O COO da VIC Properties, Luís Gamboa, em entrevista ao idealista/news, analisa mercado imobiliário em pandemia e traça perspetivas.
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Portugal está “na primeira linha do relançamento” no pós-pandemia. As palavras são de Luís Gamboa, COO da promotora VIC Properties, que, em entrevista ao idealista/news, destaca como muito positiva a reação do país a esta crise sanitária e económica - algo que os investidores valorizam. Acredita que a retoma do mercado imobiliário, depois do verão, será mais rápida, e perspetiva que, em algumas zonas periféricas dos grandes centros urbanos, poderá haver “ligeiros ajustamentos de preços”. Por outro lado, e quanto às chamadas localizações prime, está convencido que o cenário será outro: “Não haverá ajustamentos em baixa e poderá até haver alguns ajustamentos em alta”. E antevê que o confinamento e os efeitos da crise gerada pela pandemia vão mudar o padrão de procura de casa, com a certeza de que “o lay out dos projetos” será cada vez mais importante no momento de tomar decisões.

O gestor começa por referir o mais recente relatório da consultora Knight Frank, que apresentou uma primeira análise sobre o impacto da pandemia da Covid-19 no imobiliário de luxo nas 20 principais cidades do mundo, e que coloca Lisboa entre os únicos quatro mercados que irão registar um crescimento ao nível dos preços, neste segmento, ainda em 2020.

Portugal tem, de resto, sido elogiado lá fora pela gestão do surto, um cenário que, de acordo com o responsável, irá certamente ajudar o país a manter-se no topo das preferências para quem quer investir. Luís Gamboa conta que todas as pessoas com quem na VIC Properties tem falado, de muitas nacionalidades, “dão os parabéns e ficam admiradas”, e que isso “colocou-nos numa posição muito positiva do ponto de vista de quem nos procura”, considerando mesmo que Portugal está agora numa posição de vantagem, em termos internacionais, para todos aqueles que “já queriam vir morar para cá e ter aqui uma segunda habitação, ou até uma primeira”. 

Lay-out dos projetos vai ser determinante na escolha de casa

A verdade é que, até agora, os investimentos imobiliários estavam concentrados nos centros das grandes cidades, mas não é certo que este novo contexto, impulsionado pela pandemia, leve os investidores para outras localizações. Para o COO da VIC Properties, tudo vai depender muito da “evolução do mercado de trabalho, do teletrabalho ou não, porque no fim do dia as pessoas têm a vida organizada em função do seu quotidiano, a ida para o escritório, levar as crianças à escola”. “Isto condiciona muito a vida das pessoas e as escolhas em termos de habitação. E isso vai ser determinante na escolha da localização da sua casa”, acredita Luís Gamboa.

Algo que irá certamente mudar, na opinião do responsável, será o padrão da procura de casa. “Vai mudar um bocadinho, pelo menos, nos próximos tempos, enquanto as pessoas se lembrarem desta pandemia”, refere, explicando que, "mais do que localização, as pessoas vão olhar para aquilo que é a oferta do projeto em si, ou seja, o lay-out das casas, aquilo que os projetos podem oferecer”. “Naturalmente, que se puderem juntar as duas coisas, localização e características do projeto, melhor”, ainda que não seja fácil, sobretudo no centro das cidades, juntar estas características.

Mais do que localização, as pessoas vão olhar para aquilo que é a oferta do projeto em si, ou seja, o lay-out das casas, aquilo que os projetos podem oferecer

E é, por isso, que, segundo diz, a VIC tem sempre tido o cuidado de prestar atenção a estes detalhes nos seus projetos – de que é exemplo o Prata Riverside Village -, nomeadamente em “dotar as casas de luz, de espaços exteriores, varandas, escritórios, que era uma coisa que já não existia em muitas casas em Lisboa”, explicando que a tendência tem vindo a ser “diminuir a área das casas por causa do preço, e naturalmente vão-se abdicando destes espaços”.

“Eu continuo a achar que as cidades vão continuar a ter muito procura, mais que não seja nas primeiras habitações. Acho que também há um espaço importante para outro mercado, como por exemplo, no Pinheirinho, no Algarve, no Douro, que são localizações que vão constituir uma oferta interessante para quem tenha essa possibilidade”, salienta ainda.

Segmento prime: “há uma grande procura por este tipo de produto imobiliário”

Apesar das dificuldades que a nova realidade trouxe – transversal a tudo e todos – , Luís Gamboa faz um balanço muito positivo da atividade da empresa ao longo destes cerca de dois meses de confinamento. “A VIC Properties manteve a sua atividade sempre a cem por cento. Eu diria até que foram meses muito mais ativos do que o normal, porque nos últimos dois meses concluímos a aquisição da Herdade do Pinheirinho e no Prata Riverside Village não houve nenhum abrandamento, quer ao nível das obras de construção, quer ao nível do trabalho que tinha vindo a ser desenvolvido em termos de projeto etc..”, refere o COO.

Iniciaram recentemente a construção de mais três edifícios deste último empreendimento, assinado pelo Pritzker Renzo Piano, e as obras deverão estar concluídas em 2023. O responsável adianta que há, de facto, “uma grande procura por este tipo de produto imobiliário”, e que “não sendo nas Avenidas Novas, na Avenida da Liberdade ou no Chiado”, esta é, a seu ver, uma localização prime.

"Em localizações prime, não haverá ajustamentos de preços em baixa e poderá até haver em alta"
Prata Riverside Village, Lisboa VIC Properties

“Prime porque estamos em frente ao rio, porque temos uma frente ribeirinha que foi recentemente inaugurada e que é um jardim que é muito procurado por todas as pessoas que vivem na cidade de Lisboa, seja a oriente ou ocidente do projeto, e portanto o balanço tem sido positivo”, indica, acrescentando que têm tido procura e negócios que já se tinham iniciado e que se fecharam durante a pandemia, com a assinatura de Contrato de Promessa Compra e Venda (CPCV) e pagamentos de sinais. “Temos reservas que já se fizeram novas, portanto negócio novo, durante a pandemia, e que resultou já em vendas efetivas durante este período”, acrescenta.

“Nós há cerca de uma semana e meia, abrimos novamente o espaço de sales center, com as medidas de proteção necessárias e com restrições ao nível ao número de pessoas que podem estar dentro do espaço em simultâneo quer do nosso lado, quer do lado dos clientes, e temos sentido uma procura crescente das pessoas ou por marcação, ou simplesmente porque estão a passear e querem entrar e querem pedir informações”, indica ainda.

Lá ao lado, junto ao Prata, a promotora imobiliária fará nascer um novo projeto, como já vem sendo anunciado. A VIC comprou a Matinha há cerca de um ano, e neste tempo, de acordo com Luís Gamboa, já aprovaram a avaliação do impacto ambiental da primeira fase do empreendimento do projeto, tendo já uma licença para descontaminar essa primeira fase. Adianta ainda que trabalharam muito no conceito deste novo empreendimento e que, dentro de dois meses, deverão anunciar o naming. “Estamos em linha com aquilo que tínhamos previsto e vamos arrancar muito rapidamente”, garante.

"Em localizações prime, não haverá ajustamentos de preços em baixa e poderá até haver em alta"
Herdade do Pinheirinho, Melides VIC Properties

O negócio da Herdade da Pinheirinho (em Melides), e apesar das negociações serem muito anteriores a todo este contexto, diz o COO da promotora, "acaba por se fechar numa altura em que as pessoas estão muito de olhos postos neste tipo de projetos fora das cidades”, nomeadamente à procura da natureza e de “poder usufruir do espaço ao ar livre sem receios de contaminações, sejam elas quais forem”. “Eu acho que mais do que uma questão turística (porque vamos ter hóteis), este vai ser um projeto que vai trazer aqui alguma oferta para as pessoas que procuram uma segunda habitação e nalguns casos até a primeira”, diz.

Classe média na mira

O Prata tem uma determinada expectativa de preço, a Matinha terá outra expectativa de preço que ficará abaixo do Prata, e temos outros projetos em pipeline, que por princípio não revelamos antes de se concretizarem, mas estamos a olhar para outras coisas e temos outros negócios em pipeline para fazer também virados para o segmento da classe média portuguesa, seja para arrendar, seja para comprar”, indica Luís Gamboa.

O líder executivo da promotora imobiliária frisa que “não nos podemos esquecer que os portugueses mantêm uma tradição de comprar a sua habitação própria, que isso tem sido uma constante ao longo dos anos” e que vai manter-se, na sua opinião, ao longo dos próximos anos. “Portanto, construir para a classe média sim. Para arrendar, mas também para vender”, salienta, referindo que, para já não se compromete com timmings. “Estamos a olhar, estamos a ver, nuns mais adiantados que os outros, mas só quando os concluirmos é que anunciamos a sua realização”, diz.

Sobra a entrada na bolsa assegura que os objetivos mantêm-se inalterados, e que neste caso sim, estão a ver qual será o melhor momento para o fazer.

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