
É caso para dizer que “há vida” no setor imobiliário além do segmento residencial. O ano de 2024 fica marcado por relatos de notícias animadoras, com vários negócios e/ou investimentos consumados ou em vias de ter luz verde. O retalho e a logística centraram atenções e o setor hoteleiro, alavancado pelo turismo e pela atratividade de Portugal enquanto destino de férias, também deu sinais de resiliência. Mais animado mostrou estar ainda o segmento de escritórios, que parece estar a ganhar uma segunda vida após o “fantasma” da pandemia. Passamos em revista o ano de 2024 no que diz respeito ao imobiliário comercial.
No início do ano, em fevereiro, já se perspetivava que alguns segmentos do imobiliário comercial estavam de boa saúde. É o caso, por exemplo, do retalho, que em 2023 viu o volume de investimento aumentar para mais de 500 milhões de euros, sendo este o valor mais elevado desde 2020. Os supermercados e os shoppings foram, em 2023, os imóveis preferidos pelos investidores.
Uma tendência que se manteve em 2024. A propósito do apetite dos investidores, nacionais e internacionais, por este segmento do imobiliário escrevemos, por exemplo, que o ano de 2024 estava “a revelar-se excecional” e que “o primeiro trimestre de 2025 também deverá sentir esse ‘momentum’, com o fecho de processos que vão transitar de 2024”.
Ler mais sobre a atratividade do imobiliário comercial português:
- Investidores residenciais estão de olho em imóveis comerciais: porquê?
- “Reta final de ano marcará um novo impulso” no imobiliário comercial
- Imóveis comerciais: investimento está resiliente e vai crescer em 2025
- Investimento em imobiliário comercial acelera no 3º trimestre

Centros comerciais e supermercados ao rubro
Os centros comerciais evoluíram ao longo dos anos para se tornarem “verdadeiros centros multifuncionais, oferecendo experiências de compra integradas, iniciativas sociais, entretenimento e apoio a causas comunitárias”, segundo um estudo que analisa o impacto destes espaços em Portugal. O mesmo conclui que este é um segmento do imobiliário que conta com mais de 3,8 milhões de metros quadrados (m2) de Área Brutal Locável (ABL) no país, distribuídos por 173 centros comerciais em operação.
Estes foram alguns dos negócios/investimentos de retalho que noticiámos ao longo do ano:
- Ceetrus vende Continente Montijo ao Fundo VIP por 33 milhões
- Canadiana Slate paga 150 milhões por 12 supermercados em Portugal
- Retail parks em Portugal: 5 imóveis foram vendidos a fundo suíço
- Castellana compra 50% do centro comercial Alegro Sintra por 46 milhões
- Espanhola Castellana Properties compra 3 centros comerciais em Portugal
- BPlanet muda de dono – é a maior transação de retail park de sempre

Logística respira confiança
De boa saúde está também o setor industrial e logístico, que se destacou como um segmento “estrela” do imobiliário. Em 2024, o nível de ‘take-up’ da área situou-se em 443.000 metros quadrados (m2), representando um crescimento de 31% quando comparado com a absorção registada em 2023 (de 337.000 m2), segundo dados da CBRE Portugal.
Estas notícias dão força a esta visão:
- Leroy Merlin inaugura maior centro logístico do país e cria 400 empregos
- Logística em alta: norte-americana XPO Logistics aterra no Lezíria Park
- Há um novo centro logístico junto a Lisboa com espaços para arrendar
- Logística em alta: belgas e britânicos compram terreno em Sintra
- Logística: DPD inaugura em Loures o seu maior centro do país
- Logística em Lisboa: Panattoni Park Lisbon-City concluído em 2025
- Um dos maiores parques logísticos de Portugal vai "nascer" em Loures

Escritórios em recuperação
Ultrapassada a pandemia da Covid-19, o segmento de escritórios parece estar agora de novo na mira dos investidores. E as empresas estão decididas a melhorar espaços de forma a voltar a atrair os trabalhadores. Dados recentes divulgados Savills dão conta disso mesmo, tendo o mercado de Lisboa e Porto registado “desempenhos excecionais” nos primeiros 11 meses do ano.
A não perder sobre o segmento de escritórios em 2024:
- “O anúncio da morte dos escritórios é manifestamente exagerado”
- Chuva de imóveis do Estado no mercado: quais são e onde estão?
- Adeus La Vie, olá HOP: projeto de escritórios e retalho dá vida ao Porto
- Escritórios em Lisboa: Tristan vende edifício Alto das Amoreiras
- Escritórios da Grande Lisboa correm risco de ficar obsoletos em 2030
- Regresso aos escritórios ganha força e espaços são mais eficientes
- BNP Paribas fica na Torre do Colombo até 2033 e vai expandir-se
- Futura sede da Fidelidade à venda em Lisboa - e atrai dono da Zara
- Torre de escritórios de “última geração” no Colombo concluída em 2025
- Assim é a nova sede da Galp em Lisboa

Hotéis no radar dos investidores
O ano de 2024 fica também marcado por várias transações relacionadas com o setor hoteleiro nacional, com os investidores a mostrarem interesse neste segmento de mercado. Portugal mantém-se, de resto, como um destino de férias atrativo. Não é de estranhar, por isso, que se tenham consumado vários negócios. Uma tendência que já vem de 2023.
RX ao setor hoteleiro em Portugal em 2024:
- Hotelaria é o setor mais procurado para investimento
- Portugal é o 7º país da Europa mais atrativo para investir em hotéis
- Hotel de luxo Conrad Algarve comprado pelo grupo Quinta do Lago
- Caloura Hotel Resort nos Açores passa para as mãos do Grupo Bensaude
- Grupo Jupiter terá hotel no Porto após investimento de 21 milhões
- Tivoli abre novo hotel em 2025 em Vila Nova de Gaia
- Grupo Lakhani investe 70 milhões em mais de 20 projetos em Portugal
- Hilton chega aos Açores: um retiro sublime para relaxar
- Sonae vai abrir dois novos hotéis na Madeira e Algarve
- Grupo francês compra edifício do hotel Sofitel por 75 milhões

Oferta de residências de estudantes e seniores é (muito) escassa
Há em Portugal cerca de 35 mil camas para estudantes em arrendamento formal disponíveis para o ano letivo de 2024/2025, escrevemos a meio do ano. Mas as estimativas apontavam para a existência de 110 mil estudantes deslocados só no Ensino Superior Público, o que significa que a oferta de camas só cobre 32% das necessidades dos universitários, sendo precisas pelo menos mais 75 mil camas.
Uma escassez de camas que também está a deixar marcas na população mais velha, sendo fundamental aumentar a oferta de residências seniores no país, onde há apenas 104.700 mil camas, distribuídas por 2.570 lares/residências seniores (públicos, sem fins lucrativos e particulares).
Estes foram temas, de resto, que estiveram na ordem do dia em 2024 no setor imobiliário:
- Residências de estudantes vendidas em Portugal por mais de 30 milhões
- OE2025: construção de quartos para estudantes terá apoio de privados
- Nova residência universitária em Braga com investimento de 25 milhões
- Antiga fábrica Confiança vai mesmo ser uma residência universitária
- Universidade de Lisboa investe 38 milhões em residências de estudantes
- Lisboa quer construir 2 residências universitárias com 624 camas
- Residências sénior nascem em Portugal após investimento de 25 milhões
- Fundo francês compra futura residência para idosos em Cascais
- Envelhecimento da população mundial cria oportunidades no imobiliário
- Senior living: DomusVi investe mais 50 milhões em Portugal até 2026
- Resort para envelhecer saudável é o 1º do mundo e nasce em Portugal
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