O ano de 2025 foi “rico” em notícias que impactam diretamente o imobiliário comercial em Portugal, ou seja, não relacionadas com o segmento residencial. É caso para dizer que os investidores imobiliários, nacionais e estrangeiros, voltaram a estar atentos aos segmentos de retalho (centros comerciais e comércio de rua), logística, escritórios e hotelaria, bem como a negócios relacionados com residências de estudantes. O interesse pelo país e a sua atratividade enquanto destino de investimento e de férias foi notório ao longo do ano, apesar do contexto político e económico interno ter ficado marcado por alguma instabilidade.
Um estudo conhecido no início do ano – realizado pela Worx – comprovou, de resto, que Portugal se tinha mantido, em 2024, um porto seguro para quem quer investir em imobiliário comercial. Segundo o mesmo, os imóveis comerciais, como escritórios, lojas, hotéis e logística, movimentaram 2.370 milhões de euros em 2024, mais 47% face ao ano anterior.
Um cenário que ganhou força em 2025, prevendo a JLL que o investimento em imobiliário comercial chegue aos 2.800 milhões de euros até final do ano.
Eis algumas notícias que publicámos sobre a atratividade do imobiliário comercial português:
- Investimento imobiliário comercial no país deve superar volume de 2024
- Imobiliário comercial no país atraiu mais de 1.230 milhões de euros
- Setor industrial e logística a recuperar e com perspetivas de crescer
- Investimento em imobiliário comercial dispara 82% no 1º semestre
- Retalho e hotelaria dão gás ao investimento imobiliário em Portugal
Retalho: centros comerciais e supermercados no radar
Um estudo conhecido a meio do ano revelou que os centros comerciais receberam, em 2024, mais de 600 milhões de visitas e geraram um valor superior a 14 mil milhões de euros de riqueza nacional, um cenário que se manterá em 2025. Dados recentes sobre o segmento de retalho apontam, por exemplo, para a possibilidade do mercado nacional fechar o ano com o maior crescimento a nível de vendas no continente europeu, estimando-se uma subida de 4,8%, que supera o Luxemburgo (4,4%) e a República Checa (4,1%), segundo dados da Savills.
Uma coisa é certa: este é um segmento que despertou enorme interesse junto de investidores ao longo do ano, havendo registo de várias transações, como por exemplo a compra, por parte da Sonae Sierra, do negócio de gestão imobiliária da alemã Unibail-Rodamco-Westfield (URW) e a aquisição do espaço comercial Alvaláxia (por 17 milhões de euros) por parte do Sporting. Destaque ainda para a venda da maior Decathlon da Península Ibérica, localizada em Matosinhos.
Em alta está também o comércio de rua. Como escrevemos neste artigo, entre 2021 e 2023, a média anual de lojas abertas foi de 175, tendo-se registado um recorde de 211 em 2024. E só nos primeiros meses de 2025, foram registadas 33 inaugurações. De referir, ainda, que o Chiado (Lisboa) consolidou, este ano, a sua posição como principal zona de comércio de rua no país, permanecendo entre as 30 mais prestigiadas do mundo.
Alguns dos negócios/investimentos de retalho que foram notícia ao longo do ano:
- Retalho em Portugal cresce e atrai cada vez mais investidores
- Grupo Lar quer investir em centros comerciais em Portugal
- Castellana Properties investiu 323 milhões em shoppings em Portugal
- Gestora de fundos francesa Sogenial Immobilier compra Vida Ovar Shopping
- Mercadona abre 10 lojas em Portugal este ano – em Lisboa terá duas
- Fundo Shoppings Iberia compra dois centros comerciais em Portugal
- 'Holding' da Auchan avança para compra do Alegro Setúbal
- Montepio Gestão de Ativos compra 5 supermercados Pingo Doce
Logística (sempre) em alta
Em alta continua o segmento de logística. Sensivelmente a meio do ano, em entrevista ao idealista/news, Christoph Gumlich, cofundador e sócio-gerente da INBRIGHT Portugal (empresa alemã que aposta na reabilitação sustentável de imóveis industriais ligeiros), disse que há muitos “ativos obsoletos com enorme potencial para reabilitação sustentável” no país, o que torna “o mercado muito atrativo, tanto para utilizadores como para investidores”. “Portugal tem verdadeiros diamantes em bruto”, comentou.
Destacamos algumas notícias que indicam que a logística esteve na mira dos investidores imobiliários em 2025:
- Logística em Portugal: terceiro trimestre mostra resiliência e solidez
- Patron Capital e INBRIGHT investem 100 milhões de euros em Portugal
- Mercadona investe 290 milhões de euros em bloco logístico de Almeirim
- Setor industrial e logística a recuperar e com perspetivas de crescer
- Imobiliário industrial com boas perspetivas para os proprietários
- Panattoni aposta em quatro projetos ibéricos com 120 milhões de euros
- Logística atrai investidores: Barings e Panattoni investem em Lisboa
- Logística em alta: arranca a construção do VGP Park Sintra
Escritórios renascem modernos e atrativos
Escritórios em alta: ano de 2024 foi um dos melhores de sempre. Este é o título de um artigo que publicámos em março de 2025. Tendo por base um estudo da consultora imobiliária B. Prime, escrevemos que se verificou, em 2024, um aumento de 97% da área colocada na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e de 80% no Grande Porto. Para 2025, antecipam-se também números animadores, com o mercado de escritórios a apresentar, no terceiro trimestre, sinais de estabilidade e crescimento moderado em Lisboa, tendo o Porto acelerado no que respeita a preços de venda.
A não perder sobre o segmento de escritórios em 2024:
- Lisboa acolhe primeiro coworking da Aticco fora de Espanha
- Escritórios: Lisboa é a 16ª cidade europeia mais resiliente à IA
- Negócios de escritórios: Bankinter e Sonae Sierra compram Torre Oriente
- Mercado de escritórios: ocupados em Lisboa 131.200 m2 em nove meses
- Buz: a nova marca de flex working e flex living do Castro Group
- Alexandre Herculano 53: projeto de escritórios premium chega a Lisboa
- “Empresas estão a transformar os escritórios em espaços mais humanos”
- Escritórios no Porto: renovado Campo Alegre atrai ocupantes
- Networking e empresas a crescer: a “magia” dos escritórios flexíveis
- Flexspaces em alta: 250 mil m2 ocupados em Lisboa e Porto
- Escritórios no pós-pandemia: “É muito mais do que quatro paredes”
Hotéis portugueses continuam na mira dos investidores
Também animado está o setor hoteleiro, com notícias que fizeram correr muta tinta ao longo do ano, o que demonstra que é um segmento que permanece no radar dos investidores. Disso mesmo demos conta, por exemplo, neste artigo, no qual revelamos onde é que há mais hotéis à venda em Portugal.
Conforme demos conta a meio do ano, o investimento hoteleiro em Portugal estava a registar uma forte dinâmica em 2025, somando 331 milhões de euros no primeiro semestre, um crescimento de 33% face ao mesmo período do ano passado, segundo dados das consultoras Cushman & Wakefield (C&W), JLL, CBRE e Savills.
O setor hoteleiro em Portugal em 2025 visto à lupa:
- Construção do novo hotel Evolution Gaia com financiamento verde do BPI
- Vila Galé planeia abrir novos hotéis em Portugal e Brasil até 2027
- Hotel Infante de Sagres (no Porto) muda de mãos – e terá novo nome
- Hotel de luxo Le Monumental Palace comprado pelo grupo espanhol H10
- Hotéis no Algarve: projeto de 158 milhões na praia da Lota (Manta Rota)
- Extendam e Highgate adquirem emblemático hotel Hilton Porto Gaia
- Gestora Room00 vai comprar e reabilitar hotéis em Portugal (e não só)
- Investir em hotéis na Europa? Portugal no Top 3 de destinos preferidos
- Dona de famoso Vinho do Porto investe 50 milhões em hotel de luxo
- Hotéis com encanto: Hyatt Regency chega a Vilamoura
- Hyatt aposta em Portugal com dois hotéis em Lisboa e outro no Algarve
Residências de estudantes ao rubro
O ano arrancou praticamente com uma “bomba”, a dar conta da pretensão da Brookfield em vender a Livensa Living, que está avaliada em quase 1,3 mil milhões de euros. Em Portugal, recorde-se, a Livensa Living conta com cinco residências de estudantes: duas em Lisboa, duas no Porto e uma em Coimbra. Um negócio que se acabou por consumar em junho.
Apesar da oferta de camas para estudantes em Portugal continuar a ser escassa, um estudo da Cushman & Wakefield concluiu que as cidades de Lisboa e do Porto registaram, no último ano, um aumento de 8,5% no número de camas, o que representa cerca de 1.500 novas unidades – a maioria a pertence a projetos privados. Contudo, a taxa de cobertura, ou seja, o rácio cama/estudante, continua muito longe da média europeia, situando-se nos 12%.
O que escrevemos em 2025 sobre residências de estudantes?
- Odivelas recebe novo modelo de residência universitária do ISCTE
- Faro vai ter duas novas residências universitárias com 297 camas
- Espanhola Gavari entra em Portugal com nova residência para estudantes
- Nova residência do IPVC vai criar 400 camas em Viana do Castelo
- Residência Universitária do ISCTE-Sintra ganha vida – terá 197 camas
- Hines vai construir nova residência de estudantes no Porto
- Antiga fábrica Confiança será a maior residência universitária do país
- Residência de estudantes AMRO Porto refinanciada com 8,5 milhões
- Residência de estudantes abre portas na Guarda em setembro de 2026
- Residências para estudantes no PRR: só 11% das camas estão prontas
- Residência de estudantes The Mile abre portas em Lisboa – tem 333 camas
- Residências de estudantes têm "forte potencial de crescimento"
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