tem vindo a aumentar muito, nos últimos anos, por parte das gerações mais novas e de famílias de classe média e média baixa - seja por dificuldades em obter financimento junto dos bancos para comprar casa, ou porque simplesmente preferem a flexibilidade de se mudarem quando quiserem.

Build to rent
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Para incentivar os investidores a entrar neste mercado do arrendamento e com isso aumentar a oferta privada de habitação por esta via, os promotores consideram que é preciso criar nas câmaras municipais uma "via rápida” para projetos de arrendamento.

O setor pediu maior intervenção ao Governo – nesta matéria e noutras - reclamando medidas capazes de travar os vários encargos que acabam por encarecer os projetos, nomeadamente em termos fiscais. Já na reta final do ano, na sequência das recentes alterações ao regime de habitação de custos controlados, uma novidade: o Executivo confirmou que as habitações construídas ou reabilitadas para destinar a arrendamento acessível passam a ter o IVA a 6%. Uma alteração já há muito reivindicada pelos profissionais do setor e que pretende, assim, incentivar a promoção imobiliária de casas para este segmento. 

Chuva de empreendimentos... de luxo: e a classe média?

Apesar dos preços em alta, continuaram a comprar e vender-se muitas casas em Portugal. Com ou sem pandemia, o país continuou e continua a ser um destino de eleição para investir em imobiliário e a despertar o interesse de estrangeiros, mas também de portugueses. Há novos projetos concluídos, outros a saírem do papel, e confiança no futuro. Vários players ouvidos pelo idealista/news mostram-se otimistas para o que aí vem, garantindo que o setor da promoção imobiliária está a viver um bom momento.  

Ao longo do ano, foram notícia muitos empreendimentos, sobretudo residenciais:

Apesar do lançamento de vários projetos, a verdade é que muitas das casas novas que chegam ao mercado são destinadas ao segmento premium. A construção de habitação para a classe média portuguesa continua, por outro lado, a enfrentar muitas dificuldades, e os promotores falam mesmo de uma “tremenda” falta de oferta para este segmento. Qual o problema? O de sempre: a carga fiscal, os elevados custos de construção e a demora na aprovação dos projetos, que condicionam o investimento neste tipo de habitação.

Compra e venda de casas em planta

Um dos temas do ano foi também o da compra de casas em planta ou em construção. Muitos empreendimentos registaram níveis de comercialização recorde, mesmo antes de saírem do papel. A tendência não é nova, mas intensificou-se, sobretudo num momento em que há falta de oferta de casas disponíveis. Há vantagens, mas também há riscos. Para que possas tomar uma decisão informada aconselhamos-te a leitura destes artigos:

Comprar casas em planta
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